terça-feira, 29 de dezembro de 2009

The time is tonight...






Doce anjo que me segreda ao ouvido que tudo ficará bem...trovas de chuva, musa que me enfeitiça os sentidos, me faz perder nos mundos que construo em sonhos...por ti me encontro nos teus braços e no sabor doce de um beijo que se prolonga para além da razão,do tempo, da memória...tem o dom de me conseguir afastar das sombras com a magia de quem consegue fazer o tempo desaparecer e me dar o Mundo,com os gestos mais simples,porém mais sinceros e profundos que qualquer palavra...realidade que é irreal aos olhos do mundo e a mais pura das verdades no coração de quem ama...de quem ama a sede de lugares, de momentos que foram partilhados, de saudades que não encontram caixa para serem guardadas....Momentos de um tempo em que o tempo se escrevia na eternidade de um olhar...Pode-se perder de vista,mas nunca do coração...às vezes basta uma noite,como aquela que um dia sentimos, como uma para comemorar,que nos apresentou a palavra amor.... uma sensação de eterno retorno para acreditar...não que volta...mas que nunca chegou a partir...O que nos dá um brilho especial no olhar,uma luz pereclitante mas capaz de aquecer qualquer noite, dando-lhe esperança...
Anos que passam,na contagem dos dias mas o tempo... esse parece que avança de forma desenfreada,por vezes parece que ao passar, de facto nunca passou...Porque por mais anos que passem, para além da memória, ainda há espaço para pedaços de mim ,que por magia, foram juntados e dos quais tento que nunca se apaguem ou sejam esquecidos... passem os anos que passem..há estados de alma, há sentimentos que não se desvanecem com o bater dos relógios,nem são apagados pelas brumas de um novo tempo que um tempo traz...
Por serem partilhados, fogem das amarras do tempo, ficam escondidos e guardados à espera do dia ou da noite em que queiramos para eles voltar...Basta acreditar...


Tonight, Tonight"
Time is never time at all
You can never ever leave without leaving a piece of youth
And our lives are forever changed
We will never be the same
The more you change the less you feel
Believe, believe in me, believe
That life can change, that you're not stuck in vain
We're not the same, we're different tonight
Tonight, so bright
Tonight
And you know you're never sure
But you're sure you could be right
If you held yourself up to the light
And the embers never fade in your city by the lake
The place where you were born
Believe, believe in me, believe
In the resolute urgency of now
And if you believe there's not a chance tonight
Tonight, so bright
Tonight
We'll crucify the insincere tonight
We'll make things right, we'll feel it all tonight
We'll find a way to offer up the night tonight
The indescribable moments of your life tonight
The impossible is possible tonight
Believe in me as I believe in you, tonight

sábado, 26 de dezembro de 2009

It ain"t over until its over




it ain't over 'til it's over

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Edelweiss




Porque é Natal... Uma das maiores obras primas da 7ª arte. Só não ganha Oscar no ano da sua estreia mundial, porque nesse ano concorria com um dos melhores filmes da época dourada do cinema..."E tudo o vento levou"
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Música no Coração,é um hino a todos os sentimentos e valores que devem imperar nesta quadra: família, harmonia, alegria, sorrisos, afectos,cumplicidades,amizade e puro amor.
Um filme que ainda hoje consegue assegurar aquilo que deviam ser valores absolutos, ainda hoje é capaz de emocionar,encantar e ser actual na sua mensagem.
Esta era mesmo a época dourada de Hollywood, sem grandes meios tecnológicos como os de hoje,os realizadores tinham mesmo que ser inventivos, a historia e o argumento tinham que ser bem trabalhados,os cenários e a caraterização eram magníficamente trabalhados e havia muita sinceridade no trabalho que se fazia e nos valores que se faziam passar.
Uma obra prima, muito bem escrito, dirigido e representado, canções que ainda hoje são familiares e conseguem alegrar o espírito de qualquer um.
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Deixo-vos com uma música que acho absolutamente sublime e mágica, como sempre achei este filme...

Edelweiss

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Historia de un letrero

Michael J. Fox: Um incurável optimista


Michael J. Fox foi um ídolo nos anos 80 e ínicio dos 90 dos teenagers da época.

Participou em grandes blockbusters como Regresso ao Futuro, e na série de enorme sucesso Family ties onde interepretava o papel de Alex, o filho mais velho de uma família com pais democratas que haviam sido hippys em jovens, irmão da bela e doce Mallory que tinha tanto de bom coração como de pouco de inteligência, e ainda uma série de outras personagens como o seu amigo Skippy entre outros.~

Uma série familiar qe marcou gerações, provavelmente a minha série favorita de todos os tempos...Era capaz de ver episódios sem parar o dia todo.A personagem de Michael J. Fox, a sua obsessão pelo capitalismo, o seu apurado sentido de humor e carisma, prendiam qualquer um ao ecrâ. Era impagável.
Simplesmente adoro esta série. Em Portugal com o título de "quem sai aos seus"


Michael J. Fox que em infância sempre tinha sido gozado pela sua baixa estatura, nesses anos, com o sucesso de Regresso ao Futuro viu-se tornar inclusive, o boy next door de uma série de adolescentes que o valorizaram.
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Um actor muito promissor, mas que depois desses dois grandes sucessos, ainda encontrava o seu espaço na indústria, através de comédias, e tentando progressivamente fugir dos papéis de adolescente que fazia com mestria, mesmo já tendo uma idade bem superior...mantinha aquele ar cool próprios dessa época, e feições que por mais anos que passasem o faziam sempre parecer mais novo, tinha um brilho no olhar bastante jovem e algo malandro. Há quem diga que era o rosto dos jovens americanos da época.
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Admirava-o bastante, não só pelo seu talento, mas também, por ter um contacto muito próximo com os fãs,sempre foi terra a terra, e até recebia fãs em sua casa,tinha sempre as portas abertas da sua propriedade para quem o quisesse visitar. Algo que mudou radicalemnte,quando reparou que nem todos tinham a sua índole e recebeu algumas ameaças, algo bastante comum entre actores que se começam a destacar muito em Hollywood.
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Era fã mesmo, adorei o Regresso ao Futuro em miúdo, tal como ainda hoje gosto de rever os filmes e essa brilhante série.

Michael J. Fox, era admirado por muitos,por ser uma pessoa muito luminosa e esclarecida, sem grandes vedetismos nem os excessos característicos de quem se viu subitamente a lidar com a fama... O único que teve,foi o alcool,mas também essa batalhar ele soube superar sem grandes alaridos.


Apaixonou-se pela bela actirz Tracy Poollan, com quem fez par romântico no Family Ties, casou,teve filhos, e sempre teve uma aparição´pública e relação com os media , bastante saudável. Nunca se viu envolvido em escandalos nem polémicas. Sempre foi um exemplo na forma como defendeu várias causas, e como sempre foi um pai e um marido dedicado, coisa rara em Hollywood.


Nesse processo de progressão na carreira,foi quando Michael já estava a trabalhar numa série de sucesso na Tv que lhe foi diagnosticado Parkinson.

Uma notícia devastadora, para quem se havia habituado a ver um Michael J. Fox sempre muito divertido, muito saudável em tudo o que fazia,ainda mantinha aquele ar tão jovem de alguém que havia saído da adolescência, e era dificil imaginá-lo com Parkinson...
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Como isso o afectou?Destruiu a sua carreira?A família? Alterou-o como pessoa?
Não.
Ele prova uma teoria que eu acredito. Temos uma pessoa naturalmente alegre optimista e outra naturalmente depressiva e triste. O 1º por causa de um acidente fica preso a uma cadeira de rodas, o 2º ganha o euromilhões. Até que ponto isso mudará a vida de um e de outro?
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Ao contrário do que se possa pensar,não mudará assim muito. O 1º mesmo com essa adversidade continuará a ser optimista e tudo fará para vencer as adversidades e conseguirá encvontrar realização e felicidade naquilo que pode ter, o 2º vai continuar a ser uma pessoa triste e depressiva mesmo que milionário,sempre se continuará aqueixar, e sempre se continuará a achar incompleto,insastifeito.
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O mesmo se aplica a se um idiota ganhar um euromilhões e uma boa pessoa ficar em cadeira de rodas. A boa pessoa continuará boa pessoa, o idiota continuará idiota e apenas um idiota milionário.
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M. J. Fox,sempre foi uma pessoa ambiciosa, sonhadora, persistente e que lutava por tudo o que acreditava.
Quem achava que isto o iria destruir,enganou-se.,,,Passados uns 8 anos do diagnóstico,cada vez mais os sintomas da doença são mais fortes,e não há dúvidas que ele deve sofrer bastante todos os dias...mas o que fez ele ? Parou?
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Não, mesmo já com a doença passou de actor para realizador da mesma série, não podia representar,então deu voz a um filme de animação (Stuart Little). Dedicou-se a ajudar pessoas nas mesmas condições e com outras doenças através da sua fundação.
É um activista e envolveu-se em campanhas políticas a favor das células estaminais.

Deu a cara e lutou pela aposta na ciência como forma de ajudar a resolver problemas de saúde dos mais jovens e mais velhos,fez donativos de milhares e milhares de dólares. Continuou a ser uma pessoa simpática,afável, de bem com a vida como sempre foi, e continua a inspirar milhares de pessoas, dando um exemplo de como se podem vencer as adversidades, sem deixar de ser grato e amar tudo aquilo que a vida nos dá.
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Mantém a sua família unida, a linda esposa,o seu amor de sempre, que ficou nos bons e maus momentos e continua a ser um pai feliz e babado,mesmo com algumas limitações.
Não perdeu o bom humor também. Em entrevistas, ao falar da sua doença, diz que o segredo para ultrapassar os maus momentos,foi em 1º lugar deixar a vaidade de lado, deixar de pensar naquilo que já tinha sido, e concentrar-se no que podia fazer, com um sorriso nos lábios afirmava ao jornalista que podia parecer estranho agora, mas que nos velhos tempos chegou a ter várias adolescentes a terem o seu poster no quarto.

Fez do seu lema ajudar os outros, ser um bom pai, um bom marido,tentar fazer a diferença para as pessoas,sempre que pode.
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Nunca procurou a pena de ninguém, ou compaixão, sempre se viu como uma pessoa igual às outras,com as limitações decorrentes do Parkinson,mas que sente um enorme prazer e felicidade em tudo o que faz.
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O título do seu último livro diz bastante da sua personalidade : As aventuras de un incurável optimista.
Actor,realizador,marido,pai,activista mas acima de tudo, um incurável optimista.




terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A gente vai continuar

Rendo aqui a minha homenagem ao gênio Jorge Palma.
Para mim é a par de Carlos Tê e Pedro Abrunhosa, quem melhor escreve canções em Portugal.

O derradeiro boémio da música portuguesa. Viajou por toda a Europa de mochila e guitarra às costas, aprimorou e ensaiou alguns dos seus melhores temas em Paris, tocando no Metro, e vivendo da sua arte...Cometeu excesssos,a sua vida foi feita de muitas histórias, muita loucura. Jorge Palma sempre foi um espírito livre, como todos ôs grandes gênios, sofreu um bocado com os seus excessos, e teve sempre um lado escuro que o acompanhou ao longo da vida, servindo-se dele para se perder, mas também para criar, e para conseguir dar a volta por cima das adversidades.

Falamos de um gênio. Um dos meus músicos de referência, letras e música absolutamente inspiradoras como Terra dos Sonhos ou o Bairro do Amor" . Uma obra que vale a pena ser conhecida.

Fica uma certeza:Enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar...





Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar


Cheers

Já não se fazem séries assim...Claro que agora há mais meios, séries com grandes actores, com grandes argumentistas,histórias complexas, cada vez mais são séries que tentam colar-se à indústria cinematográfica na sua concepção e método...
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Apesar disso, eu prefiro as séries dos anos 80. Estas continuam a ser as séries que fazem parte do meu imaginário...Não tinham intenção de ser demasiado pesadas, complexas, apenas acompanhar as pessoas, dar-lhe um pouco de ânimo,devolver-lhes um sorriso ao final de um dia de trabalho...Séries de carácter mais familiar, na época em que ainda se via televisão em família no horário nobre...Numa época em que não havia internet para sacar séries atrás de séries e ver no pc...Neste tempos,era um pequeno ritual, sabíamos que era aquela hora específica, que nos sentaríamos no nosso sofá a ver o que esse novo episódio nos traria. Personagens que entravam pela casa a dentro, e que com a sua simplicidade, nos marcavam e depois era como se as conhecessemos desde sempre...

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Séries que duravam anos, e que por isso, quando desapareciam deixavam um vazio enorme nas pessoas, como se perdessemos a visita de amigos habituais...Eram naifs? Eram, mas representavam se calhar uma época melhor... Imperavam outros valores que não o consumo imediato, individualismo, e em que se dava valor a momentos simples.
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Séries que tinham por objectivo,dar conforto às pessoas, e capaz de proporcionar bons momentos em frente ao ecrã mesmo naqueles dias em que nem tudo nos havia corrido bem...Capaz de proporcionar aquilo a que chamo de "felicidade televisiva":).

Cheers era assim. Um local familiar, simples, no qual, pessoas de vários quadrantes sociais se encontravam de forma habitual, um ritual em que todos partilhavam momentos, histórias (umas inventadas ,outras sérias), conversas, sorrisos,tristezas,mas tudo sempre com bom humor.
Um local familiar, que valia a pena voltar, afinal ,é bom termos um local em que toda a a gente sabe o nosso nome....:


domingo, 13 de dezembro de 2009

What a wonderful world



see trees of green, red roses too
I see them bloom, for me and you
And I think to myself, what a wonderful world

I see skies of blue, and clouds of white
The bright blessed day, the dark sacred night
And I think to myself, what a wonderful world

The colors of the rainbow, so pretty in the sky
Are also on the faces, of people going by
I see friends shaking hands, sayin' "how do you do?"
They're really sayin' "I love you"

I hear babies cryin', I watch them grow
They'll learn much more, than I'll ever know
And I think to myself, what a wonderful world

Yes I think to myself, what a wonderful world ....

domingo, 29 de novembro de 2009

Sweet November...Only time...



Who can say where the road goes,
Where the day flows?
Only time...

And who can say if your love grows,
As your heart chose?
Only time...



Who can say why your heart sighs,
As your love flies?
Only time...

And who can say why your heart cries,
When your love dies?
Only time...

Who can say when the roads meet,
That love might be,
In your heart.

And who can say when the day sleeps,
If the night keeps all your heart?
Night keeps all your heart...



Who can say if your love grows,
As your heart chose?
Only time...

And who can say where the road goes,
Where the day flows?
Only time...

Who knows?
Only time...

Who knows?
Only time...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Eternal Sunshine of the Spotless Mind



Porque nem tudo o que é passível de ser "apagado" é passível de ser esquecido...Há memórias que queremos com todas as nossas forças não ter que as perder,mesmo quando a razão nos indica que sim…


Joel, um ser pacato, introspectivo, tímido, com a sua mente desorganizadamente organizada, necessitado de um vendaval, para depois do vendaval, poder reorganizar o seu império de afectos e poder abri-lo para o exterior...exteriorizar o que apenas um pequeno caderno tem oportunidade de codificar e preservar...
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Clementine ,uma força da natureza, tem tudo aquilo que ele não tem mas, ao mesmo tempo, parece que passou uma vida num turbilhão para que encontre aquele olhar terno, atemorizado, a precisar da sua atenção e perceber que aquele ser pacato, estranho, fechado que parece não ser capaz de mudar a ordem das coisas, é capaz de mudar a ordem do seu mundo, com o mais pequeno dos gestos...Com ele, ela sente que encontrou aquele bocado de ar que lhe faltava e a fazia sufocar nas suas próprias manias e dúvidas...
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Com ele não precisa de mudar de cor consoante o tempo, vontade ou disposição… com ele, ela pode ser todas as cores, todos os dias, pode ser a “little sweet clementine”....
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Um filme dirigido aos sentidos mais ternos, às memórias e a capacidade de nos recriarmos através delas...Como uma memória pode valer mais a pena que a dose de realidade que nos acorda no dia a dia...
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Uma história de uma relação de seres totalmente diferentes, com tudo para dar errado, que acabou...Se pudéssemos apagar simplesmente uma pessoa da nossa memória para apagar a dor da sua ausência e resolver todos os nossos problemas...Valeria a pena? Seria possível, apagar as suas memórias sem nos apagarmos por consequência...? Que seremos nós sem as nossas memórias, por mais que num dado momento nos custe recordá-las?
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Clementine quis apagar Joel, que por sua vez tentou apagar Clementine....Mas ao apagar as suas memórias, sentiu que elas habitam nos mais recondidos espaços do nosso ser,..são transversais à nossa existência...Boas ou más, valem a pena serem guardadas....
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Geralmente quando uma relação termina,a imagem que fica é sempre aquela última discussão...aqueles momentos de ruptura, de raiva, de palavras que saem da boca para fora e do coração que se retrai, do copo que já transborda e da ideia de não retorno...Como se só tivesse existido aquela pessoa desde sempre e mais nenhma outra, e tudo o que havia antes era ilusório ou pouco real...As pessoas esquecem-se que para chegarem àquele estado, foi necessário terem amado muito antes,t erem tido sentimentos muito profundos...Não seria curioso e mais verdadeiro, no momento em que nos precipitamos para colocar um fim a uma relação, num nós que construímos como uma pequena casa, forrada dos mais variados momentos irrepetíveis(por mais que os tentamos transpor noutras pessoas, noutras situações, são irrepetíveis porque era com alguém em específico que ganhavam aquele dado sentido e não outro…) das batalhas travadas juntos, dos sorrisos, daquela noite em que o tempo parou...das longas conversas sobre banalidades e sobre a mais séria das coisas, em que parecia não haver fim na curiosidade mutua de saber tudo o que havia para saber sobre essa pessoa nessa mesma noite...?Querer prolongar uma conversa porque parece-nos poesia a voz dessa pessoa...não queremos que tenha que parar...queremos que ela saiba tudo, desde aquilo que sentimos e nunca dissemos, daqueles momentos embaraçosos desde a nossa infância que escondemos de todos, dos sonhos que queremos um dia partilhar...Do que fomos, do que sentimos e do que isso nos faz ser o que somos hoje…Querer saber também, tudo o que essa pessoa foi, sentir que queríamos ter estado lá para a conhecer em todos os momentos da sua vida…Esquecermo-nos do tempo enquanto nos encontramos naquela pequena bolha mágica.... Enfeitiçados por aquele olhar, intrigados com os mais pequenos trejeitos que só nos fazem querer conhecer todas as suas faces.,fechar os olhos e ter a capacidade de saber como ela estaria a cada momento, a cada acontecimento novo...Estar no meio de muita gente, e comunicar com um olhar.... .
Se fosse esse momento o último recordado? Aqueles momentos em que sentimos o seu corpo colado ao nosso ao adormecer...em que lhe segredamos ao ouvido...em que a sua voz nos embala e se torna impossível discernir o que é real ou sonho...Se fosse possível ser o último momento, aquele momento em que o nosso coração explode aquando do 1º beijo...aquele momento enternecedor em que os olhos amam, em que o toque é terno, em que mãos se entrelaçam e eternizam...
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Se fosse aquele dado momento, em que olhávamos para aquela pessoa e pensávamos " eu sei que vou amar desesperadamente esta pessoa, acho que não quero ter que amar mais alguém...só quero sentir os seus beijos para sempre, acompanhar os seus passos, quero que ela seja o meu porto seguro, sinto-me capaz de me apaixonar por esta pessoa a todo o instante e segundo que ela respira...”Em que até aquilo que à partida pareciam defeitos ou falhas são, por nós ,não só toleráveis, como nem pensamos na hipótese de ela perder tudo aquilo que a torna autêntica...real...
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Se fosse possível ser assim? Inverter a lógica das memórias? Ser da 1ª para a última...?Será que teria que haver um fim? Ou poderiamos optar por um novo começo? Creio que essa seria sim a forma mais justa de saber se duas pessoas devem mesmo ficar juntas para sempre ou não...Joel reapaixonou-se por Clementine ao ver as suas memórias desvanecerem-se e escaparem-se...Para isso deu-lhe o que sempre tinha faltado...Aqueles espaços que ele mantinha trancados...faltava que ele partilhasse e abrisse aquela caixinha de sensações, de constrangimentos...Porque amar é também sermos frágeis, é não ter medo de expor essa fragilidade para alguém, sem que isso significa que sejamos fracos... A força que se exige é a força para nunca se parar de acreditar e lutar por algo que vai mais além da nossa compreensão, é ter a coragem e a força para não fugir dos sentimentos ,por mais mudanças que a vida nos vai dando...Ser forte é ter coragem de ficar… de não apagar,adaptar...de não perder, recuperar…


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A ideia de que, da mesma maneira que é possível apaixonarmo-nos uma série de vezes na nossa vida por várias pessoas, é possível fazê-lo pela mesma pessoa que foi capaz de abalar o nosso pequeno mundo com a sua presença, tornado-o mais agitado por vezes,quase como uma montanha russa inicialmente, provocando-nos o pânico até, em alguns momentos ,de tão habituados que estamos a que não invadam o nosso espaço de segurança e desliguem ,de forma tão natural, o nosso mecanismo de defesa para as pessoas... Podemo-nos apaixonar todos os dias pelas mesmas pessoas…Há sempre um novo pormenor, ou os mesmos pormenores ,que pelo facto de serem só nossos ,fazem com que todos os dias tenham outro brilho…Acho que a palavra rotina é por vezes rotulada com um sentido demasiado negativo…Há rotinas que são boas que sejam mantidas…A rotina que é partilhar algo com alguém, conhecer profundamente alguém e aceitar e amar alguém da exacta forma que ela é e termos rituais que são só nossos, por mais banais que possam parecer, o facto de serem só nossos e de mais ningém,torna-os num ritual que nos faz mais felizes todos os dias, exactamente, por não ter que mudar nem querermos que mude, mesmo quando já nem damos conta disso no dia a dia , por já estarmos tão acostumados a que isso seja “o normal “, quando é essa “normalidade” que nos faz transportar algo de mágico e especial no nosso peito todos os dias, e que nos aconchega secretamente todos os dias…

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A ideia de argumento deste filme é absolutamente brilhante. Creio porém, que tem algumas falhas em termos de sequência da historia. O facto de ter tido uma produtora que queria capitalizar o investimento e, não se tratando apenas de um projecto pessoal, obrigou a que cenas mais intimistas e marcantes para a história ficassem de fora para incluir alguns clichés desnecessários para agradar produtores…
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Do filme retira-se acima de tudo a reflexão… Os pequenos momentos como instantes irrepetíveis… Uma realização brillhante de Gondry, que consegue filmar as memórias de Joel e Clementine de uma forma suave e profunda simultaneamente…capaz de nos fazer identificar com esses pequenos instantes que todos nós já partilhamos com alguém,ou sonhamos partilhar com alguém. Uma imagem que nos deixa entre o real e o sonho e com a ideia de que as memórias que guardamos são recriações nossas daquilo que realmente vivemos…São já uma 2ª experiência que ao recordar se convertem na 3ª… Cada um, do mesmo conjunto de eventos guarda memórias com nuances diferentes….


Depois ele joga muito bem com a câmara e com a alteração de ritmo entre a suavidade e doçura de memorias com a velocidade que elas vão sendo apagadas, como que criando uma perseguição de uma fuga quase…A sensação da memórias se nos escapar por entre os dedos e nós fazermos toda a força para a esconder num local especial e não a deixar fugir…Conseguiu através das imagens emocionar…Isso é a prova de um grande realizador…Quem consegue transmitir uma ideia, um conjunto de sensações, sem que seja sequer preciso ler o argumento ou ouvir o diálogo entre as personagens…Para quem veja imagens do filme acompanhadas da muito bem escolhida banda sonora, fica automaticamente hipnotizado, e os sentidos ficam mais apurados, e a emoção é espontânea e nada leviana ou lamechas.
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A forma como nós podemos comunicar com as nossas memórias, como podemos imaginar uma série de coisas que não chegaram a acontecer, como lermos a mesma história todos os dias mas tentarmos alterar o final, tentarmos comunicar com cada memória, saber o que seria dito, o que seria feito, os diálogos que ficaram por fazer, as pontes que ficaram por manter...
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Gondry tem a necessára sensbilidade para como que conseguir captar esses pequenos instantes,atento aos pormenores que tornam a memoria mais rica...as expressões, os siêncios...Gondry capta isso tudo, e consegue transmitir imagens de rara beleza...Dwe gestos simples como simples troca de abraços,beijos, de expressões, de palavras e afectos partilhados...Consegue captar a beleza que os gestos mais banais e as rotinas de um casal podem ter...
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Cumpre salientar, duas interpetações notáveis de Jim Carrey e Kate Winslet, eles conseguiram estabelecer aquela química e dar às personagens a profundidade necessária, uma química instantânia, fazendo com que tudo seja credível. Preencheram muito bem as personagens com a idéia exacta do que cada uma representava para si mesma, mas também, na influência que cada uma tinha na vida da outra.

Kate Winslet é uma das minhas actrizes de eleição,está mesmo entre as minhas favoritas. Actriz versátil, carismática, que consege dar profundidade a todos os seus trabalhos e adaptável a todo o tipo de gêneros... O Oscar veio tarde...Esta Clementine é absolutamente apaixonante...É sempre apaixonante ver Kate Winslet em qualquer filme, só a sua interpretação já costuma valer o preço do bilhete.
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Jim Carrey que se destacou pela comédia física, mostrou em Eternal Sunshine of The Spotless Mind ser um actor completo, capaz de se adaptar muito bem ao drama, demonstra ter muita paixão e ser totalmente obcecado pelas personagens que interpreta. Para mim, no entanto, este Joel é talvez uma das melhores intepretações,senão a melhor, da sua carreira.
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Última palavra para a FANTÁSTICA banda sonora…Mestre Jon Brion no seu melhor, e uma versão sublime do Beck do tema “everybody gonna learn sometime”… Uma conjugação perfeita de som e imagem…De momentos, memórias,sensações, desassossego, perda, recriação, renascimento… um hino aos sentidos, e à importância que a memória tem na forma como cada pessoa se aproxima ou se afasta e como se compreende a si própria e aos demais na sua vida….


Aqui fica um pequeno video com a música de Beck:











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A súblime música de Jon Brion:

(Destaco a fotografia do filme, que é também exelente. Se pudesse teria um poster enorme só para mim com aquele fotografia exacta de de ambos instantes após um beijo (entre 1.56 e 1.59), com aquelas cores de fundo que nos remetem para um imaginário de memórias,sonho,instante irrepetível e mágico, quando sentimos o sabor de quimera nos lábios...)












Simplesmente...belo.

Sei que já estou a abusar,mas já que ousei falar de um filme que gosto tanto, terei que deixar também as minhas duas cenas que mais me comovem e me tocam em todo o filme:





quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Hold Still

Tenho estado parado...suspenso...Mas estou aqui...Por vezes, ainda tenho estes momentos...




In this little town
cars they don't slow down
The lonely people here
They throw lonely stares
Into their lonely hearts

I watch the traffic lights
I drift on Christmas nights
I wanna set it straight
I wanna make it right
But girl you're so far away

Oh, hold still for a moment and I'll find you
I'm so close, I'm just a small step behind you girl
And I could hold you if you just stood still

I jaywalk through this town
I drop leaves on the ground
But lonely people here
Just gaze their eyes on air
And miss the autumn roar
I roam through traffic lights
I fade through Christmas nights
I wanna set it straight
I wanna make it right
But man you're so far away

Oh, I'll hold still for a moment so you'll find me
You're so close, I can feel you all around me boy
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there

Oh, hold still for a moment and I'll find you
You're so close, I can feel you all around me
And I could hold you if you just stood still
Oh, I'll hold still for a moment so you'll find me
I'm so close, I'm just a small step behind you
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there...

Sempre senti solidão mesmo rodeado de pessoas, mesmo quando me perco nas multidões...Sempre a tive como boa companheira, capaz de me apurar os sentidos...Gosto da ideia de vaguear pelas ruas de cidades encantadas, atendo aos pequenos pormenores, detalhes que perdemos no dia a dia, e no caminhar numa tarde de inverno, sentido o frio no meu rosto e ver as pessoas nas ruas, a "chocarem" umas com as outras, a comunicarem, ver trocas de risos, de olhares perdidos, de gente que busca rumos por entre os caminhos que percorrem, um olhar apaixonado, um amor para sempre, um eterno retorno, uma meloncalia latente...um tempo que é instante irrepetível, a cidade que nos acolhe, nos observa...Sinto-a como a personalização física de uma série de nadas que são tudos, de sentimentos dos mais corriqueiros e harmoniosos aos mais profundos e contraditórios...Deposita fés,anseios,euforia,vitória, conquista,acelera e trava...
A solidão sempre me deixou próximo das ideias, de outro mundo sensitivo, que não é refém do crivo alheio, que me faz ser observador/actor.
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Creio que esta é a música que ainda melhor me define e me faz voltar às palavras, ao sentimento à flor da pele, às memórias, me devolve a uma parte de mim que vejo fitar-me de longe, mas que ainda tem a capacidade de num ponto concreto, encontrar-me...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Oasis the End? No..:Oasis Live Forever...

Esta notícia custou-me muito a acreditar e ainda estou algo em choque. Sempre pensei que fosse apenas mais uma discussão entre tantas outras entre os dois irmãos Gallagher que sempre deram aquele extra à mítica banda Oasis. O gênio Noel e o carisma e irreverência de Liam sempre chocaram,mas sempre foram o que fazia dos Oasis a melhor banda do Mundo para mim, e as verdadeiras Rock and Roll Stars.
Felizmente pude realizar o desejo de os ver ao vivo quando eles vieram a Lisboa ainda longe de imaginar que eles poderiam acabar...
Espero que tal como noutras alturas, o Noel reconsidere e pense em todos os fãs que os adoram e como a música e Oasis atittud marcou tanta gente.
Nunca esquecerei,são a melhor banda de todos os tempos.
Muitas coisas mudam e eles até podem ter-se separado por uns tempos...Mas o seu legado e a sua música...LIVE FOREVER!!

Thanks mates!



quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Antes del Amanecer



Aunque lo mire de más lejos ahora, y lo sienta cada vez más corto y casi invisible, el sigue inolvidable en mi mente y corazon... bastan pequeños momentos... ellos siguen me llevando hasta la profundidad de lo que me hace sentir más yo mismo ....Sigo creendo que un dia llegaré ahí, lo sé que si...solo tenemos que parar para verlo de hecho y no solo pasar por el de mirada...
Aún me sigo buscando y soñando antes del amanecer...

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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Sol de Inverno..









Sol de Inverno -Letra e música de Nóbrega e Sousa e Jerónimo de Bragança

Sabe Deus que eu quis contigo ser feliz
Viver ao sol do teu olhar mais terno
Morto o teu desejo, vivo o meu desejo
Primavera em flor ao sol de Inverno

Sonhos que sonhei, onde estão? - Horas que vivi, quem as tem?
De que serve ter coração e não ter o amor de ninguém?
Beijos que te dei, onde estão? - A quem foste dar o que é meu?
Vale mais não ter coração do que ter e não ter, como eu

Eu em troca de nada dei tudo na vida
Bandeira vencida, rasgada no chão
Sou a data esquecida, a coisa perdida que vai a leilão

Sonhos que sonhei, onde estão? - Horas que vivi, quem as tem?
De que serve ter coração e não ter o amor de ninguém?
Vivo de saudades, amor, a vida perdeu fulgor
Como o sol de Inverno não tenho calor

De que serve ter coração e não ter o amor de ninguém?
Vivo de saudades, amor, a vida perdeu fulgor
Como o sol de Inverno não tenho calor...

Medida de Humanidade



Estas mãos e este corpo cansado foi tudo o que te sobrou…,este coração partido tornou-se em pedra… sempre chega um tempo em que os castelos ruem, e todos os navios partem do porto, esta esperança feita de vento serve-te como uma luva, as ruas frias e o passado que se perdeu e aprendes-te a amar , a tristeza e vazio que transpareces no olhar, é a maior verdade que hoje te sobra…por isso volta meu perdido amigo, volta a ser aquele que era capaz de estar na ponta da espada, dentro da luz, força no sentido, olhos nas estrelas, incapaz de ser vencido, incapaz de ser atingido, guia-me perante o espaço que ficou, perante os destroços faz-me ter a vontade de não voltar para trás, de não parar… faz-me caminhar perante as lágrimas de chuva… ergue-te da tua pseudo glória dentro do tempo, sabes que podes perder mas já ganhaste e levanta-te por entre as cinzas enquanto podes. Agora podes querer, agora podes ganhar, agoras podes sorrir, é o destino de quem viveu, não penses que és forte,, és aquilo que hoje podes ser…





O tempo passou, o teu lugar deixou de ser este, olha-te no espelho e sentes o regresso a um Reino aonde és rei sem coroa, agarra-te aos laços que o mundo te deu e tos quebrou, afinal esta é sempre a forma que tiveste que lidar, tens que aprender a perder para um dia ganhar, agora podes amar, sofrer, cair, afinal é essa a sina de quem cresce e se edifica como alguém que escolheu não se deixar vencer…. Movimentas-te em círculos, reparas que sempre escolheste a encruzilhada errada, bateste-te nas guerras que te derrotaram enquanto as vencias… Estás fora do tempo, estás num local que não é teu, vês um rosto que não reconheces.
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Volta a casa, sem promessas sem expectativas, faz-te ver por entre a neblina que te esconde e volta com o que tens, seja bom ou mau, volta a casa e aceita a medida da tua humanidade frágil…aceita que ela ainda tem momentos capazes de te devolver não ao tempo que perdeste, mas a um tempo que ainda pode ser teu. Simplesmente sem receios nem medos do que possas encontrar… volta ao tempo que deixaste passar…

sábado, 10 de outubro de 2009

Violet Hill







I took my love down to Violet Hill
There we sat in snow
All that time she was silent still
So if you love me Won't you let me know?...


Amália



Este post deveria ter saído mais cedo. Mais propriamente no dia que se recordava os 10 anos da morte de uma das maiores divas da música Mundial. Amália Rodrigues.
Uma personalidade ímpar. Quando novo, nunca fui grande fã,sempre optei mais pelo Fado de Coimbra ainda hoje, um fado mais associado aos estudantes, à luta pela democracia e liberdade e à expressão da vida académica e amor a uma cidade. Contrariamente ao Fado de Lisboa que sempre o achei demasiado vazio de lírica por vezes e um baluarte de uma época e de um regime que não deixa saudade.
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Nos últimos anos, com outra maturidade, tenho olhado para Amália com outros olhos. Não por causa de modas como os "Amália Hoje" que não aprecio especialmente e até acho de certa forma abusivo à memória da diva. Uma coisa é um projecto com os Humanos em que se pretendia homenagear António Variações com músicas que ficaram por ser cantadas por ele, e que com a colaboração de grandes músicas portugueses,viram a luz do dia.
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Outra coisa é querer fazer-se do Fado de Amália, algo pop, dar-lhe uma roupagem que desvirtua um pouco o seu significado, e cantando músicas que valem por si mesmas com o pretexto de dar a conhecer Amália a outros públicos...Isso é partir do principio que Amália e o seu fado não conseguem impor-se por si próprios e captar a atenção do público,algo que discordo veementemente.
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O Fado não está morto, temos ainda um enorme Carlos do Carmo e temos uma nova geração com Ana Moura,Mafalda Arnauth que dão outro rosto ao fado e ainda o expoente máximo de sucesso no exterior:Mariza.
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Grandes vozes,sem dúvida,mas nenhuma chega perto de Amália...Não por falta de qualidade.Por exemplo,pode chocar,mas na minha opinião tecnicamente Mariza tem um alcance de voz e uma técnica de colocação da mesma, superiores ao de Amália...Mas não chega perto ao arrepio que sentimos ao ouvir uma interpretação de Amália...Porquê? Porque Amália era diferente de tudo,era uma força da natureza,ali não havia aulas de canto,técnica,cuidados com a voz etc...Amália fumava maços e maços de tabaco por dia, nunca se preocupou muito com o preservar da sua voz,antes com a autenticidade e qualidade do que cantava...ali havia sentimento,a voz saía-lhe de dentro,de um lugar bem fundo do seu ser, carregava consigo o peso das palavras que cantava, era uma voz que saía do povo...Era uma experiência totalmente transcendente,só a sua presença como que conseguia iluminar uma sala até à última fila,com o seu enorme carisma.
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Amália era muito mais que a simples voz...Amália era sentimento,ela era o Fado. Entre o Fado e Amália havia uma relação umbilical, o fado corria-lhe nas veias e era a única forma dela conseguir expressar todos aqueles sentimentos negros e sombras que a perseguiam...Ela sempre pensou no Fado, como a ideia da fatalidade, transposta na obra de Luís de Camões como triste fado. A ideia de fatalismo, de nostalgia,saudade,tristeza...

O Fado confundia-se com a amálgama de sentimentos que compunham a personalidade enigmática de Amália...No meio de tanta gente, e sendo ela uma pessoa que tinha por maior medo a solidão, ela sempre se sentiu só...A ideia de que a tristeza e esse pesar caminho eram a sua maior certeza e garantia e que, através do fado, ela encontrou o companheiro perfeito para o casamento entre a sua "estranha forma de vida" e aquela sonoridade em que ela podia comunicar o que lhe pesava no seu coração..., a forma e o estilo que a compreendia...A ideia de tragédia esteve sempre associada ao seu canto, ao seu percurso, e daí nada ser mais autêntico do que a ver cantar o fado...chega a ser difícil discernir entre onde começa um e acaba outro...Amália não interpretava,Amália era o fado que cantava...Não eram separáveis...Talvez por isso, quando chegou o dia em que a voz não lhe permitiu cantar mais, foi também o dia em que Amália foi caminhando para o seu fim....
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Mas por outro lado,há que contar com fados mais alegres, transmitindo uma faceta lisboeta, um retrato de uma Lisboa e de um País que era o seu e de um fado mais convencional, como a Casa da Mariquinhas entre outros. Mas nada disso altera a génese da sua personalidade e do seu fado...Era também um reflexo seu. Dentro da tristeza,dentro da nostalgia,do fatalismo que a faziam por vezes até brincar com a ténue linha entre a vida e a morte e lhe conferiam uma especial tendência para o suicídio... não quer dizer que não houvesse espaço para alegria,excessos,risos,vozes,aplausos e companhia...Amália não era fraca pelo seu fatalismo,era a forma como sempre viveu,mas isso não invalida que adorasse uma festa, um serão passado com amigos, e abominasse a solidão...Isso não quer dizer porém,que mesmo nesses momentos, a ideia da morte,de fim, de pesar, não a acompanhassem...E apesar de sempre ter feito de tudo para nunca estar sozinha,ela sempre se sentiu só...

Um estado de alma, que não foi provocado pela sua infância,pela fama repentina com que viveu nem pelos palcos que encheu e grande admiração e respeito que granjeou por todo o Mundo...Era algo seu,sempre existiu.Amália e o Fado quase que parece que nasceram para se encontrar.
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Amália era também intuição.Mulher sem grande grau de ensino, o que na época era normal,mas não foi por isso que deixou de ser mais do que uma bonita voz, nem foi por isso que deixou de querer marcar uma posição e de querer deixar a sua marca na vida de todos e no Fado que tanto amava.

Teve a coragem de romper com o que era convencional no Fado.Deixou que os grandes escritores entrassem no Fado,não teve medo de abrir a obras de grandes escritores,e não teve medo de as homenagear com a sua voz,com a sua música. Colocou de lado a ideia do Fado como expressão meramente popular e menor, que só deveria viver de gente que havia nascido no meio...Que havia escritores para Fado e os demais cujos quais sua obra não deveria ser conspurcada ao ser cantada por essa forma de expressão menor...Valorizou mais do que nunca a mensagem, a palavra...Ela repetia vezes sem conta que não gostava de "teatrices", para ela o fado teria que ser sentido por ela,para que tocasse as pessoas com a sua autenticidade.
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Contra muitos puritanos e críticos ferozes,Amália teve talvez alguns dos seus melhores fados quando transportou para as suas canções as palavras de grandes poetas como: Alexandro O neill, Camões,David Mourão Ferreira,José Régio.
Quebrou fronteiras e deu uma expressão mais densa, mais profunda à sua obra.
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Era uma pessoa intuitiva,e isso valeu-lhe uma obra inigualável e ter conseguido escolher sempre as pessoas certas com quem colaborava e na escolha certa dos poemas que melhor encaixavam naquilo que representava o seu fado e na dor e fatalismo e, ao mesmo tempo, beleza nocturna que a sua voz transportava.
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Por ser tão intuitiva,mesmo sendo uma mulher sem grandes instrução, aproveitou o sucesso que a sua música lhe permitiu gozar,viajou pelo Mundo e fascinava pela sua cultura,pelo seu bom gosto e pela facilidade que tinha em apreender tudo o que ia vendo tudo o que ia vivendo...Aprendeu inglês,francês e espalhou com o seu charme o nome de Portugal pelo Mundo.
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Por a considerar uma pessoa intuitiva,culta e inteligente, não posso esquecer (como muitos fazem,principalmente nesta época) que Amália representou um símbolo de um regime ditatorial, que a apresentavam como bandeira. Ela e Eusébio. Mas Eusébio foi mais usado pelo regime do que propriamente beneficiado por ele...Chegaram a impedi-lo de ir ganhar o triplo do que ganhava em Portugal para o Internazionale de Itália, decretando-o património nacional.
Um ingénuo Eusébio que foi bastante explorado na época.
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Amália tinha outro grau cultural que Eusébio não tinha...Teve favores de um regime que a permitia viajar pelo Mundo todo para fazer propagando a um país que queria dar uma imagem bem diferente e favorável daquela que os portugueses viviam...
Sendo Amália a Voz do Povo,ela mais que ninguém deveria saber o que o povo sofria...Não tinha a desculpa de não saber o que se passava ou não ter base de comparação,pois viajou por todo o Mundo e falou com pessoas bastante cultas e inteligentes e ela podia ver a diferença entre o que se passava em França ou nos EUA e Portugal...
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Agora, os seus mais próximos tentam fazer crer que Amália nunca foi beneficiada pelo regime. Uma coisa é dizer que Amália não precisava do regime para ser quem foi.Isso concordo, Amália não precisava de ser protegida e promovida pelo regime, a sua qualidade falava por ela. Mas é também um facto que ela contribuiu de forma consciente ou não para a propaganda do regime,e ela nunca se tentou demarcar dele, com outros na época tentaram fazer.

Aliás, ela era grande amiga do poeta Ary dos Santos,comunista confesso e poeta que através da sua escrita mais tentou abalar os alicerces que sustinham aquela sociedade presa de pensamento e conhecia o outro lado, a outra versão daquele regime que tão bem a tratava.
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David Mourão Ferreira foi outro que escreveu para Amália e que era muito crítico do regime e fez com a sua arte de tudo para o combater.
Ouvi um argumento do fadista de João Braga que a prova de que Amália não era a favor do regime era de que tinha tido um fado censurado pela Pide...Bonito dizer isso sem que depois se explique a história toda...
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O fado em questão "Abandono" tratava-se de um fado escrito por David Mourão Ferreira, uma letra que Amália acreditou tratar-se de uma cançao de amor, e de saudade de alguém que se perdeu,mas que era uma letra que de forma astuta criticava o regime e a sua polícia política e como fazia desaparecer pessoas, "no meio da noite" que nunca mais voltavam e como alguém ficava sempre à sua espera a sofrer.
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Amália aí sim, na sua ingenuidade, não entendeu o cariz político deste fado e viu-o censurado sem perceber muito bem porquê porventura...
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Amália que quando Salazar esteve hospitalizado,foi visitá-lo e inclusivamente escreveu umas quadras para dedicar ao ditador.

Logo, não tenho muitas dúvidas que ela gostava do regime,ou pelo menos não era contra ele,pois foi na sua vigência que ela atingiu o estrelato mundial e era um símbolo de um país e de um estado com características muito próprias, e com o 25 de Abril por o ser,passou por um mau bocado,acabando por ir viver para NY e algo que a deixou mais perto do suicídio...a ideia de estar longe da sua amada Lisboa e do país que tanta amava e que tanto a tinha amado durante anos,e que de um momento para o outro ,lhe parecia recriminar e esquecê-la tão rápido como se haviam identificado e encantado com ela...
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Felizmente, o tempo e actos como o do Presidente da República Mário Soares,condecorando-a e beijando as suas mãos,fizeram com que Portugal não destinasse ao ostracismo a sua maior diva, e um dos nossos maiores símbolos culturais enquanto país.
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Devemos venerar Amália pelo seu fado,pela sua expressão cultural, e não prender-nos com questões políticas.Ela nunca quis ser perfeita, era apenas Amália.

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São 3 as grandes divas e têm sido constantes as votações e discussões relativamente a quem seria a grande voz feminina,a grande diva do século:Callas, Piaff ou Amália.
Cada um no seu registo,inesquecíveieis.
Eu inclinar-me-ia para Piaff e Amália,as suas histórias de vida,as suas raízes faziam com que a voz ganhasse outra dimensão,elas cantavam as ruas, as expressões, os anseios,desejos,receios, eram a voz que vinha de um povo. Ganhavam uma condição totalmente diferente assim que entravam em palco, e não necessitavam de ter a técnica perfeita, nem a trabalhar excessivamente...Eram naturalmente sublimes e a sua voz transportava muito mais que uma interpretação de uma letra. Eram sentimento em estado puro, a voz era alma e coração.

Amália também era poetiza, também escrevia...E no meio de tantos e tantos sucessos...Creio que nunca um fado a descreveu como este que hoje publico.Também é uma dos seus fados que mais me arrepiam. Letra escrita por si, e em que cada palavra, cada frase descreve a complexidade de sentimentos que era Amália e a forma como ela sempre se encarou a si mesma e à sua vida. Por isso, Amália e Fado são praticamente um só.
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Uma homenagem a uma diva:





Foi por vontade de Deus que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
Que é toda a minha saudade.
Foi por vontade de Deus.
Que estranha forma de vida tem este meu coração
: vive de forma perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.
Coração independente,
coração que não comando:
vive perdido entre a gente,
teimosamente sangrando,
coração independente.
Eu não te acompanho mais: para, deixa de bater.
Se não sabes aonde vais,
porque teimas em correr,
eu não te acompanho mais.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Imortais



Hoje, ía eu no meu carro cheio de sono, preparado para mais um dia de trabalho, eis que quando o dia corria como todos os outros, das colunas do rádio do meu carro, oiço esta voz...familiar...O dia ganhou logo outro sentido, e a música não me saiu da cabeça durante todo o dia...É sempre bom ser surpreendido pela voz doce da Mafalda Veiga...
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É apenas mais uma...Uma melodia e uma letra que me faz viajar por tantos locais que parecem infinitos e momentos que parecem ainda hoje, apesar de tudo, imortais.... Uma viajem dentro da viajem até mais um dia banal, mas que com pequenos nadas como o simples acto de sorrir ao ouvir a voz de mel de Mafalda Veiga e com esta magnífica letra, me perder num momento evasivo, capaz de me devolver à rota...Ao que realmente importa...Ao que é aconteça o que acontecer,imortal...




Por mais que a vida nos agarre assim
Nos troque planos sem sequer pedir
Sem perguntar a que é que tem direito
Sem lhe importar o que nos faz sentir

Eu sei que ainda somos imortais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se o meu caminho for para onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes

É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu te sei dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer

Por mais que a vida nos agarre assim
Nos dê em troca do que nos roubou
Às vezes fogo e mar, loucura e chão
Ás vezes só a cinza do que sobrou

Eu sei que ainda somos muito mais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se a minha vida for por onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes

É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu sei te dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer

domingo, 27 de setembro de 2009

30 anos de Xutos



Ontem foi uma data histórica para a melhor banda da história da música portuguesa. Os Xutos comemoraram 30 anos de uma carreira ímpar na música portuguesa, num concerto que deve ter sido memorável no Estádio do Restelo. Com muita pena minha não pude estar lá para contar...
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Os Xutos são talvez a 1ª banda de que fui verdadeiramente fã. Em miúdo e principalmente na minha adolescência aprofundei o meu conhecimento pelas suas músicas e eram mesmo de forma destacada a minha banda favorita. Era um fanático dos Xutos, ao ponto de ainda no secundário ir para as Queimas das Fitas e arranjar forma de entrar mais cedo no recinto para poder guardar lugar na 1ª fila e sempre a fazer o X com os braços e a cantar e saltar de príncipio ao fim, totalmente absorvido por aquele som e energia, deslumbrado por aqueles monstros de palco.

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Lembro-me em miúdo de ter grande discussão com os meus pais,porque não me deixaram ir ver um concerto dos Xutos a uma escola perto de minha casa...O meu irmão assustou-os que poderia ser perigoso etc apenas para arranjar desculpa para não me deixar ir com ele e com os amigos...
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Adorava Xutos. Rapidamente adquiri todos os seus cds,mesmo os mais antigos... Perdi a conta aos concertos que vi deles, ao ponto de já conhecer o alinhamento de cor e até as frases que o Tim diria...Já tinha aquelas discussões de fãs de quem era a verdadeira alma dos Xutos e ficava no final dos concertos para tentar falar com eles...
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Sempre adorei nos Xutos o Kalu, e o grande guitarrista Zé Pedro.
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São os Stones portugueses dizem. Para mim,são uma banda que me acompanhou desde sempre...Como aqueles velhos amigos, que não precisamos de estar em contacto os dias todos,mas qque nunca esquecemos.

Hoje já não oiço tanto Xutos como antes,tenho gostos musicais mais alargados,mas continuo a admirá-los e continuo a comprar todos os Cds que eles lançam, mesmo que saiba que estes Xutos já não têm a genialidade, o Rock e o brilho dos Xutos de há anos atrás...Talvez o último grande Cd à Xutos,foi mesmo os Dados Viciados... Talvez o album que me fez despertar ainda mais para eles e tornar-me um verdadeiro fã e conhecer a obra toda, ao ponto de, hoje em dia não haver uma música que eu não conheça dos Xutos...Mas os Dados Viciados e em particular a música "Dá um mergulho" por tudo o que significou naquela época para mim e as recordações que ficaram dessa época, marcou bastante, tal como depois marcariam muitas outras...

Cá fica o videoclip...Data de 1997...Saudades só de rever...



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Falar de Rock em Portugal é falar em Xutos e Pontapés. Admirável ver miúdos de 12 ou 13 anos a hoje conhecerem-nos,admirarem-nos e a irem aos seus concertos, tal como era se calhar para outra geração quando me viu com os meus 14 ou 15 anos a ir para os concertos curtir músicas que foram escritas se calhar eu ainda nem havia nascido ou nem sabia falar ainda...
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Isto é o fenómeno Xutos e o grande desafio de uma banda...Mantêm-se no topo. Conseguiram o grau de serem imortais e património histórico da música em Portugal. São unânimes e arrastam públicos dos 8 aos 80 ainda hoje. A sua música e a sua atitude permaneceu sempre jovem e irreverente mesmo com o passar de 30 anos desde que se juntaram para fazerem umas músicas Rock...
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Neste último album,mostraram que ainda são capazes de ser bem mordazes e críticos em relação à sociedade portuguesa, como foram noutros tempos... A música "Sem Eira nem Beira" com alusões a um tal "Sr. engenheiro" que deu muito que falar, é a prova disso... E ainda conseguem melodias como o "Perfeito Vazio" que já mereceu inclusive, um post aqui neste blog.
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Músicas são muitas que ficam na minha memória: Vida Malvada, Para Sempre, Contentores, N américa, Dados Viciados, Estupidez,Mundo ao Contrário, Barcos Gregos, Para ti Maria,Esquadrão da Morte, Negras como a Noite,Remar Remar, Tonto, Não sou o único, Só,Dia de S. Receber,Longa se torna a Espera, Enquanto a Noite Cai, Circo de Feras,Manhã Submersa, Tu aí, Inferno, 1º de Agosto...Muitas mais ficam por escrever...São muitas músicas que fazem parte do meu imaginário e que acompanharam o meu crescimento. No entanto, parece-me que a música que deveria escolher para homenagear os Xutos teria que ser esta

Afinal são 30 anos que eles viveram e marcaram gerações e gerações sempre à sua maneira:




Obrigado Xutos por estes 30 anos, e fica o desejo que comemorem ainda muitos. Sempre à vossa maneira.

sábado, 26 de setembro de 2009

Eu já não sei se sei o que é sentir...



Se por falar falei, pensei que se falasse era fácil de entender....



quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Uma cidade, uma história, um amor...

A pedido de muitas famílias...
Uma curta retirada de um excelente filme: Paris Je T´aime
Um excelente filme, que basicamente é a junção de várias curtas de excelentes realizadores. O repto lançado a todos eles, foi filmar uma história de amor com Paris como pano de fundo...
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Há cidades que têm um efeito mágico, de encantamento, que nos percorre o imaginário por entre aqueles momentos em que estamos acordados mas sentimos que a nossa mente viaja por aquelas ruas que um dia percorremos.
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Uma cidade pode ser a partilha de uma história, a projecção de um sonho, a expressão de um sentimento...por vezes há cidades que conseguem fazer-nos sentir....Que nos vêm e compreendem, ou pelo menos sentimos que mesmo não sendo nossa, parece que sempre a vislumbramos ao longe, é como que se pressentissemos que houvesse um lugar que nos despertasse esse conforto, de estarmos longe de casa e ao mesmo tempo sentirmo-nos tão preenchidos...
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Há locais assim...Cidade ou não.
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A cidade que desde sempre me fascinou e para a qual só capaz de viajar e me encontrar vezes sem conta quando me permito a desviar do caminho certo e linear do dia a dia.´...que relembro, revivo, e com isso me sinto revigorado...
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Uma cidade pela qual me apaixonei e acho que já me tinha apaixonado ainda antes de ela sequer me acolher...Por entre as suas ruas,as suas sombras... o frio que me aconchega, a chuva poética que por vezes me abraça, o céu que de cores diferentes faz com que a cidade ganhe outro sentido... O passado e tradição a tocar com o futuro...As artes e o espectáculo, a idéia de pluralidade,paixão e a idéia de ver tantas pessoas à procura de naquela cidade realizarem um sonho.... Revejo-me nela...Nela consigo imaginar uma série de memórias que nunca criei...nela, um momento até mesmo de solidão pode ser transformado num momento de felicidade...diferente de todos os outros momentos...Porque somos felizes por pequenos pormenores...Ninguém nos está a despertar essa felicidade...somos apenas nós e aquela cidade enorme em que para ele nós somos microscópios e apenas uma das várias histórias que acolhe nas suas ruas...Mesmo sozinho, naquela cidade acho que seria capaz de nunca me sentir vazio...
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Um dia sonhei viver naquela cidade, nem que fosse um ano apenas... Por isso, é engraçado como por vezes o local não é apenas o meio, ou o cenário, é mesmo o objectivo e sonho a cumprir...
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Esta é a minha cidade( não desfazendo da minha amada cidade do Porto;))...:


Only Pain is Real

Things in perspective

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Tramitando o meu mundo

Para as poucas pessoas que lêm este espaço, devem achar estranho o facto de ter passado de publicar algo quase dia sim dia não, para este tempo todo de silêncio...
A isto chama-se estágio...Uma pequena entrada encantada no mundo laboral...lol.
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As rotinas que se haviam perdido há anos agora retomam em ritmo constante e que me retira tempo para poder parar para pensar, sentir, observar, sonhar.... Contra tudo isso tramitar tramitar...lol.
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Acordar cedo de 2ª a sábado e tentar distribuir o pouco tempo que vou tendo no dia a dia pelas pessoas de quem gosto, fazem com que a minha cabeça não possa concentrar-se no blog.
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Mas ele não acabará...(faz-me falta). Mas o ritmo será diferente, terei que me habituar a ele...o blog também... Afinal ele é a forma como eu comunico comigo próprio por vezes e como partilho momentos...são palavras atiradas ao vento e que se espera que sejam acolhidas e partilhadas por alguém esteja perto ou longe....
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Ainda tenho muito para escrever. É uma questão de tempo e tudo se encaixará naturalmente.
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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A escritora italiana




Hoje deixo aqui uma sugestão de um filme português que ainda não tem data de lançamento marcada, mas que deve estrear no próximo ano.
Descobri-o através do vídeoclip "a wish" dos dr1ve com Lúcia Moniz. Uma grande banda sonora sem dúvida, para o filme, que conta com a talentosíssima e multifacetada Lúcia Moniz, tanto brilha como cantora ou actriz, uma actriz muito expressiva e que até já conseguiu um pequeno papel no Love Actually. Um talento.
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Este filme do jovem realizador André Badalo parte de uma ideia e de um argumento que eu considero original tendo em vista o que é convencional e normal no cinema português.
É uma lufada de ar fresco no cinema português, e é importante que esta nova geração de realizadores apareçam com ideias novas e novas formas de fazer cinema em Portugal, atingindo outro tipo de público, e provando que com poucos meios ainda se podem fazer bons filmes.

Não vi ainda o filme, li a sinopse e tive a oportunidade de ter uma pequena troca de ideias com o realizador e o seu percurso e fiquei com a clara ideia que estamos perante um novo talento e é de salientar como ainda tão jovem já se lançou à luta e tem já este filme na calha.

Costumo dizer que quando o realizador é bom, consegue com algumas cenas despertar o interesse, curiosidade e a emoção de quem vê, mesmo que não se conheça a história ou os diálogos do filme… Acontece por exemplo com o Eternal Sunshine of the spotless mind, em que mesmo quem não veja o filme, é capaz de se emocionar vendo as cenas criadas por Gondry e a sua forma de filmar, a edição e fotografia…
Numa escala diferente como é óbvio este jovem realizador, André Badalo , conseguiu isso com o videoclip da música dos Dr1ve em que aparecem algumas cenas do filme, que estão muito bem conseguidas… Capta algumas das sensações que o filme pretende despertar e nos deixa curiosos pelo desenlace e o que aproxima e afasta aquelas duas almas, e esse jogo entre o passado e o futuro… Montagem e edição, assim como cinematografia parece-me muito boa para o standard português…Vejo algo de Before Sunrise, Butterfly Effect e outro filmes do género que não costumam ser género a seguir em Portugal…
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André Badalo é um jovem realizador nascido no Algarve, que foi à luta pelo seu sonho de ser realizador, encontrando na escola de Cinema de Lisboa a ponte para esse sonho, que o levou até Londres e LA como forma de chegar ainda mais longe nesta arte… Desejo-lhe tudo do melhor. É bom ver que o cinema português está vivo, está a mudar aquela face do cinema português em que o mesmo está entregue a apenas 4 ou 5 realizadores e já da velha escola.
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O prémio em Cannes para Salaviza com a sua “Arena” pode ser um belíssimo pontapé de saída para uma viragem e pela oportunidade a jovens realizadores portugueses…. O momento de provarem que é possível fazer cinema em Portugal diferente e dar uma nova face ao mesmo.
Fica aqui a recomendação a todos, mal saia este “escritora italiana” é tudo a encher salas de cinema…;). Eu pelo menos , tenho a certeza que é um filme que aguardarei com muita expectativa e curiosidade…
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Fica aqui a sinopse do filme, algumas ideias chave e essa grande banda sonora, simples com uma mensagem tocante e envolvente, que não me tem saído da cabeça.
Destaco que a cena que mais gosto é a do eléctrico à noite com Lúcia Moniz em que ela triste e pensativa... A cena do eléctrico está muito bem consguida... a ténue luz lá fora da cidade de Lisboa, as sombras da própria personagem dentro de um espaço que tem o seu lado romântico mas também, pode ter um lado vazio como o eléctrico em que uma pessoa pode observar as outras e ao mesmo tempo ir totalmente perdida nos seus pensamentos e memórias...

Fica aqui o link para a página oficial do filme para quem tiver curiosidade:

http://www.italianwritermovie.com/PTindex.htm


"Alteravas o passado se conhecesses o futuro...?"

"No futuro, Joseph entra numa livraria em busca de uma escritora italiana. Enquanto procura o nome na base de dados, conta a história de uma mulher que conheceu hà 30 anos atrás.

Lisboa, 2007: Joseph é um atormentado seminarista americano, membro da Opus Dei, que veio a Lisboa apresentar uma exposição da Ordem Franciscana na Sé de Lisboa. Trouxe para Portugal um espelho lendário: "O espelho de São Francisco de Assis, que dizem, permite ver o futuro".

No dia da partida, choca com Giulia na estação dos comboios, uma bela e irreverente escritora italiana com quem estabelece uma química imediata. Giulia conta a Joseph que veio a Lisboa à procura de uma misteriosa cantora com quem o pai namorava antes de ter partido para a guerra colonial. Nas últimas cartas enviadas por aquela mulher ao pai, a paixão e o abandono pareciam estar a levá-la à loucura, desconhecendo que um acidente na guerra fizera o seu soldado perder a memória e esquece-la para sempre. Giulia veio a Lisboa, trazer a trágica noticia da morte do pai e devolver a correspondência. Mas aquela mulher desaparecera...

Havendo problemas nas linhas férreas, os horários dos comboios são adiados tpara 12 horas mais tarde. Joseph, fascinado com a história, propõe a Giulia que tentem aproveitar o tempo de espera e partam em busca da cantora desaparecida. Os dois partem numa viagem por Lisboa, a cidade mítica: uma aventura de descoberta mútua, atração e desejo.

O passado trágico de cada um, as revelações e os segredos tornam-nos ainda mais próximos, confidentes. Como se o rapaz mais sozinho do mundo, houvesse encontrado a rapariga mais triste e os dois quisessem permanecer juntos para sempre!
Então Giulia promete a Joseph: "Se um dia encontrares o meu livro, descobrir-me-ás!"











Because I believe it
Yes I believe it
And I am trying...

Please keep fighting... Keep fighting
Together we can build something beautiful
Please keep fighting...
Together we'll build love...