terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Voices



I hear voices in my head

They council me, they understand

They talk to me.



You got your rules and your religion,

all designed to keep you safe.

But when rules start getting broken

you start questioning your faith.

I have a voice that is my savior,

hates to love and loves to hate.

I have the voice that has the knowledge

and the power to rule your fate.



I hear voices crying

I see heroes dying

I taste blood thats drying

I feel tension rising.

I hear voices in my head

They council me, they understand

They talk to me, they talk to me.

They tell me things that I will do

They show me things I'll do to you.

They talk to me, they talk to me...



All the lawyers are defenseless,

All the doctors are disease,

And the preachers all are sinners

And police just take the grease.

All you judges you are guilty,

All the bosses I will fire,

All you bankers will have losses

Politicians are all liars.



I see darkness falling

I hear voices calling

I feel justice crawling

I see faith has fallen.

I hear voices in my head

They council me, they understand

They talk to me, they talk to me.

They tell me things that I will do

They show me things I'll do to you.

They talk to me, they talk to me...



‎"Why so serious?Let’s put a smile on that face..."

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

The question is...

                               


"It's all right. You screwed up.
So, what are you gonna do?
Run to the bridge?
The question is...
...what's gonna happen with the rest of your life? "

 



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Stop the clocks

                             


"I'm not livin
I'm just killing time
Just don't leave

Don't leave
And true love waits
In haunted attics
And true love lives
On lollipops and crisps

Just don't leave
Don't leave
Just don't leave.."



...





sábado, 12 de novembro de 2011

Mantém-te na estrada dos sonhos perdidos.

                    



Quanto tempo achas que tardará até que a máscara que usas comece a queimar-te a pele e caia e o mundo veja o que tu vês no espelho todos os dias?

Até quando esse semi-sorriso poderá afastar as névoas, as questões essenciais, até quando poderás manter-te no meio do nevoeiro...Até quando poderás esconder uma lágrima cristalizada que trazes dentro...Quantas piadas, conversa de algibeira ou teorias poderás tu inventar para que ninguém mais o veja...?
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Não sei...Não sei se quero saber...É a resposta mais comum...
Toda esta camada que me protege do exterior, de magoar e sair magoado, deixa-me mais dentro, mais próximo de estados quase alucinogénicos que me aliviam a dor pequena do meu lado esquerdo. Chego tão dentro, como nunca antes, como nunca depois talvez...mas estou perto de quê? De me perder, de te perder? Sei que não quero sair.
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A dor do há-de vir está lá fora, à espera de dar a sua 1ª dentada nesta casca já algo destruída e pouco entusiasmante...Sinto-a lá fora a chamar-me qual medusa disfarçada de ninfa...
Os sussurros ficam cada vez mais fortes quanto mais observo o bater dos ponteiros do relógio colocado no fundo do corredor...Fica o silêncio... O dilema...Os minutos,horas,dias, meses até...de tentativa de racionalizar o indizível, de desafiar o adamastor que se esconde no cruzamento entre o cabo que limita os desejos e sonhos, e o que me distrai da realidade, dura e crua como se pode apresentar e que me pode deitar ao chão e deixar-me lá estendido de forma permanente.
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Os dramas ficcionais são feitos de emoção, os da vida são de ferro quente, e logo depois das chamas, apenas sobram as cinzas... Por vezes passam-se vidas inteiras a tentar recolhê-las e tentar reencontrar nelas,algo perdido que não volta mais.
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Longe ou perto, eu não quero saber, mas o simples facto de fechar os olhos e poder imaginar o cheiro da tua pele, sentir a magia do teu abraço e a textura dos teus lábios, que parecem desenhados por um pintor renascentista...
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Viver com essa imagem parece ser mais do que suficiente para me aguentar neste estado, sem risco de erosão...capaz de me ir aguentando...Mais do que a certeza de que ao sair lá fora e ao deparar-me com o vazio, isso pode fazer com que caia num buraco sem fundo...Esse minuto mágico, ainda que ficcionado vezes e vezes sem conta na minha cabeça, chega-me para não querer sair daqui.
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Risco? Não há nada a arriscar quando já apostamos todas as fichas, quando não temos mais nada a oferecer e quando se entra num jogo em que seremos sempre irremediavelmente derrotados ainda antes sequer de termos alguma chance de uma pequena vitória que fosse...
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Lutarias por um futuro incerto e apaixonante, que te faria querer sair, querer ser algo mais, mesmo sabendo que o risco da inexistência desse futuro e a sua concretização, poderiam guiar-te à tua própria destruição?
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Abalar os alicerces que ainda que pouco consolidados ainda te guardam numa espécie de gruta feita de neve, todos os segredos e todos os valores absolutos que ainda te fazem o belo quando o vês?
O que te faz ainda ter vontade de espreitar pela janela, e imaginar o que está para além das cortinas...?
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Se pensas que a tua ilusão se tornará a realidade e alimentará a tua alma, então estarás tu preparado para sentir fome como nunca sentiste?
Se procuras a derradeira oportunidade, o anjo salvador que te dará a chave da tua liberdade emocional, estás preparado para um anjo negro que deixe cravado o último punhal no peito ensanguentado de sonhos perdidos?
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Estarás preparado por ir em busca dessa luz cativante, deixando medos e anseios para trás, se souberes que no final tudo poderá não ter passado de um Oásis...que no final, apenas ficarás ainda mais cativo ao teu lado negro, à escuridão, à sombra que te persegue? Estarás preparado para caminhar no labirinto da solidão?
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Não almejes as estrelas quando nem consegues caminhar, quanto mais voar...
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Não te armes agora em destemido nem te faças ao mar em busca de aventura e de desfrutar de uma grande viagem, quando sabes perfeitamente que não sabes nadar e o teu sentido de orientação está ainda mais perdido que tu.
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Não te agarres tanto aos sonhos, são eles que te vão corroendo por dento, é esse romance que ainda trazes nos teus olhos tristes.
É a forma como os vês a desvanecerem, vezes e vezes sem conta nas tuas mãos a cada laivo de esperança, a cada raio de luz de sol, que te vão deixando cada vez mais cansado, desesperançado, derrotado...
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Esconde-te no tempo enquanto é tempo...Dentro do tempo encontra o local que o tempo te traz. Vislumbra ao longe tudo o que é belo e sedutor... mas não ouses tocar, sob pena de então tudo o que toques se tornar pó.
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Não vás de encontro a esse aura luminosa que tanto te apaixona e que te faz querer fugir da sombra...não o faças, porque só te queimará a visão aos poucos e quando chegues mesmo próximo, então te queimará de forma a que deixará uma marca que te fará fugir da invisibilidade latente que ainda transportas.
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Compreende que é verdade que às vezes queremos beijar a quimera, mas que existe um motivo para que as estrelas só possam ser enamoradas pelo telescópio...porque algumas estrelas, se tivesses a oportunidade de lhes tocar, o mais provável era queimarem o teu coração para sempre.

Não te esqueces, melhor do que ninguém tu sabes o que nunca poderás ser nem dar...Sabes o que os teus olhos não conseguem dizer...Sabes como é viver rodeado de espinhos que te atormentam.

Segue o caminho da estrada que conheces e que te é familiar. Mantém-te dentro. Não esperes ser encontrado ou compreendido. Deixa o mundo a dormir e continua a caminhar sozinho. Não queiras juntar mais um sonho despedaçado à tua estrada de sonhos perdidos. Ninguém disse que seria fácil, mas é esse o teu caminho e terás que o fazer sozinho.


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

She's Electric








"She is electric, can I be electric too...?"

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Quanto mais longe,mais perto de ti...






Olho para o mundo à minha volta e dá vontade de chorar,
não vejo motivo nem o tempo para simplesmente poder falar e encontrar.

Sei que estou confuso,sei que não sou normal,
mas o que sei é que sempre que penso em ti, o mundo num piscar de olhos vira especial, quando antes podia passar dias e noites sozinho sem que desse pelo tempo passar, por não ver neles o fogo que vejo nos teus olhos, o fogo de vida, a tua presença não iluminava o cinzentismo dos dias.
Parece que te sinto a cada nada que me dás.
Parece que já não vejo o tempo a atravessar-me, parece que ele hoje é apenas um obstáculo entre mim e a próxima vez que o meu mundo poderá ser iluminado pela tua presença.

Ate lá, fico por aqui, na esperança de voltar a gostar, de poder um dia poder voltar a pedir ao tempo para parar.
A vez de voltares a gostar, diz-me o que vês de mal em mim, que eu tento mudar.
Sei que não estou em mim,
às vezes sinto-me tão bem, só pelo simples facto que estás por aí algures...que existes.

Só a tua imagem no meu pensamento faz com que tudo o que faço e sinto faça algum sentido, e por vezes parece que ausência da tua atenção devolve-me à condição de invisibilidade.

Sem que não estou seguro, que me fazes sentir pequenino, como se por fora fosse um aparente adulto mas dentro de mim os sentimentos e o idealismo explodissem como se ainda fosse um adolescente que acredita que existe uma pessoa certa para cada um de nós, uma pessoa que nos deixa assim...sem reacção.
Por mais que sinta que não estou em terra firme, a verdade é que não tento fugir, prefiro correr o risco de me queimar mas sentir por um minuto o calor do teu abraço do que ficar devolvido às noites mágicas por escrever.

Assim vou caminhando, cambaleante, com muitas incertezas e inseguranças, mas caminho sem olhar para trás, ainda que as leis da probabilidade me digam que é possível que por ti corra o risco de tropeçar e cair...Inevitavelmente não consigo escapar de tentar chegar a ti, ainda que não me vejas.
Já nada posso fazer, estou preso no encanto do teu olhar, o teu sorriso faz-me sonhar com dias luminosos, a tua pele morena e a tua personalidade rebelde loucamente imprevisível e ao mesmo tempo a sensibilidade dos teus pensamentos mais secretos, fazem com que o meu olhar não se desvie desde o 1º minuto que te vislumbrou.
Sei que estas são apenas mais umas palavras arrancadas pela força do vento, mas se algum dia, de qualquer forma chegarem a ti, espero simplesmente que saibas que não me sais do pensamento.
Vejo-te nos meus sonhos lúcidos, os traços perfeitos do teu rosto, abro a mão dos meus medos só para estar perto de ti, porque sei que isso é meio caminho andado para me aproximar do que me dá mais alento para caminhar e para seguir uma das poucas coisas em que acredito.

Trago-te comigo em todas as epifanias que tenho de uma vida que ainda não foi partilhada.
Vejo-te nas histórias que leio, na fotografia que sempre desejei tirar, no momento certo com a luz certa que tentei conservar.

Vejo-te nas paredes do meu quarto vazio de sentimentos mas que subitamente ganha luz mesmo na escuridão da solidão e do silêncio.
Fiquei cativo ao carisma da tua personalidade, à doçura to teu riso e à cadência mágica da tua voz e às palavras inesperadas que tens por proferir, as que me dizes e as que sonho que tens ainda por dizer.

Quero conhecer-te, quero ver-te como mais ninguém te vê.

Já que nos dias que correm, vejo-te na pequena e na grande tela, no que deixei por fazer e no que ainda quero fazer, no que ainda quero sentir e quero fazer sentir.

Quero ser aquele com quem partilhas o luar...

És todos os livros que quero ler, és todos os motivos que me fazem querer ser melhor, mais capaz, completo. Capaz de lutar por não perder a habilidade de sonhar e de querer agarrar todas as oportunidades de liberdade. Vejo-te como o bilhete para a liberdade e para o melhor espectáculo de emoções que a vida pode ser...


Vejo-te nas ruas, nas pessoas e no mar...o horizonte sem fim. A capacidade de me enamorar todos os dias por cada pormenor do teu jeito de ser e estar...da forma como te moves, tentar calcular parte das coordenadas da tua imprevisibilidade jacente que faz com que seja impossível prever o que quer que seja, apenas palpitar a cada vez que me possas sequer dirigir a tua atenção.

A tua personalidade reflecte um castelo imponente e belo, sem par, uma fortaleza que eu quero poder contemplar e saber os seus segredos. Ainda que para isso tenha que abraçar o fogo até conseguir conquistar o meu momento.

Quero saber o que te faz rir, o que te faz chorar, o que te revolta, o que te faz emocionar, o que pensas antes de adormecer...


Sei que provavelmente nunca me acharás de acompanhar o teu ritmo frenético, de quem beija o momento sem nunca ter medo...Sei que estas palavras vãs serão por ti ignoradas, não serão merecedoras de cativar a tua atenção...sei que um dia queria dançar contigo numa estrada encantada e poder oferecer-te uma cidade encantada numa viajem sem fim, onde no meio de toda a agitação que trazes por dentro, eu pudesse de qualquer forma ser o teu barco no cais, e tu seres a luz que me iluminasse nas noites em que a escuridão é tão densa em que duvidamos de que possa existir terra para poisar...


Queria ser capaz de contigo, deixar o mundo longe de nós ainda que por momentos.


Sei que tudo isto é em vão, mas é como se fosse uma mensagem que coloco dentro da garrafa e espero que alguém que está longe daqui, possa um dia encontrar, e quem sabe, nesse dia, encontrar-me-ás e por consequência eu saberei com certeza quem sou...tu serás a resposta às minhas perguntas, com a tua desarmante perspicácia de desvendar o mundo como um gato desvela um pequeno novelo.


No entanto, quero que saibas que se esse dia nunca chegar, que sempre que os meus olhos tristes e sem chama se cruzam com os teus cheios de vida, doces e rebeldes, é como se electrocutasses a minha vida, é como se me agitasses e de repente abrisse os olhos novamente para a beldade e a magia que o mundo ainda encerra, nas pétalas de uma flor, como um fim de tarde de Outono, como o fim de uma musica que não queremos que termine...

É como se me reanimasses da letargia e me desses um novo sentido e direcção, por mais rebuscadas e incertas que sejam, sei que todos os caminhos passam pelo teu coração. Aí encontrarei o mapa de todos os tesouros que desde criança quis encontrar e todas as relíquias que a idade adulta e as desilusões do crescimento não permitem ver e sentir com a mesma intensidade.

Tanto és capaz de ser heroína numa história de aventuras, como uma caminhante solitária sem nunca estar sozinha, que se escuda de tudo e todos e que com a sua armadura enfrenta o mundo sem medo.

Em qualquer momento passas de tentação a ilusão, de desejo a anseio...és sonho terra e céu.

Sinto-me alguém velho nos gestos e no olhar mas pequenino com o coração de uma criança e com a ansiedade de quem quer agarrar o mundo com as duas mãos e que tem medo de perder...como a cada despedida ou a cada não que dizes, o mundo desaparecesse.

Sinto como que insignificante, como se contigo não pudesse nunca controlar as escolhas ou o destino, tudo me leva a ti por mais ou menos relevante que seja aos teus olhos...

Assim sendo serei sempre aquele que te admira ao longe...Estás longe e no entanto sinto-te tão perto,mesmo que não o saibas...quanto mais longe mais perto me sinto de ti, porque mais perto me sinto do que realmente sou.Despertas esse lado em mim.O que devia ser.Bem ou mal, o que devia ser e que deixo adormecido e que tu pareces sem querer ter o condão de despertar qual fada sem varinha mágica.


Assim, nesta noite, e porque nos sonhos e no papel em branco tudo pode acontecer, esta noite só te peço uma coisa...

Leva-me contigo para esse refúgio onde habitas, onde a aurora beija a liberdade, desvenda-me alguns dos teus segredos, torna-me um bocadinho teu nesta noite, faz com que a tua voz doce e melodiosa possa ser o último som que sinta a sussurrar nos meus ouvidos antes de adormecer...a tua voz a contar-me histórias que fazem ser o que és hoje, mas sem subterfúgios nem labirintos. Simplesmente tu.
Leva-me para outra dimensão, onde eu possa ser notado e aí nesse mundo paralelo, me deixes ver-te sem quaisquer medos ou receios que a tua beleza possa ferir-me, quanto mais não seja, por saber que no universo real ela nunca poderá ser minha....


No final poderia dizer-te que não há palavras possíveis para te descrever nem descrever a experiência que é a oportunidade da partilha...de como bom é partilhares algo comigo, por mais pequeno que possa parecer para ti.
Poder dizer-te que a tua realidade, e a prova de que és real, faz com que todas as ilusões e sonhos que hoje originas, se transformem em pó quando confrontados com o magnetismo da tua personalidade, aqela que deixas atrás das cortinas, que não levas a palco, uma personalidade tão forte e encantada, capaz de cativar a mais solitária, invisível e perdida das almas.


Até lá não serás nem heroína nem fruto de ilusão..serás minha musa. Serás o limite dos meus sonhos. O degrau que sempre me faltará trepar, aquela pessoa que ficou para trás, a palavra que ficou por dizer, o caminho certo que ficou por tomar, o beijo que se fez manhã que ficou por se concretizar...


A noite vai longe? Talvez, mas ao escrever é como se te pudesse ver...e fechando os olhos e vendo o teu olhar quando sorri, isso vale bem mais que uma noite sem dormir. Livre e selvagem como o teu espírito.


Por isso vou deixando o meu coração aberto...deixo nele um espaço para ti. Tal como quando deixo em branco um espaço no meu caderno de pensamentos dispersos...deixando-o vago para a palavra certa, a palavra que faz com que tudo o resto ganhe dimensão e faça todo o sentido.
Assim, deixo-te esse pequeno espaço para que te sintas livre de aparecer a qualquer hora do dia ou da noite, e poderes assim ser a doce musa que me apura os sentidos, a mulher de espírito indomável que me provoca insónias, e os sonhos com céu cor de baunilha e nuvens feitas de algodão.

A mulher de sorriso tão brilhante que é capaz de iluminar qualquer recanto da minha mente, olhos tão poderosos e misteriosos capazes de intrigar e apaixonar o rapaz coberto de espinhos, que se expõe perante a hipótese remota de te poder abraçar e de contigo ser devolvido ao império das emoções.

Que se deixa enfeitiçar pela tua personalidade apaixonante e que para isso se dispõe a sair do seu casulo e se arriscar na experiência bela que a vida nos oferece, aleatoriedade de, quando menos se espera, poder encontrar um sonho vestido de menina/mulher, um sonho tão forte, que faz com que todos os alicerces sejam abalados e que as prioridades e certezas sejam colocadas em causa...Um sonho real tão forte, que nos faz ser capazes de colocar os espinhos de parte e expor um pouquinho do nosso mundinho bizarro, mesmo que para isso tenhamos que nos expor ao ridículo, à rejeição e à dor que ela acarreta...mas o facto de nos sentirmos vivos por poder sentir tantas emoções ao mesmo tempo e por estarmos dispostos a ir a jogo.

A hipótese de lutarmos contra o todas as verdades e certezas absolutas que fomos erguendo com o acumular de experiências.

A capacidade de nos reconstruirmos e nesse processo nos reencontrarmos.

No final dessa viagem, seja qual for o desfecho, acho que terá valido a pena descobrir que o mundo ainda nos guarda pessoas capazes de nos fazerem sentir mais vivos que nunca. Como se as manhãs ganhassem melodia, como se os finais de tarde fossem pintados a lápis de cor.

A capacidade de a simples imagem de alguém fosse capaz de reconstruir a forma como nos relacionamos com o mundo e com o tempo.

Como se fosse possível milagres acontecerem todos os dias e fosse possível apanhar uma estrela cadente com as nossas próprias mãos.
Que preciso eu fazer?

O que é preciso para te cativar? Para me veres como merecedor da tua atenção?

Como conseguir que o teu doce olhar se cruze com o meu mais vezes?

Being a rock star? Ser mais corajoso, mais destemido?

Quantos muros terei que saltar? Devo seguir o culto da beleza? Quantos livros terei que ler?Quantas experiências extremas terei que ter, quantas histórias para contar? O que é necessário para te impressionar?

Diz-me a quantidade certa de sinceridade e sensibilidade e a dose certa de coragem...dá-me a receita mágica para que seja possível conseguir roubar-te o coração nem que seja por um minuto...

Quantos mais kms terei que percorrer até descobrir o caminho certo, até saber qual é aquele caminho que me levará até ti...?



"Quanto mais longe, mais perto de ti."


sábado, 5 de novembro de 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

If I had a gun.




"If I had a gun
I'd shoot a hole into the sun
Love would burn the city down for you
If I had the time
I'd stop the world and make you mine
And everyday would stay the same with you

Give you back the dream
Show you now what might have been
For the tears you cried would fade away
I'll be by your side
When they come and say goodbye
We will live to find another day
(...)

Let me fly you to the moon
My eyes have always
Followed you around the room
'Cause you're the only
God that I've ever need
I'm holding on and waiting for the moment
To find me

If I had a gun
I'd shoot a hole into the sun
Love would burn this city down for you."


sábado, 22 de outubro de 2011

Sonho meu.



Eu quero sair para longe daqui.
Quero sentir o que um dia senti.

Eu quero fugir, arranjar uma maneira de escapar desta prisão que criei em mim.
Não sei como o vou fazer sem uma bússula para me guia... sei que hoje não tenho direcção.
 Só sei que quero sentir o que um dia sonhei...

Se um dia eu pudesse te contar como foi....
Agora já tudo mudou...
O que sou já não tem razão, já não chove qualquer emoção...

Por onde vou o que foi já não é nem está
O tempo faz-me sentir algo mas é como ver um sonho de perto sem lhe poder tocar.

É como se tudo que me definisse tivesse ficado bem longe num sonho que eu quero abraçar para nunca mais largar...mas é um sonho que quanto mais profundo se torna e quando parece que mais perto estou, eis que tudo se desvanece e nem sequer lhe consigo tocar.
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Não me interpretes mal, eu agradeço o espaço que ainda tenho, o tempo que me é dado e as oportunidades que me são confiadas por pessoas que se esforçam para que o meu mundo não pare de girar...
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Agora talvez chegue um dia em que eu vou ter que me refugiar...
Será que um dia eu vou poder-te verdadeiramente abraçar e encher o meu peito de emoção?
Agora que tudo mudou eu já não sei mais quem sou, não encontro em nada uma razão, não consigo encontrar qual a minha direcção, parece tudo o que vivi não passou de uma ilusão...
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Por onde vou é como paralizar...É querer agarrar um tempo que já não posso tocar...
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Bem longe ,ficou tudo guardado num sonho meu...sonho esse no qual eu quero abraçar e voar nas suas asas...
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Eu sei que nunca me dei mas talvez não o possa mais fazer, porque num tempo perdido fiquei...
Se ao menos eu pudesse recuperar o espírito que fazia caminhar dia após dia e sentir ao mínimo sopro de encanto, e que conseguia sentir a textura do sonho mesmo sem precisar de o tocar, bastava imaginá-lo vezes e vezes sem conta a cada nada que encontrava no meu dia-a-dia.
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Agora que tudo mudou, o que vejo no espelho é uma aberração.
Não tenho palavras que possam aquecer corações nem a força sequer para me levantar, quanto mais para amparar as quedas dos que mais gosto.
Sou como uma pequena árvore que ao crescer se esperava que fosse bonita e com folhas ricas e vistosas, mas que na verdade acaba por nunca crescer efectivamente, fica sempre a meio caminho de ser algo, torna-se um embaraço e uma desilusão para quem tanto a tentou regar na esperança de se tornar algo grandioso e belo.
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No local escuro onde me encontro não vejo um sorriso que ilumine a saída deste labirinto, mas quero que saibas que eu nunca desisti de tentar...Não irei fraquejar, mas estarei sempre bem longe..provavelmente à procura de um sonho meu, na terra dos sonhos perdidos, à espera de me encontrar para então me poder resgatar e tentar voltar...Sei que o mundo real avança, por isso não vale a pena esperar.
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Por onde fores será melhor eu não estar, pois tal como hoje eu posso sentir o sonho mas nunca o consigo tocar, tu poderás tocar-me mas nunc conseguirás sentir-me, nem despertar o fogo perdido dentro de mim.
Estarei sempre bem longe...num sonho meu, à espera de o conseguir agarrar para nunca mais o deixar escapar...
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Por mais  raios de sol o mundo me ofereça lá fora, o mais provável é encontrares-me à procura do sonho meu, sempre numa busca incessante até o conseguir tocar, por mais improvável que isso seja ou até mesmo impossível...
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Assim que, quem sabe, se quiseres ler a minha alma e quiseres mesmo tocar-me, me encontres um dia nesse sonho meu...


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Que a música continue a tocar...



Porque é que hoje sorris?
Talvez por estares a kms de distância daqui...
Consegues ainda ouvir o som desta cidade? O disco arranhado no vinil quase em vias de extinção...?

Para ti é mais fácil, tu estás a sentir o mundo a abraçar-te enquanto eu o sinto a pesar nos meus ombros.
É uma questão da forma como se encara a batida e o som que da canção que nos alimenta desde sempre.
Uma questão de percepção, talvez eu tenha entendido mal a mensagem ou então tenho-me deixado afundar nela.
Tu sentes o vento na cara nos teus voos, eu apenas o posso imaginar em sonhos. A chuva não te queima na pele, sentes-te beijado por ela.
Por aqui enquanto a fé for feita numa moldura pequena, apenas da minha janela poderei olhar o horizonte, não muitas vezes , por ter medo que ele perca o encanto... mas de vez em quando admirá-lo e imaginar o ar que se respirará lá fora, e imaginar os locais por onde viajas e como deve ser ter essas emoções todas a fervilhar dentro de ti sem medo de te atirares a elas qual aventureiro sem medo...Emoções que eu apenas posso imaginar que seriam mais que suficientes para encher o meu pequeno caderno e que encadeariam de luz e magia ao ponto de queimar o ecrã onde procuro emoções narradas.
Diz-me os locais que viste, as pessoas que conheceste, o que viveste ou sentiste...Do meu quarto apenas posso tentar imaginar, nem em sonhos consigo chegar perto...sabes, podes não saber, mas nos dias que correm os sonhos estão cada vez mais caros...
Diz-me, descreve-me por palavras aquilo que só consigo encontrar em poesia, numa imagem ou num aroma, diz-me a que sabe a liberdade....Diz-me como é viajar assim..Para que eu possa sentir a textura de como é poder sentir que tocamos nos nossos mais ousados sonhos....O meu único veículo que disponho é o da imaginação que também já foi maior...Tu e as tuas experiências...poderia encher uma partitura com novos sons e outros retocados, e criar sonoridades que nunca sonhei existirem...

Até à vista então, espero que um dia te recordes outra vez da canção, nem todos podemos estar sempre no mesmo tom, mas a vida continuam o som não pára por mais que o ritmo abrande ou não...

Porque é que hoje a dor que trazias desapareceu no céu azul? Dava um diamante pelo sorriso que hoje apresentas, pela honestidade com que ele aparece...Não deve ser fácil conseguir chegar a esse estado.
Mas se trocava um diamante por ele, dava um milhão deles por todas as emoções e vida que trazes dentro de ti.
Diz-me, partilha comigo o segredo de estar e não estar, de ser e não ser e certamente cativarás assim para sempre o meu fascínio e atenção.
Como é que o fazes?
.
Vês aquele pássaro azul que se confunde com o céu? Será que o consegues tocar?
Será ele tão livre e irreverente como o teu coração e a tua alma?
Até sempre então, mesmo sem querer, deixaste comigo o som desta canção dentro da minha mente, só o futuro me poderá dizer o que farei com ela.
Talvez um dia , tal como tu, eu possa sozinho acompanhar o som da manhã e voar livre tal e qual aquele pássaro azul que parece ser o reflexo da tua alma.

Porque voaste para tão longe e como nunca ficas muito tempo no mesmo local, apesar de deixares um pouco de ti em todos os locais, não tens tanto medo de perder...sabes que ganhaste mais do que perdeste a cada partida, a cada chegada, em cada reencontro, e ganhas sempre a cada lembrança...
Assim nunca tens medo de perder...Por mais longe que estejas se calhar  ficas de certa forma mais perto do que aqueles que ficam para trás...Por vezes deves sentir-te no topo do Mundo...

Até à vista então, sei que por onde quer que passes, deixarás a tua palavra espalhada e deixarás laços criados. Eu por aqui fico..Nesta cidade sem luz nem sombra...mas enquanto escuto a canção e procuro novos caminhos por desbravar para poder um dia voar como tu, tento guardar a música na minha mente, para não me esquecer das palavras e da magia da melodia...pode ser que assim um dia, quem sabe, as palavras se transformem em actos e eu efectivamente tente...
.
Aí pode ser que então nos cruzemos e que façamos um dueto e logo veremos como reagirá a plateia...Se criaremos um momento de ouro, ou simplesmente viraremos pedras e o encanto se perderá.
.
Até lá é só deixar que a música continue a tocar e esperar encontrar nela a razão que faz com que uns sejam capazes de pairar sobre a lua  e outros não...


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Wasted




Every time you close a door and nothing opens in its place you've wasted
And when you speak the words you know to those who know the words themselves you're wasted,
You're such a classic waste of cool, so afraid to break the rules in all the wrong places
Have I said I hate to see you go...?hate to see you go...


terça-feira, 18 de outubro de 2011

I'm still here...The beat goes on.





"In the eye of the storm there's no right and no wrong...
(...)
And it's not the end of the world oh no
It's not even the end of the day

(...)
Still life remains
Somewhere in my heart the beat goes on..."
 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Culto da Personalidade.


Olha para mim. O que é que vês? Esquece, nada do que vejas é verdadeiramente real. O que sentes não é o
que sou, o que tentas derrubar não consegues sequer sentir . Sou várias personalidades que se guiam por um único culto. Sou aquilo que queres ver, sou aquilo que queres sentir, a pessoa que queres acreditar que pode ir de encontro às tuas pretensões e crenças.
Não tenho sede nem propósito. Não tenho tempo nem lugar, sou um asilo de almas perdidas que buscam o caminho para a salvação. Para que não tenham que cair a pique com a exposição ao que verdadeiramente sou.

Eu sei o meu caminho, e sei que ele não tem trilho para percorrer. Apenas vagueio por cidades destruídas e impregnadas de solidão.
Sou irreverente, sou intocável.
Sou uma muralha que não pode ser derrubada a não ser por dentro...mas para isso é preciso nascer a pessoa com a capacidade de a superar.
Sou a revolta sem voz, sou o templo dos sonhos por cumprir, e a força da resiliência de não deixar que nada me mantenha colado ao chão.
A minha única certeza é no culto da personalidade.

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Sou os teus sonhos, a tua ilusão por dias melhores, a tua esperança, sei os locais que queres conhecer, sei a pessoa que queres ser, sei o que te faz sentir livre.
Sinto a tua raiva, sinto a tua desilusão, não me peças para partilhar lágrimas. Sou capaz de armazenar os sentimentos mais carregados, mais negros e mais fortes sem ter que os partilhar. Sou um lobo solitário.
Consigo cativar com o meu uivo e visto ao longe, posso até aparentar algum fascínio e beleza, mas basta tentares chegar perto e o mais certo é não escapares ilesa.
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Sou invisível e impenetrável.
Não sou imperfeito, porque teriam q inventar uma nova palavra para mim para me distanciar ainda mais de qualquer laivo de imperfeição.
Sou uma hecatombe muitas vezes para os outros e para mim, logo o melhor é não chegarem perto.
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Sou egocêntrico,egomaníaco, sou todas as palavras bonitas que queiras utilizar para algo feio.
Sou intolerante, posso ser encantador, sou persistente, posso ser encantador ou simplesmente generoso, mas não te iludas com feches de luz...o meu coração é negro.
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Sou o caminho e a mestria da  dor acumulada em cima de dor.
Sou a raiz do medo que me consome e que é capaz de assustar qualquer um que a tente entender, sou a leviandade sou a loucura genialmente inconsistente.
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Não esperes de mim nenhum prémio Nobel, nem algo de brilhante...Não esperes que possa ser lapidado ou moldado, a minha especialidade é desconstruir
Sou lúcido, vejo os sentimentos despidos e não preciso de ornamentar a realidade com classificações deturpadas.
Sou mais oportunista que a sorte ou azar, sou mais rebelde que a maré, ainda que para isso tenham que ser capazes de incendiar o meu coração.
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Sou intocável, irascível, impenetrável.
Já caí muitas vezes, já não sobram marcas para deixarem em mim... Não me conseguem fazer mais dor do que a auto infligida ou sequer arranjar um novo arranhão sequer na minha alma.
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Como disse, já caí,mas está para nascer a alma humana capaz de me deixar estendido no chão.
Eu não cedo, não procuro, não choro pelo que não terei ou pelo que tive ou pelo que tenho, eu sou a personificação de Narciso...com uma diferença, eu não sou narcisista porque eu sou melhor que ele.
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Luto contra a minha própria resiliência todos os dias e nada exercita mais os meus músculos que não podem ser trabalhados num ginásio qualquer.
Estou além do culto do corpo e da alma.
Tenta acordar o meu ego e encontrarás a força e a imprevisibilidade brutal de um comboio a descarrilar.
Sim eu sou o culpado de todas as tuas acusações.
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Nem eu sei até onde posso ir.
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Achas conhecer-me? Nem imaginas os limites que sou capaz de ultrapassar.
Esta loucura que me consome fez-me ser extremo , saltar bem longe e ao mesmo tempo adormecer os sentidos sem nunca conseguir no entanto descansar a minha mente.
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Consigo espreitar o perigo a cada esquina, a cada encontro e desencontro.
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Não gosto de parasitas, não me guio por partidos, posições generalizadas ou razoabilidade democrática.
Não acredito em nada a não ser no inacreditável e o meu único culto é...o culto da personalidade.
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Não há água suficiente no Mundo para afogar o fogo que trago dentro de mim.
Consegues mesmo ter a coragem para olhar bem fundo dos meus olhos sem desviar o olhar? Ou terás medo do que possas encontrar ou não encontrar?
Se os vires bem de perto verás que não têm fundo.
Não há nada mais assustador do que alguém que pode ferir ou magoar pela força da sua ausência ou da sua omissão.
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Sou um guerreiro sem missão, apenas me protejo de tudo o que possa constituir ameaça à minha fortaleza.
As minhas armas? Dá-me tempo de antena e a tua atenção e verás que as minhas palavras funcionarão como pequenas bombas capazes de destruir tudo e todos à sua volta.
A força da sua ausência pode derrotar a mais forte das espécies que tente desafiar e tenha a audácia de querer atravessar o muro e o que sentirá será a sabor do betão contra o qual embaterá.
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Serei invencível? Não? Um guerreiro então? Rebelde sem causa? Não sei o que é lutar por uma causa a não ser pela minha própria sobrevivência.
Caminho só e o meu único culto é o o culto da personalidade.
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Julgas que me conheces?
Julgas que sabes de onde venho e por onde passei?
De que matéria sou feito?
Então entraste na toca do lobo...o sobrevivente da era do gelo...
Pode parecer ao longe enigmático e por isso de certa forma algo belo e interessante, quase dócil...mas tenta chegar perto e verás que sairás magoada.
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Julgavas poder salvar-me? Salvar-me de quê?
As vozes e demónios que habitam em mim são os meus companheiros mais fieis.
Eles ouvem-me e sabem o que não faço e o que não sinto, mas sabem também que isto será sempre uma guerra sem fim, sem vencedores, apenas vencidos.
Não me vergarei perante nenhuma pessoa.
Ninguém terá o poder de me mudar por dentro.
Antes disso acontecer já terão saído com o coração chamuscado ao tentarem receber qualquer tipo de amor ou compaixão de minha parte.
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Não esperes de mim nada a não ser o incerto
Se queres segurança, aconselho-te a apertares bem o cinto se queres seguir nesta viagem ou então correr para bem longe.
Se queres certezas o melhor é perceberes que para isso seria preciso um mandato de captura para prenderes o meu coração... Se queres a minha alma,aconselho-te primeiro a tentares apanhar e manter cativo o vento com as tuas próprias mãos...

Vais virar as costas e ir-te embora?
O que farás quando estiveres envolvida na teia do homem sem alma? o homem deslocado da realidade e das emoções corriqueiras e banais?
Aquele não acredita na redenção ou na beleza perfeita, apenas na dor como a mais real das verdades?
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Vais tentar fugir?Vais tentar esquecer?
Tenta algo novo. Isso apenas me alimenta e fortalece as premissas pelas quais me guio, são apenas mais umas balas de borracha na minha muralha.
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É um sopro a mais para o furacão que é o culto da personalidade.

sábado, 15 de outubro de 2011

Espero que tenhas guardado o meu coração contigo.





Esta noite vazia, esta estrada feita de sonhos desfeitos e rostos desfocados, é mais do que aquilo que eu consigo enfrentar...No entanto, a única coisa que alguma vez tive, que alguma vez senti como sendo a verdade, ainda que fosse a minha verdade, essa já não a tenho...confiei-a a ti.

Não sei se aguento mais uma noite assim...descer uma vez mais por esse vale, passar novamente pelo rio tumultuoso de dúvidas, receios e incertezas...

Se ao menos pudesse voltar atrás...aí poderia dizer-te que eu deixaria de caminhar os meus desejos por ti...

Assim, daquela vez em que te disse que só o amor não chega...desta vez poderia substituir por " nada sem o teu amor é suficiente...nunca fica completo...é uma eterna insatisfação".

As vezes em que os nossos corpos se uniam era a minha certeza inabalável numa lógica existencial...Que todo o universo tinha um sentido, todos tinhamos um papel e uma jornada, mas que no final, acabariamos por encontrar e chocar...não com a nossa alma gêmea ...mas com a nossa pessoa. Real, com defeitos e virtudes, mas que no momento em que esse choque se desse,nós saberíamos...que era essa a nossa pessoa. Isso fazia com que tudo o que tinhamos vivido, experiementado, pensado, sentido, todas as dúvidas e questões deixassem de ter sentido e era como se encontrássemos a nossa casa...
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Porém a única coisa que tinha de verdadeiramente minha, foi-me sendo arrancada do peito  lentamente,suavemente e da forma mais doce e terna possível...
Ágora sobra apenas um vazio preenchido por pó de cartas e lembranças de um tempo q já não é tempo, fantasmas e recordações imaginárias de uma vida que nunca cheguei a viver a não ser nesse espaço vazio que deixaste...
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Num determinado momento, achei que me levarias contigo fosses para onde fosses...que juntos desafiaríamos o mundo das probabilidades e o infinito...Que juntos, a tua mão na minha, poderiamos flutuar sp, acima de tudo e todos...
Que seria o teu meigo mas seguro olhar que me guiaria na escuridão...
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No entanto, hoje em dia habito num palácio velho, que outrora faria corar de vergonha o mais rico dos reis, mas que hoje em dia não passa de um velho palácio de beijos roubados, onde as luzes cor de mel foram-se transformando em sombras incompletas...Sombras que foram sendo substituídas por uma série de desenhos, desejos, palavras soltas, tudo desordenado, sem sentido.

Pensamentos soltos, presos a um pequeno caderno, na esperança de que por magia nele possa construir um novo mundo...mesmo que falte a parte mais importante para que ele possa existir...
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Nas noites brancas feitas de cristal, com a mais triste e ao mesmo tempo mais bonita das paisagens...Parece que conseguia pressentir que um bocadinho de mim já por ali havia passado...
Na luz que desaparecia no horizonte contemplado desde a janela de um comboio, carro ou camioneta qualquer, independentemente do destino...era aí que eu estava...que de certa forma te(me) encontrava...naquele exacto momento em que o sol desaparece no horizonte...e que por momentos é como se nada mais tivesse importância à nossa volta, e desejamos prolongar ao máximo aquela visão,aquele momento,o máximo de tempo possível...e depois...acordamos.
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Sim, eu sei que provavelmente me dirias que tudo não passou de um mal entendido, de uma imagem criada como que se nos pintássemos num sonho com aguarelas que nunca soube manejar a n ser na minha mente...Provavelmente dirás que tudo fazia parte de um jogo, não sei se lhe poderemos chamar de vida...apenas isso.Mas ainda assim, sinto cravado na pele o perfume de várias noites mágica, e  cada gesto ou pensamento perdido sinto que te deixei o que era mais meu, a maior das verdades, a história que nc conseguira contar ou escrever...Por isso espero que o tenhas guardado...O que me ligou mais à realidade como ela deveria ser por mais irreal que hoje ela possa parecer...Essa percepção,desse instante irrepetível...a isso deveria chamar-se realidade...Por isso esoero que tenhas guardado o meu coração contigo.
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Espero que não o tenhas partido e que ele não se tenha transformado em fragmentos perdidos...que com ele ainda consigas carregar esperança e paixão pelo inexplicável e pela a capacidade de nunca parar de sonhar....Que nele ainda encontres capacidade suficiente para encher o balão imaginário que nos faria dar a volta ao mundo e descobrir novos locais para deixarem de ser do mundo para passarem a ser só nossos...A tua mão na minha...O olhar fixo um no outro...E bem lá do alto, contemplando o que de mais bonito há, desviar o olhar, olhar bem no fundo dos teus olhos e sorrir por ainda assim, por mais q olhe à volta do nosso balão, não encontro nada mais belo e cativante do que vejo mesmo à minha frente...E assim em comunhão com o a natureza e todo o universo que nos observa, beijar-te e assim fazer para o tempo...Sem ter que pensar no depois. Sem alvorada que nos detenha...
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Espero que ainda o guardes...Que na tua vida funcione como uma bússula nos momentos tristes e difíceis em que tenhas dúvidas da tua força e beleza combinadas...Que quando te sintas perdida, que funcione como um bilhete mágico para uma última sessão num cinema antigo de uma cidade encantada, e que possas embarcar numa viagem de emoções e sentimentos à flor da pele...para que nunca tenhas que perder esse sabor...
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Espero ser mais do que fui outrora, ainda que agora só tenhas uma parte de mim, ainda que a mais importante...
Que não sobrem apenas lágrimas,dor, ressentimento...Que o nosso beijo não seja apenas um souvenir mais que guardas na tua gaveta de afectos perdidos...Pois se há algo que eu sei, ou que pelo menos quero acreditar que sei, é o que eu fui perante ti...o que graças a ti consegui, ainda que por breves momentos ser...O que consegui construir e o que a ti te confiei...talvez por saber que ninguém o guardaria melhor...
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O mais puro mas também o mais real que eu tinha para dar... O que tinha de mais apaixonante e que me fazia não ter medo de crescer...por saber nessa alura que teria sempre as tuas pegadas ao lado das minhas numa qualquer praia encantada...fosse qual fosse a direcção...
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O simples facto de estares a meu lado faria com que não houvesse local mais certo, perfeito e apropriado para se ser ou estar, pq em todos eles estaria em casa, enquanto estivessemos juntos nunca me sentiria distante...
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Eu pensava que seria sempre o teu barco no cais. Que seria capaz de te fazer ver todos os dias a forma mágica como conseguias dar côr a todos os meus dias com as mais variadas expressões que fazias e que eu adorava memorizá-las, como me era fácil sentir apaixonado por cada uma delas ainda que já as conhecesse de cor...
Como o som da tua voz me fazia sentir tão calmo, tão em paz... como a simples memória dos teus traços desenhados num céu estrelado me conseguiam fazer suspirar de felicidade...
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Eu sei, de certa forma deixei-me cair de uma forma retumbante e depois ao sacudir a poeira e de me levantar, por mais que tentasse, havia uma enorme névoa que não me fazia ser capaz de ver com a acuídade de outrora...não conseguia voltar a casa, não conseguia voltar a ti...Era como se me tivesse transformado num viajante, sem local certo para ir e sem saber o caminho para ficar...
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Pelo meio do caminho que trilhei, encontrei vários pedaços de ti espalhados pelos mais diversos lugares e pessoas, mas a soma das partes nunca serviu para apagar o que senti naquela noite em que te deixei o que de mais valioso tinha para dar...Naquela noite em que soube que fosse para onde fosse, deixaria o meu coração contigo...
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Ainda procuro por vezes, aquele olhar de menina/mulher tão orgulhosamente doce e terna...que por mais orgulho que tivesse e não me pedisse por palavras, em olhares, gestos e silêncios me pedia que a deixasse entrar no meu pequeno mundo...e a deixasse vê-la através dos meus olhos na vã esperança de conseguir compreender como o olhar humano pode contemplar tamanha beleza e guardar tamanha emoção perante alguém sem ferir ou magoar e sem ser fruto de uma ilusão...
Poder viver como eu vivia, como se tratasse de um sonho lúcido, todos os dias, mas num em que não tinha que ter medo de acordar, em que podia apreciar cada pormenor,pq efectivamente estava a acontecer magia todos os dias...à medida que mais fundo íamos no sonho, mais quimérico ele se parecia tornar e ao mesmo tempo ser cada mais real e palpável. Um doce sabor de realidade coberta de sonho.
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Ela gostava de sentir-se observada por mim.Que a fizesse ver o quão bonita ela era em todos os momentos do dia,,,Ao mesmo tempo pedia para que acreditasse nela, que a deixasse entrar no meu mundinho estranho, que ela seria sempre como que o meu anjo salvador, capaz de me dizer que tudo estava bem e que só o sussurro da sua voz no meu ouvido, tinha efectivamente esse poder...
Que derrubando as barreiras entre os nossos dois mundos,poderiamos formar um só...nosso. Um mundo que ninguém poderia entender mas que seria indestrutível...
Assim ela seria o meu anjo salvador e em troca apenas me pedia que com o meu abraço, que a abraçasse com força e ternura suficiente de forma a fazê-la sentir que nunca mais se sentiria só, nem por um segundo sequer.
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Pensei que tinhamos construído uma  fortaleza indestrutível, que o nosso mundo era de facto impenetrável, mas nunca conseguir avistar ou ponderar sequer a possibilidade de mesmo dentro desse mundo, ser eu a perder-me...
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Pensava ter visto uma eternidade contigo. Dois velhinhos de mão dada como da 1ª vez, no mesmo jardim...duas almas jovens de amor....Não era um livro que li, ou um flme que revi mais de mil vezes, eramos tu e eu...
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Parece que revejo essa imagem vezes sem conta, várias imagens avulsas,umas reais outras ficcionadas...No entanto, no nfinal de tudo, por mais distante e por maior que fosse a fuga um do outro, sentia que de certa forma fugiamos em círculos até ao ponto em que no final de tudo, chocaríamos novamente, como no príncipio.,..o universo faria outra vez sentido. Tudo teria sido apenas uma longa jornada para que nos pudéssemos encontrar como nunca até esse momento...Que não obstante as histórias para contar, as influências, as mudanças, as alterações no corpo e na alma, que no final voltariamos a ser tu e eu...Mais um início, um capítulo mais da nossa história,mas desta vez sem um fim...
Mas para que tudo isso fosse possível era necessário uma coisa fundamental..Que tenhas guardado o meu coração contigo e não o tenhas perdido ao longo da viagem...
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E sabendo agora, nos dias que passam, que não te posso ver, sentir ou tocar, espero que numa noite qualquer, como que por magia as janelas do meu quarto se abram e eu possa trepar bem alto no céu estrelado e escolher a estrela mais reluzente, e dela te conseguir avistar, estejas onde estiveres...poder contemplar-te ainda que ao longe, e ainda que por breves momentos saber...ter a certeza que ainda o tens...que ele ainda bate dentro de ti...que guardaste o meu coração contigo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Waking Life





http://youtu.be/s0TvZRcwz4I




"The worst mistake that you can make is to think you're alive when really you're asleep in life's waiting room
The trick is to combine your waking rational abilities with the infinite possibilities of your dreams. Because, if you can do that, you can do anything.

Did you ever have a job that you hated and worked real hard at? A long, hard day of work. Finally you get to go home, get in bed, close your eyes and immediately you wake up and realize... that the whole day at work had been a dream. It's bad enough that you sell your waking life for minimum wage, but now they get your dreams for free..."

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Up on the roof.



When this old world starts getting me down
And people are just too much for me to face
I climb way up to the top of the stairs
And all my cares just drift right in to space

 
On the roof it's peaceful as can be
And there the world below can't bother me

Let me tell you now

When I come home feelin' tired and beat
I go up where the air is fresh and sweet
I get away from the hustling crowds
And all that rat race noise down in the streets

On the roof's the only place I know
Where you just have to wish to make it so

Oh, let's go
up on the roof

At night the stars put on a show for free
And darling, you can share it all with me
I keep a-telling you
Right smack down in the middle of town
I found a paradise that's trouble proof
So if this world starts getting you down
there's room enough for two up on the roof

Up on the roof
Everyhting's all right
Up on the roof
Oh, come on baby
Up on the roof
Up on the roof

No dia em que...

Quando tudo está mal em nós
E o mundo parece cinzento
Quando a luz se evapora num sopro inconsciente e seco
Então,aí promete-me...
Que te verei no final.

Quando o calor se tornar insuportável e queimar a alma
e o som do silêncio deixar de ser calmo e doce
No dia em que me esquecer do amor de verão e a areia apenas queime e a maresia perca o sabor
diz-me que no fim ver-te-ei.

Quando o tempo deixar de fazer sentido
e o passado for já apenas uma tão dolorosa não existência que se desvanece como a memória de um 1º beijo encantado...
No dia em que quiser fugir, desaparecer,e ficar parado no meio de uma história interminável, diz-me,promete-me que lá chegado, estarei contigo.

Quando o meu corpo se tornar tão feio e impefeito quanto a minha alma.
Quando a dor e o remorso suplantarem o esplendor do raiar da aurora..
Quando deixar de me sentir aquecido pelo frio aconhegante daquela paisagem idílica de Outono..
No dia em que o meu coração deixar de chorar e simplesmente secar, diz-me que te verei no final.

No dia em que a memória ( eu eu próprio) me falhar e me esquecer de quem um dia me imaginei ser...
No dia em que eu próprio preferir que ela me falhe...
No dia em que já não existam nuvens falta de algodão que me façam querer viajar entre elas, e em que prefira fixar um ponto na parede e que já não haja um raio da luz lá fora que me convide a sair do meu casulo, nem um sol de inverno ao final da tarde  que me abrace e aqueça o coração...Nesse dia, em que me vejo apanhado e preso nesse interstício cósmico...simplesmente diz-me que estarás comigo.

Eu esperaria por ti...

No dia  em que o mais pequeno e inesperado dos gestos seja incapaz de me conseguir arrancar um sorriso...
Quando chegar o dia em que nºao existam mais locais na minha mente para onde possa migrar e refugiar-me, e perca essa capacidade de viajar nos seus meandros para locais mais agradáveis...Quando deixe de haver locais para me abrigar das tempestades e do frio que faz lá fora...
No dia em que parar de haver algo de inexplicavelmente mágico no antes de um qualquer amanhecer...diz-me que estarei contigo.



No dia em que a caixa de música parar de tocar...
No dia em que os aviões deixarem de voar, em que já não haja aquele ponto de encontro entre partidas e chegadas...
No dia em que o pano cair e deixar de ouvir ao longe as  pancadas de Moliére e me tornar incapaz de representar mais , ou simplesmente já não conseguir cativar o interesse seja de quem for...
No dia em que a réstia de pózinho mágico de encanto e ousadia ou loucura poética  que ainda possam restar dentro de mim desaparecerem, na última fila...promete-me, que te verei nessa altura.

No dia em que o caminho tenha feito de mim não um viajante sem rota, mas antes um nómada sem sonhos à busca de um mapa...
Nesse dia, no dia em que as minhas pernas e o meu corpo não conseguirem aguentar mais o pó da estrada,diz-me que te verei no final, qual miragem...Diz-me que chegado ao final da estrada, estarei contigo.


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Midnight in Paris

E eis que após o Beginners me ter espantado pela sua qualidade, me vejo outra vez obrigado a escrever sobre outro excelente filme, este superando as minhas expectativas e surpreendendo-me, uma vez que não parti para o filme com expectativas muito altas.
De Woody Allen espera-se sempre filmes com um humor muito próprio, muito da sua personalidade numa das personagens, mas o facto é que este seu périplo pela Europa nem sempre vinha sendo pautado pelo sucesso…Desde que deixou de filmar em Nova York, parece que ficava sempre aquém do que se esperava de um filme seu.
Outros motivos de desconfiança prendiam-se não com todo o elenco (Rachel McAdams, Kathy Bates, Marion Coutillard são nomes que não oferecem grande discussão), mas a atribuição da responsabilidade a Owen Wilson de fazer o papel principal , de basicamente ser a extensão de Woody Aleen no filme, de o representar, parecia-me um fardo muito pesado para um actor que tem tido uma carreira de altos e baixos (com uma recente tentativa de suícidio), mas que sempre se tem destacado por fazer papéis muito idênticos em filmes de comédia bastante duvidosos.

No entanto, Woody Allen e o próprio Owen arranjaram o registo certo para este filme. Owen trouxe aquele lado trapalhão de Woddy, trouxe aquela paixão e ingenuidade e acima de tudo um pessimismo sonhador que se pedia. Não foi um Larry David (no whatever Works), mas também era difícil superar esse registo, e convém não esquecer que aqui previa-se que representasse um Allen mais jovem.
O filme aborda um tema que pode ser algo denso e pesado como é a Nostalgia de uma forma astuta, inteligente, cheia de pormenores de grande qualidade, com o humor à Woody Allen perfeitamente aguçado, desbloqueando uma série de teias complexas através de um desfecho e uma mensagem simples que são perceptíveis logo no inicio do filme mas que nem por isso nos faz perder interesse pelo seu desenvolvimento.
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O filme gira em torno da personagem de Owen Wilson, Gill Pender, um argumentista bem sucedido em Hollywood que faz uma viagem com a sua noiva e sogros a Paris, tudo isto enquanto vive numa crise de identidade e de confiança pois tenta escrever algo a sério( para ele o que ele faz no cinema é algo menor e sem substância), tenta escrever o seu 1º romance e espera que Paris uma cidade com a qual sempre sonhou o inspire…Cidade essa onde ele sempre sonhou viver, mas que por um motivo ou outro sempre se manteve preso à sua realidade e áquilo que lhe parecia mais palpável para o qual se conseguia safar bem. Mas Paris era uma referência para Gill.Uma cidade que acolheu nomes como Hemingway, Scott Fitzerald entre outros e que era vista como a cidade dos artistas, seria algo que talvez faria com que Gill conseguisse finalmente desembrulhar o romance e acima de todo dá-lo a conhecer. Sendo um pessimista apesar de bastante romântico relativamente ao que pretendia atingir, ele deposita na cidade e na sua magia as suas últimas esperanças antes de se comprometer com uma mulher fútil pseudo intelectual, que simplesmente prefere viver em Malibu e que não partilha nem apoia os devaneios literários de Gill nem acredita na forma como ele vê o Mundo.

Não consegue ver a magia de uma cidade à chuva como Gilll…Por exemplo. Pequenas grãos de areia que acabam por ser fundamentais, e aos quais Gill vai frchando os olhos e se vai deixando levar e com isso abdicando de todos os seus sonhos….. A sua noiva aproxima Gill do seu lado mais pessimista e conformista, de que se deveria cingir ao que tem por adquirido e não ousar por mais…Paris funciona como força catalisadora para alimentar o seu lado mais sonhador e criativo. A cidade apaixona-o e não pelos seus monumentos, pelas provas de vinho etc, apaixona-o pelos seus pormenores, pela poesia que se respira no ar.
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Nesta viagem não sendo suficiente a companhia dos seus sogros que também não são propriamente grandes amigos ou entusiastas da sua união com a filha, Gill tem ainda que lidar com um casal amigo da sua noiva. Um casal totalmente snob e representando mais uma vez a crítica social de Allen, sendo que a partir daí se desenvolvem uma série de actividades em conjunto onde o ex-namorado da sua futura esposa aproveita para se pavonear com toda a sua cultura e conhecimento, mesmo que para isso seja preciso ser indelicado por vezes até com Carla Brunni ( uma guia muito especial ) .
Farto de programas como provas de vinhos, visitas a museus etc etc, Gill um dia desmarca-se de uma saída para dançar ( sendo cada vez mais evidente que a sua presença e opiniões eram totalmente irrelevantes, principalmente para a sua noiva que admira muito mais a capacidade intelectual do marido da sua amiga do que propriamente as ideias bizarras do se noivo), e aproveita para passear sozinho pelas ruas de Paris à noite …
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Eis que a magia então acontece. Sentado, meio perdido e bastante alcoolizado nas escadas de uma igreja, quando escuta as doze badaladas, a magia acontece e vê um carro clássico dos anos 20 a aparecer com pessoas lá dentro a convidarem-no para se juntar à festa.
Aí é como se viajasse no tempo. Volta àquela que ele considerava a época dourada de Paris. Paris boémia, onde poetas, escritores, pintores, se juntavam e bebiam para lá da conta, trocavam ideias e em que a noite parecia nunca ter fim.

Este ritual começa a repetir-se todas as noites e Gill vê-se cada vez mais alheado do seu dia a dia real e à medida que viaja no tempo a inspiração parece fluir como nunca antes tinha sido capaz…, e cada vez mais preso a esse passado e a esse sentimento de nostalgia por uma época que para ele era mágica, e nesta altura podemos vê-lo a confraternizar com ídolos de sempre como Fitzgerald, Hemingway e outros grandes nomes como Dali, Picasso etc… Allen gere muito bem este tipo de encontros e acrescenta o humor certo e cria momentos bastante interessantes.
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Woody Allen neste filme arrisca mais do que o costume e dá-nos algo de isolado. Fantasia e magia no seu filme. O suficiente para que se consiga apreender aquilo que é para ele a nostalgia no bom e no mau e como é sentir-se fora de época. Como muitas pessoas já sentiram a necessidade ou desejo de terem nascido noutra época, sempre achando que aí seriam mais felizes e que as pessoas dessa época seriam mais felizes, quando no fundo isso é apenas uma fuga para não enfrentar o presente com a mesma paixão que se coloca nessa ilusão.
Essa desmontagem é feita através da personagem de Marion Cotillard pela qual Gill fica totalmente apaixonado. Ela própria promove uma viagem ao passado dentro do próprio passado, pois não via como Gill pudesse achar a era dourada a década de 20…para a personagem de Cotillard a sua época de sonho era a “belle époque”…
Isso funciona como o click que Gill necessitava para perceber. Em todas as épocas existiu nostalgia e insatisfação, em todas elas se falava do passado como tendo sido algo grandioso e mais esplendoroso do que viviam então…A nostalgia funciona como uma forma de protecção à falta de paixão e fantasia naquilo que colocamos de nós no nosso dia-a-dia na realidade que hoje vivemos.

E a conclusão de Allen é que isso deve não ser apagado mas canalizado para os dias de hoje…Não deixar os sonhos e a fantasia de lado, mas tentar fazer o melhor com o que temos do presente para a recriar e a reiventar ( numa perspectiva menos pessimista que a de whatever Works), uma perspectiva reconstrutiva.
Sabendo que independentemente da época é possível ainda sonhar e ser inspirado nas mais pequenas coisas…e que poderemos sempre encontrar alguém que saiba apreciar um belo passeio à chuva…que também seja capaz de captar e se apaixonar pela beleza de uma cidade à chuva…
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“Nostalgia is denial - denial of the painful present... the name for this denial is golden age thinking - the erroneous notion that a different time period is better than the one ones living in - its a flaw in the romantic imagination of those people who find it difficult to cope with the present.”


Alguns críticos acham que Allen poderia ter explorado mais a beleza da cidade, afinal já que estava em Paris poderia ter conseguido captar ainda mais a beleza da cidade das Luzes…No entanto não me parece que esse tenha sido o objectivo de Allen e ainda bem. Já bastava o exemplo de Vicky em que Allen fez um filme quase sem sabor, limitando-se a criar um postal ilustrado como uma história pelo meio.
Depois desse flop, Allen demonstra uma tendência…faz um grande filme, ao seu velho estilo, depois deixa passar uns quantos até se preparar para atirar-nos com outro grande filme.
Neste seu périplo pela Europa ainda tinha ficado por demonstrar algo de refrescante, de surpreendente e isso só aconteceu com Match Point e também é um filme que não se centra em Londres como o paradigma de todo o filme.
Não obstante o nome do filme incluir o nome da cidade. “Midnight in Paris” nãoe pretende ser um hino a Paris nem uma homenagem ou sequer um filme sobre a cidade.
É mais um filme sobre nostalgia e imaginação. Por isso logo no inicio do filme, Woody Allen atira-nos com uma série de clichés e de lugares comuns de Paris, com todos os seus maiores monumentos e locais de passagem obrigatória. Filmados de dia. São bonitos, agradáveis, e é sem dúvida uma cidade a visitar…Mas não é isso que Allen quer demonstrar. Ele quer demonstrar uma Paris que não existe hoje em dia e que porventura nunca terá existido sequer. Allen tenta mostrar-nos o que ele vê quando fecha os olhos e pensa em Paris e não aquilo que Paris é na realidade. Ele será o 1º a admitir que mesmo a forma como ele retrata os anos 20 é inexacta e ele próprio brinca um pouco com isso ao longo do filme e na discussão final entre afinal qual era a era dourada da cidade, se a os anos 20 se a bélle époque se a renaissance…É Paris da imaginação de Allen, uma nostalgia sobre um local que nunca existiu a não ser no seu imaginário.
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Assim sendo, entrei na sala esperando ver mais um filme de Woody Allen e saí tendo visto um filme de Woody Allen. Não apenas mais um. Atrevo-me a dizer que não fazia algo tão bom desde Match Point, filme que ele próprio considera um dos seus filmes mais bem conseguidos. Descentrando-se da obrigação de pintar uma cidade no ecrã e centrando-se na história e nos temas, Allen oferece-nos algo novo e algo mais seu.
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A minha relação com os filmes do Woody Allen é estranha. De miúdo vi muito poucos. Não suportava nem suporto Woody Allen como actor. Não sei explicar, é algo que simplesmente me irrita. No entanto com o passar dos anos fui vendo alguma da sua obra e vejo que o que mais me irrita nele é que consigo ver o cromo, a personagem dele com todas as suas idiossincrasias em todos os filmes, cheio de manias, medos, paranóias, pessimismo, desencanto misturado com uma vertente bastante romântica e sonhadora e revejo-me em vários traços daquela personalidade totalmente ridícula em muitos traços quando vejo de fora. E como depois tenho que acabar por admitir que vejo muito de mim em vários aspectos, no fundo, no fundo, o cromo sou eu, é como se me admirasse de fora e o que vejo é o ridículo levado ao extremo em forma de caricatura.
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Nostalgia é um tema recorrente para mim. Várias vezes me imagino a viver noutra época, como seria os 60s, 80s, como seria ter vivido nos antes da grande depressão nos EUA, como seria ter vivido noutros séculos etc. Talvez por isso, em busca dessa chama e o fascínio pelo passado o vivido e o imaginado, ficcionado, sempre me interessei por história, e sou capaz de estar horas a ver bipography channel como antes também me deslumbrava com o history channel e sempre me apaixonei por personagens históricas e filmes que retratem outras épocas..Talvez por isso seja tão chato com os meus pais e familiares com quem tenho mais à vontade, sempre a perguntar pela época deles, o que faziam, o que liam, o que ouviam, o que pensavam, o que sentiam…
Paris nunca foi tanto a minha obsessão, mas vejo essa magia em Londres e também e impossível não passear perto da Torre de Londres e ao largo do Tamisa e não imaginar com seria a antiga Londres…Daí gostar tanto da cidade, por conseguir conservar o clássico sem esquecer de lhe juntar a modernidade. É como viajar no tempo sem sair do mesmo espaço…
O que Allen nos diz é que se vivêssemos nessas épocas provavelmente encontraríamos pessoas como nós, a pensarem no passado, insatisfeitas com o seu presente e a endeusarem uma época que não viveram nem conheceram mas que através de estímulos vários, foram criando uma imagem que pode ser mais ou menos apurada do que se passava nessa época e de como seria
viver nela…O que basicamente indica, que nós próprios nessa época não deixaríamos de nos sentir insatisfeitos. É algo que está relacionado com a personalidade de cada um e aquilo que outro visionário António Variações, descreveria de forma simples nas suas canções “ estou bem onde não estou, eu só quero ir para onde não vou”..no fundo é estar sempre além…ou aquém.
Um filme a não perder, é sem dúvida uma excelente viagem e algo diferente do que temos visto de Allen sem se perder o seu lado biográfico com que assina todas as suas obras, sendo esta uma daquelas que entram para a galeria de obras de excepção…


Só espero que isto não significa que a sua próxima aventura, desta vez em Roma, não signifique um flop como a de Barcelona…Que não continue esta alternância entre um grande filme e depois outros medianos…Seria um desperdício não ter uma boa história para um elenco de luxo formado por: Penelope Cruz, Jesse Eisenberg, Ellen Page e Roberto Begnini.
Até lá, “we will always have Paris…” ;)