quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Casa










Casa. Algumas pessoas me perguntavam onde é que vivi em Espanha, se era uma residência, uma irmandade, se era um dormitório, etc...Nunca deu para explicar muito bem o que era. Porque era muito mais que a soma de tudo isso e ainda mais...Era muito mais que o espaço físico,que as actividades, que a cultura, que a partilha diária e (auto)conhecimento. Era uma filosofia, uma forma diferente de preparar quem quer que lá vivesse para a vida fora do colégio. A capacidade de aceitar, de questionar, de intrigar e ao mesmo integrar e da soma de partes tão diferentes construiur...uma casa. Mais que tudo era uma casa. Na verdadeira acepção da palavra.  Quem passa por lá, nunca esquece aquela casa, por mais anos que passem e que cada um siga o seu percurso profissional fique mais perto ou mais distante, será sempre do chami...Sentirá sempre como que um pouquinho seu. Mas a magia está aí também, no facto de serem momentos, instantes irrepetíveis para nós, mas que não deixam de existir. Todos os anos, chegarão novos colegiais que dos mais velhos apreenderão a filosofia de liberdade, de tolerância e de espírito de iniciativa e criatividade que o colégio tenta incutir a cada pessoa que lá está. Uma espécie de ritual de passagem, daqueles que viveram á grandes momentos que se vão com saudade mas que levam na bagagem memórias incríveis desde o 1º dia em que não conheciam nada nem ninguém ao último, quando levaram amizades que ficam para a vida, pessoas que durante anos, foram mais que amigos, foram família.
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Foi aqui a minha casa durante quase um ano e sei que serei do chami para sempre. Será sempre a minha casa, por mais que a cada ano que passe os rostos dos inquilinos já não sejam todos familiares...:). Mas a beleza de tudo está aí, o facto das pessoas passarem, saírem de lá cheias de memórias, mas o mundo não parar,novas pessoas entram lá todos os anos e um dia serão elas a abandonar e a passarem a tocha...O espírito do chaminade, esse nunca morre. É bom saber que existem locais assim. Casa...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Poeta.





Acorda menina linda,
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
Anda ver que lindo presente
A aurora trouxe para te prendar
Uma coroa de brilhantes para iluminar
O teu cabelo revolto como o mar
Acorda, menina linda
Anda brincar
Que o Sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
Porque terras de sonho andaste
Que Mundo te recebeu
Que monstro te meteu medo
Que anjo te protegeu
Quem foi o menino que o teu coração prendeu ?
Acorda, menina linda
Anda brincar
Que o Sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
Anda a ver o gato vadio
À caça do pássaro cantor
Vem respirar o perfume
Das amendoeiras em flor
Salta da cama
Anda viver, meu amor
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Ya no te veria más



Cuando tu me sonreiste y me tomaste de la mano
y en tus ojos mudos
la verdad
ya no te veria más...
preferi seguir girando en espiral
...siempre escapando
me negue a aceptar la realidad
que ya no te veria mas

alguna vez
talvez
intentaré...
hoy los dias son tan largos
pasan todos sin sentido
y me pone triste al final
el no volver a verte nunca más
no volveré a verte más...


Parece-te que o encanto te traiu?

Tens que aprender a olhar, para sair de perto,
tens um mundo inteiro a admirar, mas o tempo não bate certo com o que vês…
Sem o momento te tocar, sem a lua a admirar, sem caminho a percorrer…quanto tempo irás perder a dizer “ este não sou eu”, em vez de lutar e acreditar, que se o dia um dia vier, estarás sempre por testar, tens uma margem para te libertar, nesse caminho secreto onde voas sem asas.
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Estás cansado de saber, que na luz sempre te prenderás pela sombra…Não deixes que ela delimite o espaço por onde podes caminhar…não tenhas medo de saltar a vedação e ver o que há do outro lado da rua.

Tens que deixar…largar a mão da quimera que te faz unir as redomas de vidro pelas quais te rodeias de espelhos dos locais que te encantam, que te chamam em surdina durante a noite enquanto o sono não chega, mas que são só de caminho único… tens que largar o coração…o que sente em vão, o que se enche de uma imensidão de nada, ao ponto de te apertar e se partir em mil pedaços…em cada um deles um rosto, um perfume, um regaço, um céu pintado a aguarela mágica, mas que quando acordas se dilui em lágrimas que se escondem no olhar….
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Não há razão para buscar, nem tempo para saber, apenas tens que Não te deixar levar…Encontra o caminho para ficar…
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Tantas portas sem chave, tanto chumbo que te prende ao chão, tantas nuvens que te impedem de ver que dia após dia, ainda que pálido, um novo dia nasce…mesmo do lado de quem perde.
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Vais re(aprender) a admirar, mas para re(descobrires) a chama que flui no sangue de quem respira a ânsia de estar no momento em que os sentidos são lume…?
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O que vais fazer? Vais guardar-te na caixa de música, resguardar-te do frio, dentro do teu globo mágico, onde cristalizas o tempo e o espaço?
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És tu quem (não) quer ver que fica noite para dar, do teu quarto não podes ver que o tempo continua a correr, por mais que te pareça que os dias correm sem origem nem sentido…Não há nada verdadeiramente teu a não ser aquele olhar perdido, a convicção de que nada sobra para dar, e deixar que o medo seja a tua companhia mais certa e segura…Queres partir mas ao mesmo tempo não queres perder tudo aquilo que ainda é teu, tudo o que te pode prender, tudo o que não te obriga a apostar-te, não te permitires a dar novas dores à dor, enquanto buscas aquele momento em que o sopro da maré não tem que terminar, em que de todas as brisas podes ainda construir uma nova madrugada…em que tudo o que não é de ninguém é tudo o que pode ser teu, ser de alguém que tu não queres ver, rasgar o chão, lavar-te no fogo, não deixar que a queda seja o mais próximo da textura da realidade.
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Serás tu capaz de deixar a chuva te tocar? O que farás tu quando o vento te soprar que não há local para se fugir, quando por mais que se faça segredo e se silenciem todas as vozes, o nosso peito chora as emoções…As que se escapam nos pedaços de tempo que gastas nesse sonho lúcido alegre/triste que preferes fazer-te eterno…esse interstício onde o pano nunca baixa, onde as paredes se abrem, onde do outro lado um sorriso sempre te aquece …Onde a viagem nunca tem que ter um fim… Parece-te que o encanto te traiu?  

Caminho de voltar






Há sempre um sítio para fugir,
Se queres saber,
Um sítio onde podes descansar.

Há sempre alguém para te agarr
ar
E te esconder
Se vais cair
Eu vou te ver
Antes da dança
Antes da fuga
Eu sei te ver
Antes do tempo te mudar eu vou saber
Antes da névoa te despir e te levar
Há um sítio onde o escuro não chegou
Por onde podes ir
Um rio para libertar.

Há sempre alguém para te salvar
Se queres saber
Se queres sentir outro lugar.
Há sempre alguém para te diz

er
Se vais cair
Para te travar e adormecer
Antes do dia
Antes da luta
Eu sei te ver
Antes da noite te sarar eu vou saber

Antes da chuva te romper e te lavar
Há um sítio onde a estrada te deixou
Por onde tens que ir
Se te queres libertar.

E tudo o que for por bem,
Tudo o que der razão
Como ponte vai ligar.

Tudo te vai unir
Tudo se faz canção
No caminho de voltar
No caminho de voltar...


Há sempre paz noutro lugar
Entre nuvens
Um sítio onde podes perceber
Que há sempre alguém para te ver
Em segredo
Te descobrir
E renovar.