Quanto tempo achas que tardará até que a máscara que usas comece a queimar-te a pele e caia e o mundo veja o que tu vês no espelho todos os dias?
Até quando esse semi-sorriso poderá afastar as névoas, as questões essenciais, até quando poderás manter-te no meio do nevoeiro...Até quando poderás esconder uma lágrima cristalizada que trazes dentro...Quantas piadas, conversa de algibeira ou teorias poderás tu inventar para que ninguém mais o veja...?
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Não sei...Não sei se quero saber...É a resposta mais comum...
Toda esta camada que me protege do exterior, de magoar e sair magoado, deixa-me mais dentro, mais próximo de estados quase alucinogénicos que me aliviam a dor pequena do meu lado esquerdo. Chego tão dentro, como nunca antes, como nunca depois talvez...mas estou perto de quê? De me perder, de te perder? Sei que não quero sair.
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A dor do há-de vir está lá fora, à espera de dar a sua 1ª dentada nesta casca já algo destruída e pouco entusiasmante...Sinto-a lá fora a chamar-me qual medusa disfarçada de ninfa...
Os sussurros ficam cada vez mais fortes quanto mais observo o bater dos ponteiros do relógio colocado no fundo do corredor...Fica o silêncio... O dilema...Os minutos,horas,dias, meses até...de tentativa de racionalizar o indizível, de desafiar o adamastor que se esconde no cruzamento entre o cabo que limita os desejos e sonhos, e o que me distrai da realidade, dura e crua como se pode apresentar e que me pode deitar ao chão e deixar-me lá estendido de forma permanente.
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Os dramas ficcionais são feitos de emoção, os da vida são de ferro quente, e logo depois das chamas, apenas sobram as cinzas... Por vezes passam-se vidas inteiras a tentar recolhê-las e tentar reencontrar nelas,algo perdido que não volta mais.
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Longe ou perto, eu não quero saber, mas o simples facto de fechar os olhos e poder imaginar o cheiro da tua pele, sentir a magia do teu abraço e a textura dos teus lábios, que parecem desenhados por um pintor renascentista...
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Viver com essa imagem parece ser mais do que suficiente para me aguentar neste estado, sem risco de erosão...capaz de me ir aguentando...Mais do que a certeza de que ao sair lá fora e ao deparar-me com o vazio, isso pode fazer com que caia num buraco sem fundo...Esse minuto mágico, ainda que ficcionado vezes e vezes sem conta na minha cabeça, chega-me para não querer sair daqui.
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Risco? Não há nada a arriscar quando já apostamos todas as fichas, quando não temos mais nada a oferecer e quando se entra num jogo em que seremos sempre irremediavelmente derrotados ainda antes sequer de termos alguma chance de uma pequena vitória que fosse...
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Lutarias por um futuro incerto e apaixonante, que te faria querer sair, querer ser algo mais, mesmo sabendo que o risco da inexistência desse futuro e a sua concretização, poderiam guiar-te à tua própria destruição?
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Abalar os alicerces que ainda que pouco consolidados ainda te guardam numa espécie de gruta feita de neve, todos os segredos e todos os valores absolutos que ainda te fazem o belo quando o vês?
O que te faz ainda ter vontade de espreitar pela janela, e imaginar o que está para além das cortinas...?
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Se pensas que a tua ilusão se tornará a realidade e alimentará a tua alma, então estarás tu preparado para sentir fome como nunca sentiste?
Se procuras a derradeira oportunidade, o anjo salvador que te dará a chave da tua liberdade emocional, estás preparado para um anjo negro que deixe cravado o último punhal no peito ensanguentado de sonhos perdidos?
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Estarás preparado por ir em busca dessa luz cativante, deixando medos e anseios para trás, se souberes que no final tudo poderá não ter passado de um Oásis...que no final, apenas ficarás ainda mais cativo ao teu lado negro, à escuridão, à sombra que te persegue? Estarás preparado para caminhar no labirinto da solidão?
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Não almejes as estrelas quando nem consegues caminhar, quanto mais voar...
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Não te armes agora em destemido nem te faças ao mar em busca de aventura e de desfrutar de uma grande viagem, quando sabes perfeitamente que não sabes nadar e o teu sentido de orientação está ainda mais perdido que tu.
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Não te agarres tanto aos sonhos, são eles que te vão corroendo por dento, é esse romance que ainda trazes nos teus olhos tristes.
É a forma como os vês a desvanecerem, vezes e vezes sem conta nas tuas mãos a cada laivo de esperança, a cada raio de luz de sol, que te vão deixando cada vez mais cansado, desesperançado, derrotado...
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Esconde-te no tempo enquanto é tempo...Dentro do tempo encontra o local que o tempo te traz. Vislumbra ao longe tudo o que é belo e sedutor... mas não ouses tocar, sob pena de então tudo o que toques se tornar pó.
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Não vás de encontro a esse aura luminosa que tanto te apaixona e que te faz querer fugir da sombra...não o faças, porque só te queimará a visão aos poucos e quando chegues mesmo próximo, então te queimará de forma a que deixará uma marca que te fará fugir da invisibilidade latente que ainda transportas.
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Compreende que é verdade que às vezes queremos beijar a quimera, mas que existe um motivo para que as estrelas só possam ser enamoradas pelo telescópio...porque algumas estrelas, se tivesses a oportunidade de lhes tocar, o mais provável era queimarem o teu coração para sempre.
Não te esqueces, melhor do que ninguém tu sabes o que nunca poderás ser nem dar...Sabes o que os teus olhos não conseguem dizer...Sabes como é viver rodeado de espinhos que te atormentam.
Segue o caminho da estrada que conheces e que te é familiar. Mantém-te dentro. Não esperes ser encontrado ou compreendido. Deixa o mundo a dormir e continua a caminhar sozinho. Não queiras juntar mais um sonho despedaçado à tua estrada de sonhos perdidos. Ninguém disse que seria fácil, mas é esse o teu caminho e terás que o fazer sozinho.
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