segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Imortais



Hoje, ía eu no meu carro cheio de sono, preparado para mais um dia de trabalho, eis que quando o dia corria como todos os outros, das colunas do rádio do meu carro, oiço esta voz...familiar...O dia ganhou logo outro sentido, e a música não me saiu da cabeça durante todo o dia...É sempre bom ser surpreendido pela voz doce da Mafalda Veiga...
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É apenas mais uma...Uma melodia e uma letra que me faz viajar por tantos locais que parecem infinitos e momentos que parecem ainda hoje, apesar de tudo, imortais.... Uma viajem dentro da viajem até mais um dia banal, mas que com pequenos nadas como o simples acto de sorrir ao ouvir a voz de mel de Mafalda Veiga e com esta magnífica letra, me perder num momento evasivo, capaz de me devolver à rota...Ao que realmente importa...Ao que é aconteça o que acontecer,imortal...




Por mais que a vida nos agarre assim
Nos troque planos sem sequer pedir
Sem perguntar a que é que tem direito
Sem lhe importar o que nos faz sentir

Eu sei que ainda somos imortais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se o meu caminho for para onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes

É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu te sei dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer

Por mais que a vida nos agarre assim
Nos dê em troca do que nos roubou
Às vezes fogo e mar, loucura e chão
Ás vezes só a cinza do que sobrou

Eu sei que ainda somos muito mais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se a minha vida for por onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes

É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu sei te dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer

domingo, 27 de setembro de 2009

30 anos de Xutos



Ontem foi uma data histórica para a melhor banda da história da música portuguesa. Os Xutos comemoraram 30 anos de uma carreira ímpar na música portuguesa, num concerto que deve ter sido memorável no Estádio do Restelo. Com muita pena minha não pude estar lá para contar...
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Os Xutos são talvez a 1ª banda de que fui verdadeiramente fã. Em miúdo e principalmente na minha adolescência aprofundei o meu conhecimento pelas suas músicas e eram mesmo de forma destacada a minha banda favorita. Era um fanático dos Xutos, ao ponto de ainda no secundário ir para as Queimas das Fitas e arranjar forma de entrar mais cedo no recinto para poder guardar lugar na 1ª fila e sempre a fazer o X com os braços e a cantar e saltar de príncipio ao fim, totalmente absorvido por aquele som e energia, deslumbrado por aqueles monstros de palco.

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Lembro-me em miúdo de ter grande discussão com os meus pais,porque não me deixaram ir ver um concerto dos Xutos a uma escola perto de minha casa...O meu irmão assustou-os que poderia ser perigoso etc apenas para arranjar desculpa para não me deixar ir com ele e com os amigos...
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Adorava Xutos. Rapidamente adquiri todos os seus cds,mesmo os mais antigos... Perdi a conta aos concertos que vi deles, ao ponto de já conhecer o alinhamento de cor e até as frases que o Tim diria...Já tinha aquelas discussões de fãs de quem era a verdadeira alma dos Xutos e ficava no final dos concertos para tentar falar com eles...
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Sempre adorei nos Xutos o Kalu, e o grande guitarrista Zé Pedro.
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São os Stones portugueses dizem. Para mim,são uma banda que me acompanhou desde sempre...Como aqueles velhos amigos, que não precisamos de estar em contacto os dias todos,mas qque nunca esquecemos.

Hoje já não oiço tanto Xutos como antes,tenho gostos musicais mais alargados,mas continuo a admirá-los e continuo a comprar todos os Cds que eles lançam, mesmo que saiba que estes Xutos já não têm a genialidade, o Rock e o brilho dos Xutos de há anos atrás...Talvez o último grande Cd à Xutos,foi mesmo os Dados Viciados... Talvez o album que me fez despertar ainda mais para eles e tornar-me um verdadeiro fã e conhecer a obra toda, ao ponto de, hoje em dia não haver uma música que eu não conheça dos Xutos...Mas os Dados Viciados e em particular a música "Dá um mergulho" por tudo o que significou naquela época para mim e as recordações que ficaram dessa época, marcou bastante, tal como depois marcariam muitas outras...

Cá fica o videoclip...Data de 1997...Saudades só de rever...



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Falar de Rock em Portugal é falar em Xutos e Pontapés. Admirável ver miúdos de 12 ou 13 anos a hoje conhecerem-nos,admirarem-nos e a irem aos seus concertos, tal como era se calhar para outra geração quando me viu com os meus 14 ou 15 anos a ir para os concertos curtir músicas que foram escritas se calhar eu ainda nem havia nascido ou nem sabia falar ainda...
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Isto é o fenómeno Xutos e o grande desafio de uma banda...Mantêm-se no topo. Conseguiram o grau de serem imortais e património histórico da música em Portugal. São unânimes e arrastam públicos dos 8 aos 80 ainda hoje. A sua música e a sua atitude permaneceu sempre jovem e irreverente mesmo com o passar de 30 anos desde que se juntaram para fazerem umas músicas Rock...
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Neste último album,mostraram que ainda são capazes de ser bem mordazes e críticos em relação à sociedade portuguesa, como foram noutros tempos... A música "Sem Eira nem Beira" com alusões a um tal "Sr. engenheiro" que deu muito que falar, é a prova disso... E ainda conseguem melodias como o "Perfeito Vazio" que já mereceu inclusive, um post aqui neste blog.
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Músicas são muitas que ficam na minha memória: Vida Malvada, Para Sempre, Contentores, N américa, Dados Viciados, Estupidez,Mundo ao Contrário, Barcos Gregos, Para ti Maria,Esquadrão da Morte, Negras como a Noite,Remar Remar, Tonto, Não sou o único, Só,Dia de S. Receber,Longa se torna a Espera, Enquanto a Noite Cai, Circo de Feras,Manhã Submersa, Tu aí, Inferno, 1º de Agosto...Muitas mais ficam por escrever...São muitas músicas que fazem parte do meu imaginário e que acompanharam o meu crescimento. No entanto, parece-me que a música que deveria escolher para homenagear os Xutos teria que ser esta

Afinal são 30 anos que eles viveram e marcaram gerações e gerações sempre à sua maneira:




Obrigado Xutos por estes 30 anos, e fica o desejo que comemorem ainda muitos. Sempre à vossa maneira.

sábado, 26 de setembro de 2009

Eu já não sei se sei o que é sentir...



Se por falar falei, pensei que se falasse era fácil de entender....



quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Uma cidade, uma história, um amor...

A pedido de muitas famílias...
Uma curta retirada de um excelente filme: Paris Je T´aime
Um excelente filme, que basicamente é a junção de várias curtas de excelentes realizadores. O repto lançado a todos eles, foi filmar uma história de amor com Paris como pano de fundo...
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Há cidades que têm um efeito mágico, de encantamento, que nos percorre o imaginário por entre aqueles momentos em que estamos acordados mas sentimos que a nossa mente viaja por aquelas ruas que um dia percorremos.
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Uma cidade pode ser a partilha de uma história, a projecção de um sonho, a expressão de um sentimento...por vezes há cidades que conseguem fazer-nos sentir....Que nos vêm e compreendem, ou pelo menos sentimos que mesmo não sendo nossa, parece que sempre a vislumbramos ao longe, é como que se pressentissemos que houvesse um lugar que nos despertasse esse conforto, de estarmos longe de casa e ao mesmo tempo sentirmo-nos tão preenchidos...
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Há locais assim...Cidade ou não.
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A cidade que desde sempre me fascinou e para a qual só capaz de viajar e me encontrar vezes sem conta quando me permito a desviar do caminho certo e linear do dia a dia.´...que relembro, revivo, e com isso me sinto revigorado...
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Uma cidade pela qual me apaixonei e acho que já me tinha apaixonado ainda antes de ela sequer me acolher...Por entre as suas ruas,as suas sombras... o frio que me aconchega, a chuva poética que por vezes me abraça, o céu que de cores diferentes faz com que a cidade ganhe outro sentido... O passado e tradição a tocar com o futuro...As artes e o espectáculo, a idéia de pluralidade,paixão e a idéia de ver tantas pessoas à procura de naquela cidade realizarem um sonho.... Revejo-me nela...Nela consigo imaginar uma série de memórias que nunca criei...nela, um momento até mesmo de solidão pode ser transformado num momento de felicidade...diferente de todos os outros momentos...Porque somos felizes por pequenos pormenores...Ninguém nos está a despertar essa felicidade...somos apenas nós e aquela cidade enorme em que para ele nós somos microscópios e apenas uma das várias histórias que acolhe nas suas ruas...Mesmo sozinho, naquela cidade acho que seria capaz de nunca me sentir vazio...
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Um dia sonhei viver naquela cidade, nem que fosse um ano apenas... Por isso, é engraçado como por vezes o local não é apenas o meio, ou o cenário, é mesmo o objectivo e sonho a cumprir...
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Esta é a minha cidade( não desfazendo da minha amada cidade do Porto;))...:


Only Pain is Real

Things in perspective

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Tramitando o meu mundo

Para as poucas pessoas que lêm este espaço, devem achar estranho o facto de ter passado de publicar algo quase dia sim dia não, para este tempo todo de silêncio...
A isto chama-se estágio...Uma pequena entrada encantada no mundo laboral...lol.
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As rotinas que se haviam perdido há anos agora retomam em ritmo constante e que me retira tempo para poder parar para pensar, sentir, observar, sonhar.... Contra tudo isso tramitar tramitar...lol.
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Acordar cedo de 2ª a sábado e tentar distribuir o pouco tempo que vou tendo no dia a dia pelas pessoas de quem gosto, fazem com que a minha cabeça não possa concentrar-se no blog.
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Mas ele não acabará...(faz-me falta). Mas o ritmo será diferente, terei que me habituar a ele...o blog também... Afinal ele é a forma como eu comunico comigo próprio por vezes e como partilho momentos...são palavras atiradas ao vento e que se espera que sejam acolhidas e partilhadas por alguém esteja perto ou longe....
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Ainda tenho muito para escrever. É uma questão de tempo e tudo se encaixará naturalmente.
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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A escritora italiana




Hoje deixo aqui uma sugestão de um filme português que ainda não tem data de lançamento marcada, mas que deve estrear no próximo ano.
Descobri-o através do vídeoclip "a wish" dos dr1ve com Lúcia Moniz. Uma grande banda sonora sem dúvida, para o filme, que conta com a talentosíssima e multifacetada Lúcia Moniz, tanto brilha como cantora ou actriz, uma actriz muito expressiva e que até já conseguiu um pequeno papel no Love Actually. Um talento.
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Este filme do jovem realizador André Badalo parte de uma ideia e de um argumento que eu considero original tendo em vista o que é convencional e normal no cinema português.
É uma lufada de ar fresco no cinema português, e é importante que esta nova geração de realizadores apareçam com ideias novas e novas formas de fazer cinema em Portugal, atingindo outro tipo de público, e provando que com poucos meios ainda se podem fazer bons filmes.

Não vi ainda o filme, li a sinopse e tive a oportunidade de ter uma pequena troca de ideias com o realizador e o seu percurso e fiquei com a clara ideia que estamos perante um novo talento e é de salientar como ainda tão jovem já se lançou à luta e tem já este filme na calha.

Costumo dizer que quando o realizador é bom, consegue com algumas cenas despertar o interesse, curiosidade e a emoção de quem vê, mesmo que não se conheça a história ou os diálogos do filme… Acontece por exemplo com o Eternal Sunshine of the spotless mind, em que mesmo quem não veja o filme, é capaz de se emocionar vendo as cenas criadas por Gondry e a sua forma de filmar, a edição e fotografia…
Numa escala diferente como é óbvio este jovem realizador, André Badalo , conseguiu isso com o videoclip da música dos Dr1ve em que aparecem algumas cenas do filme, que estão muito bem conseguidas… Capta algumas das sensações que o filme pretende despertar e nos deixa curiosos pelo desenlace e o que aproxima e afasta aquelas duas almas, e esse jogo entre o passado e o futuro… Montagem e edição, assim como cinematografia parece-me muito boa para o standard português…Vejo algo de Before Sunrise, Butterfly Effect e outro filmes do género que não costumam ser género a seguir em Portugal…
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André Badalo é um jovem realizador nascido no Algarve, que foi à luta pelo seu sonho de ser realizador, encontrando na escola de Cinema de Lisboa a ponte para esse sonho, que o levou até Londres e LA como forma de chegar ainda mais longe nesta arte… Desejo-lhe tudo do melhor. É bom ver que o cinema português está vivo, está a mudar aquela face do cinema português em que o mesmo está entregue a apenas 4 ou 5 realizadores e já da velha escola.
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O prémio em Cannes para Salaviza com a sua “Arena” pode ser um belíssimo pontapé de saída para uma viragem e pela oportunidade a jovens realizadores portugueses…. O momento de provarem que é possível fazer cinema em Portugal diferente e dar uma nova face ao mesmo.
Fica aqui a recomendação a todos, mal saia este “escritora italiana” é tudo a encher salas de cinema…;). Eu pelo menos , tenho a certeza que é um filme que aguardarei com muita expectativa e curiosidade…
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Fica aqui a sinopse do filme, algumas ideias chave e essa grande banda sonora, simples com uma mensagem tocante e envolvente, que não me tem saído da cabeça.
Destaco que a cena que mais gosto é a do eléctrico à noite com Lúcia Moniz em que ela triste e pensativa... A cena do eléctrico está muito bem consguida... a ténue luz lá fora da cidade de Lisboa, as sombras da própria personagem dentro de um espaço que tem o seu lado romântico mas também, pode ter um lado vazio como o eléctrico em que uma pessoa pode observar as outras e ao mesmo tempo ir totalmente perdida nos seus pensamentos e memórias...

Fica aqui o link para a página oficial do filme para quem tiver curiosidade:

http://www.italianwritermovie.com/PTindex.htm


"Alteravas o passado se conhecesses o futuro...?"

"No futuro, Joseph entra numa livraria em busca de uma escritora italiana. Enquanto procura o nome na base de dados, conta a história de uma mulher que conheceu hà 30 anos atrás.

Lisboa, 2007: Joseph é um atormentado seminarista americano, membro da Opus Dei, que veio a Lisboa apresentar uma exposição da Ordem Franciscana na Sé de Lisboa. Trouxe para Portugal um espelho lendário: "O espelho de São Francisco de Assis, que dizem, permite ver o futuro".

No dia da partida, choca com Giulia na estação dos comboios, uma bela e irreverente escritora italiana com quem estabelece uma química imediata. Giulia conta a Joseph que veio a Lisboa à procura de uma misteriosa cantora com quem o pai namorava antes de ter partido para a guerra colonial. Nas últimas cartas enviadas por aquela mulher ao pai, a paixão e o abandono pareciam estar a levá-la à loucura, desconhecendo que um acidente na guerra fizera o seu soldado perder a memória e esquece-la para sempre. Giulia veio a Lisboa, trazer a trágica noticia da morte do pai e devolver a correspondência. Mas aquela mulher desaparecera...

Havendo problemas nas linhas férreas, os horários dos comboios são adiados tpara 12 horas mais tarde. Joseph, fascinado com a história, propõe a Giulia que tentem aproveitar o tempo de espera e partam em busca da cantora desaparecida. Os dois partem numa viagem por Lisboa, a cidade mítica: uma aventura de descoberta mútua, atração e desejo.

O passado trágico de cada um, as revelações e os segredos tornam-nos ainda mais próximos, confidentes. Como se o rapaz mais sozinho do mundo, houvesse encontrado a rapariga mais triste e os dois quisessem permanecer juntos para sempre!
Então Giulia promete a Joseph: "Se um dia encontrares o meu livro, descobrir-me-ás!"











Because I believe it
Yes I believe it
And I am trying...

Please keep fighting... Keep fighting
Together we can build something beautiful
Please keep fighting...
Together we'll build love...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

The Hottest State


Hoje vou falar de um filme que me marcou e que vi há não muito tempo.

Este The Hottest State é realizado por um dos actores que mais admiro em Hollywood e que infelizmente não teve ainda o reconhecimento nem a sorte que merecia ter no que diz respeito a ter trabalhos que o permitam almejar a prémios etc.

Devo dizer que grande parte da admiração cresceu com a sua fantástica participação no Before Sunrise / Before Sunset do seu mentor Richard Linklater.

Este The Hottest State é uma adaptação de um romance (há quem diga meio autobiográfico) com o mesmo nome, escrito por Ethan Hawke. Parte da ideia do livro e das suas personagens, capta a essência da mensagem, mas reconstrói-a para uma história um tudo o nada diferente, mas em que as reflexões e as sensações que desperta são semelhantes… Apenas opta por melhorar alguns aspectos e transforma-los para que a mensagem chegasse não de uma forma tão crua ao público e salientar os momentos, as reflexões e diálogos que Hawke mais valorizava do livro, cortando algumas partes desnecessárias e tratando outras com outro envolvimento.


Este filme é o 2º trabalho como realizador de Etan Hawke. Vê-se claramente a influência do seu mentor Linklater, que o marcou com esse grande trabalho que foi o Before Sunrise e que aguçou esse bichinho de ir mais além, quando escreveu o argumento para a continuação da história de Jesse e Celine e o seu reencontro no Antes do anoitecer…Aí o argumento foi partilhado entre ele, Linklater e também a brilhante actriz Julie Delpy, agora também a aventurar-se na realização com o seu 2 days in Paris.
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Não deixa de ser curioso que ambos tenham trabalhado com Linklater e demonstrem ambos agora aptência para trabalhar por detrás das câmaras cada um com as suas ideias próprias e estilos, tal como já se reparava na construção das personagens Jesse e Celine e no se trabalho a desenvolve-las…
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Mas vamos ao filme.
Trata-se da história de um jovem aspirante a actor, William, proveniente do Texas e que conhece uma jovem aspirante a cantora, Sarah, em NY aonde ambos tentam prosseguir esses seus sonhos. Sarah tinha decidido ser independente e não deixar que nada nem ninguém lhe impedisse ou a fizesse sentir-se novamente presa…. Ambos eram jovens algo que encurralados por momentos do passado, por traumas antigos , no caso de William decorrente de ser filho de pais separados e não ver o seu pai desde os 8 anos.

William apaixona-se perdidamente por ela, é talvez a 1ª vez na sua vida em que sente de facto algo tão forte por alguém, por aquela rapariga algo misteriosa e que não lhe parece dar certezas nenhumas de o amar de volta…Ou pelo menos não o demonstra tal como ele.

Passam no entanto duas semanas no México juntos aonde a paixão, o sexo, o amor e o conhecimento e partilha mútua ficam impregnadas nas paredes do quarto do hotel que mal abandonam… William tem que ficar mais 3 semanas para gravar um filme, Sarah volta à sua vida normal, em NY sem ele…

Quando William volta, parece que tudo mudou… A sua Sarah apaixonante que até queria casar com ele no México, tinha-se tornado noutra pessoa…O amor que antes parecia cada vez mais uma certeza tinha-se desvanecido de forma tão bruta e intensa como lhe apareceu na vida…
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Isso remete-lhe a pensar na sua vida, em si próprio e durante grande parte do filme sentimos o seu desespero, a sua luta para entender o porquê…O porquê de algo que se quer tanto, ter que acabar e não estar no seu poder mudar e voltar atrás…
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Ethan Hawke realiza muito bem este filme para quem ainda está no começo desta carreira.
Durante o filme consegue fazer-nos animar com aquela paixão por aquela rapariga doce e misteriosa e ao mesmo tempo leva-nos a locais obscuros de dor contínua... quase como sentimos o arrastar vagaroso daquela série de sentimentos de perplexidade, de inconstância, de não saber o quê nem o porquê, a dor física mesmo da perda de alguém com quem sonhávamos ter tudo e agora dela apenas nos resta o vazio dos seus olhos, como se a mesma pessoa que ele conhecera fosse apenas uma recordação de algo que na verdade nunca foi real…
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Este filme tem como falhas alguma descontinuidade em alguns diálogos no que diz respeito ao argumento, pois é um filme de momentos, torna claro que Hawke valoriza muito a criação de momentos de reflexão perante diálogos, alguns deles brilhantes ,de grandes ideias base que ele quis espalhar perante as personagens do filme.
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Não é a história comum de um amor, de rapaz conhece rapariga, química e lá está um filme de final feliz… Não é sequer a história de um casal…É a história do jovem William e a forma como ele lida com o mundo que observa, como ele cresceu nele e a forma como ele lida com a dor da rejeição e isso o faz aproximar-se de questões do seu eu íntimo que ele antes nunca havia valorizado ou sempre havia tentado escapar delas. Perante uma situação nova, apercebe-se que tem uma série de assuntos do passado mal resolvidos e que isso o faz não conseguir lidar com o seu sentimento presente… Porque na verdade nunca resolveu essas carências e nunca as enfrentou…
Fantasmas como o abandono do pai e o facto de este ter criado uma nova família e nunca mais ter contactado com ele desde os 8 anos…Coisa que William nunca houvera enfrentado antes, ou visto como um problema, mas que no caos que a sua vida se torna, repara de que muito do que tem sido a sua vida é o reflexo da forma como ele apreendeu esse momento da sua vida… Como a grande admiração e memórias de infância do pai contrastam com a dor silenciosa de no seu intimo sempre ter achado que o pai um dia o quereria com ele…A forma como isso implicou a sua relação algo estranha com a mãe e a forma como encarava as mulheres ou simplesmente lidava com sentimentos mais complexos para ele…Como um momento da sua infância poderia ter afectado tanta coisa nas suas decisões e na forma de ele ser que ,a partir de certa altura ,já ele nem sabe bem porque caminhos percorrer a tentar encontrar respostas… Respostas ocultadas perante a pergunta fundamental que é o que deve ele fazer para ter a Sarah de volta, quando no fundo esse problema é apenas a ponta do iceberg… A Sarah foi o despoletar de uma série de dúvidas, receios e sentimentos que William sempre guardara com ele, mas nunca ninguém tinha conseguido fazer tocar tão fundo no seu íntimo….
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É um filme em que se vê William à procura desesperada de respostas… Um filme sobre crescimento, sobre auto conhecimento através da perda, da dor e da rejeição.
Mostra a ideia que o nosso primeiro verdadeiro amor, aquele que nos é capaz de transportar para locais nunca antes visitados pela nossa alma, capaz de nos fazer sentir que somos capazes de voar... a sua perda é capaz de nos fazer cair abaixo do chão…

Parte da ideia que o estarmos apaixonados e amarmos alguém e lidarmos com essa rejeição ou a perda dessa pessoa, o 1º grande desgosto amoroso, tal como todos os outros, mas o 1º em especial ,acaba por ser a melhor forma de nos conhecermos a nós próprios….Os nossos limites, o que somos capazes de fazer e sentir e nunca imaginamos ser capazes e até como algo tão forte como esses sentimentos nos pode destruir por dentro, mas como por entre essa viagem no final nos vemos com maior claridade que antes e nos conhecemos melhor.
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Neste filme destaco as interpretações secundárias brilhantes da fantástica Laura Linney e do próprio Ethan Hawke que faz de pai e tem uma das cenas mais marcantes de todo o filme, que é quando nesse processo de descoberta, William vai até ao Texas para confrontar o pai,desesperadamente à procura de respostas, para poder ter a Sarah de volta, quando no fundo, são respostas sobre ele próprio e a forma como ele lidou com o enorme amor que sentia em pequeno pelo pai e pela forma como lidou com o facto dele o ter deixado que ele procura sem saber...


Ao longo do filme, Hawke joga muito bem com o tempo e os flashbacks de William sobre momentos com o seu pai que o marcaram e dos quais nunca se esqueceu e de conselhos que nunca entendera muito bem como “ Nunca afastes o teu coração do Texas” … Desesperado William procura respostas, para ele ser da forma como é e não de outra e se é por isso que perdeu a Sarah… Procura respostas, culpas e culpados acaba por descobrir que a resposta não existe, mas que nesse processo ele saiu a conhecer-se... e conseguir conhecer-se e confrontar-se como nunca o havia feito, e isso no final fez com que se sentisse mais livre e a aprender a lidar com o passado, o presente que o magoava e com o futuro que estava ainda à sua frente…

Acabará porventura por até perceber que apesar de ouvir vezes sem conta os mesmos conselhos, nunca propriamente os entendeu até esse momento….Nunca apreendeu a sua verdadeira mensagem…
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Destaco também o brilhante momento do filme que é o extraordinário diálogo entre William e a sua mãe, pedindo-lhe conselhos sobre Sarah…
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Mas há várias frases e momentos marcantes num filme que é um trabalho sentido e autêntico de Ethan Hawke, ele expõe-se bastante neste trabalho e a sinceridade do mesmo compensa uma ou outra falha que possa ter, normais para quem ainda está a começar…
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Outro grande destaque deste filme é a excelente banda sonora( vejam o video de um post anterior com a música Never see you again)….Muito bem escolhida para ser a voz angelical de Sarah, intepretada por Catalina Sandino Moreno. Uma escolha de Hawke a que obrigou a algumas alterações da história original do livro…Faltou ser ela a fazer as cenas de canto, mas a sua voz a cargo de Rocha ficou muito bem entregue...E todo o filme ganha uma dimensão ainda mais profunda pela sua excelente e oportuna banda sonora, escolhida a dedo para o tipo de filme e o tipo de sentimentos que Hawke se propôs debruçar neste filme e para cada cena.

Alguns críticos esperavam mais desenvolvimento do lado emocional e a forma de pensar de Sarah mas não me parece que a intenção de Hawke fosse essa… Trata-se de uma quase autobiografia romanciada, trata-se da forma como o jovem William via Sarah e a sentia, e não aquilo que era na verdade… isso aplica-se a todas as demais personagens…É a forma como William as vê e como responde aos seus estímulos. É um filme sobre auto descoberta e como o estarmos apaixonados e termos um desgosto amoroso pode ser a forma mais sincera e profunda de estarmos connosco próprios e nos conhecermos de facto.
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Poderia escolher várias cenas que me marcaram no filme mas deixo aqui para mim a cena mais forte… A tal cena em que William confronta o pai. Brilhante diálogo e excelente representação de Hawke e do jovem Mark Webber que é aliás um actor que pode ter um excelente futuro.














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Aqui fica o trailer para aguçar o apetite de quem ainda não tenha visto o filme...:










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Deixo aqui algumas passagens quer do filme quer do livro que acho brilhantes...:

"It was Wednesday when we met, Saturday when I asked her to move in, and by Sunday there were flowers in my apartment and hummus in my refrigerator. I don't remember waking up that Sunday. I don't think I ever slept. I just sat there thinking, "God damn, this must be what praying is like."


"Your whole life, people are gonna ask you to be weak. They're gonna practically beg you. But all anyone really wants is for you to be strong.
"


"My heart is gold, What will you give me for it "

" Dont you find it odd that when you were a kid everyone in the all world tells you to follow your dreams, but when you get older they act offended if you even try..."

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Always on my mind



Maybe I didn't treat you
Quite as good as I should have
Maybe I didn't love you
Quite as often as I could have
Little things I should have said and done
I just never took the time

You were always on my mind
You were always on my mind

Tell me, tell me that your sweet love hasn't died
Give me, give me one more chance
To keep you satisfied, satisfied

Maybe I didn't hold you
All those lonely, lonely times
And I guess I never told you
I'm so happy that you're mine
If I make you feel second best
Girl, I'm sorry I was blind

You were always on my mind
You were always on my mind

Tell me, tell me that your sweet love hasn't died
Give me, give me one more chance
To keep you satisfied, satisfied

Little things I should have said and done
I just never took the time
You were always on my mind
You are always on my mind

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Tom Jobim e Vinicius de Moraes


Hoje pretendo deixar uma homenagem a duas personalidades da cultura brasileira que pela sua genialidade se tornaram património mundial...Duas pessoas que admiro profundamente. Acho piada quando vejo brasileiros a encherem-se de orgulho a falarem do seu futebol e dos seus craques passados e presentes...Para mim a maior herança que o Brasil deixou para o Mundo não foi o futebol,nem é o futebol o motivo que mais deveria encher de orgulho os brasileiros,mas sim o facto de o Brasil ser o país de dois génios...a palavra aqui soa tão mal,porque estas duas personalidades estão num grau acima de génio...
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Uma vez li um texto de um fã espanhol que agradecia o facto de estes dois terem existido e termos todos tido a sorte que eles se tenham juntado numa sociedade perfeita entre harmonia e contudo, parecem uma dádiva dos céus para que todos nós os comuns mortais pudéssemos desfrutar de canções e poemas que parecem escritos não por pessoas mas por anjos.
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Falo de Vinicius de Morais e Tom Jobim. Para mim eles são dois dos maiores génios não apenas da música brasileira,mas da música mundial...Acho que dotaram os sentimentos de outra profundidade, a percepção de todos nós em relação a eles passou a ser mais doce, mais profunda pela forma como eles os conseguiram pintar nessa linda tela que foram todas as suas obras....
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Vinicius tem uma obra de poesias belíssima e juntou-se ao excelente compositor Tom Jobim para fazer alguns dos grandes clássicos da música brasileira e juntamente com outros imortais como Toquinho e outros foram os grandes percursores do movimento Bossa Nova...Talvez dos mais bonito que a música já conheceu...Músicas como a Garota de Ipanema que é a música brasileira mais tocada e interpretada de todos os tempos e marca um estilo, um movimento cultural.
Por vezes imagino como seria viver nesses tempos de explosão cultural em que tantos génios imortais conviviam e trabalhavam em conjunto para deixarem tão belos pedaços de arte para gerações e gerações...imagino como seria assistir aquelas festas no Rio nos cafés típicos em que a bossa nova rolava até às tantas da manhã e nunca era tarde para se deslumbrar com as palavras....Palavras que ficaram eternizadas na grande obra destes dois...
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Gostava de encontrar palavras,as palavras certas,mas a verdade é que perante algo tão irrealisticamente perfeito como nunca vi,todas as minhas palavras parecem idiotas...
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Hoje deixo-vos aquela que é para mim uma das mulheres músicas de todos os tempos acompanhada por um dos poemas que mais gosto de Vincius de Moraes,o soneto da fidelidade.
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Eu só posso agradecer o facto de por obra de algo superior estas duas personalidades tenham existido e todos tenhamos tido a sorte que ambos se tenham encontrado....Eram como almas gémeas, nunca nada fez tão sentido como as letras de um e as brilhantes composições do outro...Talvez a maior sociedade alguma vez criada na história da música...
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Sinto-me um verdadeiro privilegiado por poder ter sido tocado pela sensibilidade, profundidade e beleza dessas duas mentes brilhantes que são Vinicius de Moraes e Tom Jobim...
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Para todos os que por este blog passem, aqui fica para escutar e acima de tudo sentir cada palavra deste clássico não só da música brasileira mas mundial...
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"Eu sei que vou te amar" de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, na voz de Maria Creuza e com a declamação do poema "Soneto de Fidelidade" a cargo do imortal e inigualável Vinicius de Moraes... Parece impossível que seja possível alguém conseguir imprimir tanta emoção,tanta ilusão e ao mesmo tempo realidade cravada em cada instante nesta sonoridade tão bela e palavras tão brilhantes...O Mundo não pára de nos surpreender com estes pequenos momentos de pura...magia. Obrigado Tom Jobim e Vinicius por, nem que seja por minutos ,encheram a vida das pessoas de magia e arrancarem-nas do marasmo que é deixarem-se guiar apenas por coisas mundanas e não apreciarem estas autênticas obras de arte...


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Eu sei que vou te amar/ Soneto da Fidelidade (composição Tom Jobim, Vinicius de Moraes)

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida
.
Soneto da fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Let there be love...



Let there be love- Oasis

Who kicked a hole in the sky so the heavens would cry over me?
Who stole the soul from the sun in a world come undone at the seams?

Let there be love
Let there be love

I hope the weather is calm as you sail up your heavenly stream
Suspended clear in the sky are the words that we sing in our dreams

Let there be love
Let there be love
Let there be love
Let there be love

Come on Baby Blue
Shake up your tired eyes
The world is waiting for you
May all your dreaming fill the empty sky
But if it makes you happy
Keep on clapping
Just remember I'll be by your side
And if you don't let go it's gonna pass you by

Who kicked a hole in the sky so the heavens would cry over me?
Who stole the soul from the sun in a world come undone at the seams?

Let there be love...