sexta-feira, 15 de outubro de 2010

"When the truth is..."




Warning Sign - Coldplay

warning sign
I missed the good part then I realized
I started looking and the bubble burst
I started looking for excuses


Come on in
I’ve gotta tell you what a state I’m in
I’ve gotta tell you in my loudest tones
I started looking for a warning sign


When the truth is, I miss you
Yeah the truth is, that I miss you, so


A warning sign
You came back to haunt me and I realized
That you were an island and I passed you by
And you were an island to discover


Come on in
I’ve gotta tell you what a state I’m in
I’ve gotta tell you in my loudest tones
That I started looking for a warning sign


When the truth is, I miss you
Yeah the truth is, that I miss you so
And I’m tired I should not have let you go


Ooooooooooooooooo


So I crawl back into your open arms
Yes I crawl back into your open arms
And I crawl back into your open arms
Yes I crawl back into your open arms

terça-feira, 12 de outubro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Realidade/imaginação

Não tenho nada para dizer….Não tenho palavras que já não estejam gastas…não tenho um abrigo que não tenha sido descoberto e destruído ou alterado de forma definitiva. Não existem verdadeiras emoções nem sequer podem existir, se não forem confrontadas com as falsas…Para definir o verdadeiro do falso, algo tem que existir…Não da parte de fora, cá dentro…aquele pedaço de nada, aquele espaço de ar esbatido contra o vidro… o lívido suspiro perante o absurdo que é amar algo...por mais pequeno que seja…Seja aquela pessoa que para no jardim porque se apaixona por uma flor, ou aquee tempo que acumulamos de viagem…de vivências, factos concretizados e que podem ser comprovados por mais que uma pessoa…algo palpável, não só para nós, mas para a posteridade…Como saberemos que alguma vez existiu algo assim? Sim, houve um tempo em que conseguia que o silêncio fosse cúmplice, em que me sentia fazer parte de algo maior…Integrado dentro de uma história, uma história com personagens principais, secundários, um guião, umas vezes melhor outras pior, consoante a nossa capacidade de desbotar o traço que define a realidade crua e a imaginação…Acredito que isso pode ser uma das razões para umas pessoas serem muito felizes e outras não…Há a velha teoria,de que verdadeiramente felizes, serão os loucos, incultos … Ou alguém que não conheça, não pense muito nas coisas, ou alguém que, tendo os dados todos para se poder preocupar, intrigar decide de forma não muito consciente simplesmente não querer saber e viver numa espécie de bolha protectora de que de certa forma pelo seu efeito psicológico numa espécie de onda kármica( nem sei se esta palavra existe), acaba por a deixar a salvo.
Então qual seria a solução? O mais fácil de dizer é o óbvio. Temer nada e aproveitar a vida, com tudo o que ela tem para oferecer, não pensar no mau, não sofrer por antecipação e efectivamente pensar que não podemos evitar e fugir da dor e da desilusão, porque se insistirmos em evitá-la, de tantas vezes ficarmos na nossa zona segura, chegará um dia em que nos iremos aperceber que desaprendemos a forma como se comunica com o mundo lá fora e não criamos as defesas necessárias para poder chocar com as outras pessoas.
Acredito que deve existir uma espécie de mecanismo conversor secreto. Algo que não é inato, de certa forma pode resultar de uma predisposição mas que também passa muito pelos estímulos externos e internos, e por um processo de aprendizagem e de mentalização…Se for feito desde sempre, a possibilidade de sucesso será maior…
Esse conversor, consiste em canalizar a enorme quantidade de realidade que apreendemos todos os dias pelos nossos mais diversos sentidos, e a forma como a depois a vamos trabalhar no nosso consciente e subconsciente. Poderemos filtrar ao máximo, deixar passar apenas o estritamente necessário para aguentar uma vida estandardizada por aquilo que nos parece ser o mais apropriado para nos fazer sentir felizes e realizados…Poderemos depois, fitrar menos e deixar-nos tocar, pelo bom e pelo mau, aí ficaremos sem dúvida mais expostos…Mas mesmo a partir daí existem duas opções, na forma como canalizamos essa conversão…Ou conseguimos estabelecer uma ponte entre ambos os mundos, o real e o ideal, conseguimos extrair o bom e o mau dos dois, e canalizá-lo para algo que em “última ratio” será produtivo e conseguiremos assim caminhar entre os pingos de chuva…Equilibrarmo-nos no desequilíbrio… Como se fosse uma casa, e apenas fosse necessário organizar os seus diferentes compartimentos…o mau e os sentimentos mais fundos, seriam escalpelizados e analisados e aproveitados para algo…Pode ser a arte.

 Aqueles que são capazes de pegar numa série de sentimentos, mmentos e cristaliza-los em algo concreto, sem deixar que eles escapem da tela e do papel e os consumam…Mantêm a normalidade mas não deixam de ter a curiosidade de ir mais além, de procurar mais fundo e sentir para além daquilo que normalmente alguém quereria…Ou porque tem medo do que pode encontrar se chegar a esse diálogo interno, ou simplesmente porque não quer correr o risco de perder o que tem…a simplicidade de tudo o que faz.
Aquela ideia do comprimido vermelho e do azul faz algum sentido…A escolha que se faz em sentir as coisas, cruamente como elas são, retirando todos os ingredientes que a tornam especiais, que fazem um som mais melódico aos nossos ouvidos, um céu mais azul, um toque mais suave que seda, um sabor capaz de nos transportar para um lugar cósmico e que faz com que cada momento, cada objecto, cada pessoa, tenha uma textura, uma cor, um sabor diferente… Aquilo que faz com que eu consiga ver todo o mundo que me rodeia de uma forma mais negra ou mais luminosa e não sempre do mesmo tom…
Na grande maioria das vezes, todos temos esse pequeno nada dentro de nós…O que nos diferencia é a forma como deixamos que ele se perca, ou decidimos trocá-lo por algo que nos dê mais segurança, ou simplesmente o facto de que o passar do tempo, efectivamente a nossa acuidade no ver se vá perdendo perante vários pesos que se vão somando…Deixamos que a nuvem  retire a margem para espantar…Depois a certa altura, desejamos ardentemente voltar a ter aquele fogo no olhar, sermos capazes de nos espantar com o bater das asas de uma borboleta, ou com o barulho de um comboio a partir da estação… Como se fossemos ainda crianças…Acho que nesse tempo, o mecanismo está ainda por apurar…Nos primeiros anos, tudo passa pela experiência-percepção-reacção- reconhecimento. Enveredando por este mecanismo, chegaremos à forma como esse mecanismo conversor do real para o imaginário…Será que aquele beijo foi tão doce e inesquecível, será que a lua se destacava por entre as estrelas por aquela noite? Efectivamente aquela paisagem da praia no por do sol no inverno, com o frio a esfriar-nos o rosto mas a aquecer-nos o coração…algum dia esteve lá? Os olhos efectivamente brilharam? Seriam aquelas conversas intermináveis algo único e irrepetível, conseguíamos mesmo enganar o tempo ? Seriam o passar dos dias tão leves, suaves e a felicidade estava mesmo quase sempre ao alcance da mão…? Ou será que tudo isso, fomos nós que o criamos?
Sim, claro que desfrutamos de tudo aquilo…Que naquela dia, provavelmente numa hora estimada que poderia bater certo com a que recordamos, algo concreto aconteceu, perante todos estes pensamentos e emoções acumuladas de forma vaga, dispersa mas romanceada ou pelo menos armazenada de forma a que nos deixe marcada a crença de que efectivamente coisas mágicas podem acontecer a qualquer altura, baseando-nos nessa tal memória, nessa história baseada em factos reais que nos recontamos vezes e vezes sem conta.
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Se tudo era tão mágico e bonito e autêntico, nada criado pela nossa imaginação de forma a nos fazer sentir especiais…porque razão não se repete? Da exacta forma. Porque é que a esmagadora maioria das pessoas nunca sente da mesma forma como já sentiu, não obstante conseguirem encontrar a felicidade noutro grau e com outros contornos…Como? É apenas utilizar a mesma fórmula alterando-se os números…Resultado diferente? Sim, mas a fórmula é a mesma. A questão está em admitir isso e jogar segundo as regras, negar-se a fazê-lo, não se fazer a mínima ideia de como se fez, ou então simplesmente pensar sobre isso…
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Todas as expectativas são criadas, de certa forma, todas as vivências e acasos e ocasos que achamos serem totalmente aleatórios e mágicos, que nos transporta para a ideia da sorte e do azar de conectarmos com alguém, poderá passar pelo facto de que tudo o que vivemos é uma projecção de ideias, histórias, influências que recebemos desde a mais tenra idade e que nos fará encarar o mundo e as pessoas de uma forma ou de outra…
Uns buscarão  a  “Terra do Nunca”, outros tentarão não perder o caminho da “estrada de tijolos dourada”, outros quererão viver sem medo, ou até simplesmente fazer uma jornada, uma viagem que fará com que tudo no final faça sentido. Quem leu, viu filmes, foi influenciado pelas histórias que ouviam ou dos avós ou das aventuras que nos contavam de pessoas que nunca havíamos conhecido…Aquele sonho, aquele desejo ficcionado, que de tanto repisado e que moldado com uma série de outras visões, de outras texturas, e da forma como jogamos as nossas cartas consoante as cartas dos demais, tudo isso no final nos fará perseguir algo…não ideal, pode ser pode não ser…mas fará com que efectivamente vejamos mais do que a realidade crua dos factos mostra. Só assim é possível entendermos e definirmos conceitos como amor, amizade, intimidade…

Porque seria assustador, pensarmos que tudo o que para nós foi real, foi não uma mentira, pois não chegou a ter dignidade para tal, foi simplesmente algo que nunca existiu…Um não acontecimento. Nem sequer uma mentira para que possamos de forma estóica e romântica nos indignar, sofrer por ela e superar…E se simplesmente, todos chegássemos à conclusão que não havia nada…Foram acontecimentos. Factos, crus, nus, sem qualquer tipo de valoração subjectiva…Sem sabor nem cor… Foi-nos dado desde sempre, preto e branco, numa tela maior ou menor, mas sempre a preto e branco, e fomos nós que fizemos com que uma parecesse fazer tanto sentido e ser tão espectacular, e outra tão negra  e vazia…Não somos especiais nem são as pessoas que nos fazem sentir especiais…Somos nós…Que as fazemos especiais, às pessoas, aos acontecimentos, às vivências…Somos nós que preenchemos os espaços em branco e decidimos fazer do quadro algo que seja mais fácil de adequar ao nosso olhar, ou simplesmente preferimos nos embrenhar pelo abstracto e criar uma teia complexa em algo que efectivamente não é assim tão complexo.

Irão dizer-me… É a diferença de ver o copo meio cheio ou meio vazio? Não. É o saber que o copo não tem água de todo. Todos temos o tal copo, totalmente vazio. Depois se o queremos encher e de que forma, isso será a forma como queiramos pintar o simples facto que é o seguinte: todos temos o copo. Nem é a ideia, faz o que quiseres com ele. É a ideia de que tudo está tão longe de ser palpável. O palpável é o real. O que é despido de julgamentos, percepções, construções…O que vai diferenciar alguém de achar que atingiu o topo da  montanha do que acha que atingiu o mais baixo que a sua condição exige? O real? Não… Podem até os factos ser os mesmos e nem se cingirá a uma mera questão de percepção. Trata-se mesmo da forma como essse mecanismo esteja activo…A capacidade de canalizar a realidade que recebemos e conseguir fazer dela uma bela história…Juntando todos os ingredientes…Retiramos um bocadinho daquele livro que adoramos, daquela paisagem inesquecível, daquela personagem daquela série ou filme que nos marcou, das criações que recebemos daqueles que mais influenciaram o nosso crescimento…juntamos tudo e daí poderemos pegar na realidade, seja ela qual for e criar um argumento e uma história que poderá ser espectacular. Não para os que vêm de fora, mas para nós. Algo que nos fará sentir mesmo bem connosco e com o mundo, porque o processamos de uma forma a que ele seja sempre um sonho real. Passa muito por ser capaz de solidificar bem os alicerces dessa ponte entre o real e o que ficcionamos…daí resulta aquilo a que chamaremos de percepção.
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Daí que achemos tão espectacular quando nos consigamos reunir em grupos…seja porque motivo for…encontramos pessoas que julgamos semelhantes ou que pelo menos consigamos encaixar naquela tal forma que percepcionamos o mundo…Daí que umas pessoas têm maior predisposição para serem felizes que outras…Umas pessoas têm a capacidade quase estúpida mesmo de se apaixonar de facto e chamar de amor de verdade, a uma série de encontros que vai tendo ao longo da vida com uma série de pessoas…E é mentira? Censurável? Será aquele amor que dura para sempre, aquele sentimento incomensurável, totalmente abnegado, altruísta…? Funcionaremos sempre por comparação…Numa dada época por esse tal mecanismo estar mais aguçado, acharemos que tudo o que aí vivemos foi mais intenso, mais mágico, as pessoas mais interessantes e o que tínhamos ( internamente e exteriormente) era mais válido que o que temos hoje.  Com base na comparação daquilo que estabelecíamos como premissas na tal equação, num dado momento, e com o que estabelecemos hoje, variará a capacidade de acreditarmos que gostamos mais de algo que fizemos ontem e não fazemos hoje, que gostamos mais de alguém hoje do que gostamos há 10 anos, ou que simplesmente nunca tínhamos amado ninguém até conhecermos aquela pessoa…
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Nada aconteceu? Aconteceu sim. Factos ocorrem de forma constante e consistente ao longo da nossa vida, por mais que tentemos fugir de uns e acreditar que estamos tão próximos de outros…sejamos mais cépticos ou optimistas. O que alteramos não é sequer a nossa percepção, com base na experiência acumulada…o que vamos alterando são as premissas, utilizando, no entanto, sempre a mesma forma, e ao fazermos e por o resultado ser sempre diferente, sendo mais próximo ou menos próximo de um valor que tínhamos por referência como sendo o aceitável ou o ponto óptimo…decorrente dessa ideia poderemos ficar sempre com a ideia que o que conhecemos, experimentamos, vivenciamos hoje é, afinal, totalmente diferente de tudo o que já vimos, provamos ou sentimos…A fórmula é a mesma, mas como vamos alterando os dados que nela colocamos, o facto do resultado ser diferente, em determinados períodos, faz-nos viver esta realidade que efectivamente tudo foi diferente.
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É muito mais confortável acreditarmos que a forma como apreendemos tudo o que nos acontece e a forma como guardamos, foi a verdade, foi o real. Isso é uma excelente sombra para tapar uma série de dificuldades que nos aparecerão, e, ao mesmo tempo é espectacular para a nossa auto estima e até para podermos recriar a tela a cada momento…acreditar que algo mágico está sempre prestes a acontecer. Nunca determinamos o local nem a pessoa, ou o momento…Mas se antes aconteceu e essa memória é para nós real, é porque verdadeiramente existiu…Dá-nos esperança. Nas pessoas, nas emoções, na capacidade de perseguir um bem inestimável.
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Daí que no final das contas, fica sempre a pergunta? Foi real? És tu real? Sou eu? Fomos reais? Em que momento o fomos? No início, no meio ou no fim? As memórias que guardo, as pessoas que trago comigo nos meus gestos, nos meus pensamentos, nas minhas insónias, nas minhas epifanias e deja-vús…? Isso é real? É mais fácil acreditar que sim…Teria que confirmar pessoa a pessoa, para saber se foi? Afinal, para existir terá que ter sido presenciado ou não? Não podia estar eu sozinho naquele momento de transe emocional…? Sabemos que cada um viveu e apreendeu de forma diferente…Daí que a conversa de existir uma alma gémea, acaba muito por ser resultado da ficção de uma pessoa querer acreditar ou não nisso…É como um sonho… Uma série de factores são lançados, quais bombardeamentos sobre o cenário, e depois cabe-nos a nós escolher o que aparece, o que desaparece, o que encontramos ou o que não queremos encontrar. Posso criar a mulher ideal, o por do sol ideal, a musica ideal, até cada lágrima poderá ser de tristeza ou felicidade ideal…Nisso é um bocado como a ideia difundida em alguns livros e filmes, somos como que arquitectos dos nossos sonhos…Uns terão maior capacidade de construir mais outros menos…uns farão algo mais óbvio e fácil de admiração à vista desarmada, outros algo altamente abstracto e aparentemente complexo…A diferença, é que isto que todos vivemos é como se fosse um sonho real. Temos factos. Nus crus, e grande parte deles não são determinados por nós…podem ser pela nossa conduta, pelos nossos actos e omissões, mas a forma como vamos ver tudo como mágico, especial ou simplesmente tudo igual e banal, aí decorre da forma como queremos/conseguimos construir este sonho real. Poderemos ter essa capacidade inventiva e criativa, mais ou menos aguçada, consoante estejamos conscientes ou não conscientes deste tal mecanismo que todos temos, que faz com que perante os mesmos factos cada um possa construir algo idílico ou construir algo negro e pesado. A nossa história foi mais ou menos feliz, consoante a forma que deixamos que o nosso sonho real fosse ganhando…sabendo-se que se enveredamos por um trilho, e não tentamos variar a rota ou a aguarela com que pintamos o mundo, que dessa forma, estaremos sempre um passo mais próximos do chão, com tudo aquilo que isso trará de doloroso mas de real simultaneamente.
Daí que me seja difícil entender a forma como diferenciam no dicionário o que é real ou não.

real (re-al)
adj.
Que tem existência verdadeira, e não imaginária: a vida real.

Lá está…tem que ser verdadeiro…O que é verdade? Pelos vistos, o que não é imaginário…Pelos vistos, é aquilo a que podemos chamar da “vida real”. Assim sendo, como poderei eu saber o que é verdade ou não, se todos os factos, todos os acontecimentos são influenciados pela minha maior ou menor capacidade de os imaginar, reinventar, processar e integrar numa série de outros factos que já vivenciei anteriormente…?
“So what?” E se efectivamente aquele beijo não foi assim tão espectacular, aquela noite não era tão perfeita, aquele gelado não era assim tão doce e o sol não raiava assim tanto naquele dia espectacular que passei com os meus amigos a acampar e em que falávamos de coisas tremendamente importantes , mas que se fossem vistas hoje em dia veríamos que segundo a equação que formulamos hoje seriam totalmente ridículas e sem sentido?.” So what”? O que é real foi o que aconteceu de facto ? O eu ter sentido algo espectacular e outra pessoa ter sentido apenas assim assim? Ou o inverso? Que interessa se só eu ouvi e sei que aquele som é o mais belo de todos os tempos, não obstante não houver nenhuma prova concreta que tal seja verdade ou não? No fim das contas, o que é o real? O que nos é impingido todos os dias, como sendo aquilo que devemos acreditar, que devemos seguir de forma ordenada e formatada, quase como autómatos…?  Ou aquilo que efectivamente sentimos, com toda a subjectividade, ficção, imaginação que lhe possamos acrescentar…? O que é real? Deveria ser considerado que é aquilo que fica. Isso é o real. É o que connosco transportamos, tenha acontecido da exacta forma física despida de qualquer tipo de laivo de imaginação, e a tenhamos guardado exactamente como aconteceu, ou não…Porque o que foi de existência verdadeira para mim, não tem que necessariamente ser para o mundo exterior. A vida real seria então o quê segundo o que nos dizem os dicionários? O fim da margem para sonhar?  Se assim fosse, passaríamos todo o nosso tempo sem perseguir nada de efectivamente transcendente, nem grandes descobertas seriam feitas, nem sentiríamos metade do que sentimos e o nosso lado direito do cérebro pouco ou nada trabalharia. Nunca ousaríamos a a entrar naquela toca do coelho mágica, nem passar para o outro lado do espelho nem a estrada seria dourada…seria apenas uma estrada mais, como tantas outras…O conceito de casa não existiria…Seria apenas uma construção, simples, crua e real…Seria igual em qualquer lado. A diferença estaria em saber se a construção era igual ou diferente.
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O que seremos todos nós, que desafiamos esta definição e nos recusamos a acreditar nesta “realidade”. Seremos todos irreais? Existimos. As pessoas conseguem ver-nos. Mesmo que não consigam, existem uma série de registos que comprovam a nossa existência, mesmo para os mais distraídos já não há desculpa. Mas já que partindo do principio que efectivamente tudo o que fazemos, do mais banal dos gestos ou mais profundo é imaginado, tal como a nossa memória…o que isso faz de nós? Vivemos à margem da “vida real”? Viveremos duas realidades ou nenhuma? Será tudo isto, uma espécie de esquizofrenia colectiva?
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Realidade é o que fica…Poderemos fazer dela o mais idílico dos cenários, ou a mais negra e feia das visões…Mas é a capacidade que temos de através do supra referido mecanismo passar da “realidade” que nos fala o dicionário, para aquela que será a outra realidade, é desse momento, é desse processo que determinaremos o que efectivamente é real ou não. O que é real, é só nosso, incalculável e inalienável, é aquilo que fica em nós…