domingo, 2 de agosto de 2009
Madrid 2007-2008 Parte 2
Foi nesse clima de pluralidade, conhecendo várias pessoas, primeiro observando os vários grupos dando-me com todo o tipo de pessoas, numa 1ª fase ouvindo mais que falando porque mais de 70% do que falavam não entendia, mas nunca desistindo e estando sempre presente nem que fosse para que gozassem comigo como eu gozaria com alguém que é o único de um colégio inteiro que não sabia palavras normais do quotidiano deles… lol.
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O Colégio era o reflexo também da cidade , do povo um pouco de tudo… Madrid pode ser uma cidade agressiva para quem vem de fora. O povo espanhol não faz um esforço para integrar estrangeiros nem tem aquele porreirismo típico portugês de receber os estrangeiros e de querer sempre adaptar-se às suas necessidades e exigências, tentando sempre mesmo que não saiba falar o seu idioma etc..
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Em Espanha quer na faculdade, quer no colégio, quer no dia a dia era para mim bem claro uma coisa. Estás em Espanha não em Portugal, aqui fazemos as coisas desta maneira, és tu que tens que te adaptar a nós e não nós em ti. Já não estás no teu país.
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Logo não são dadas facilidades, o que só valoriza mais o nosso esforço e depois o sentimento de quando nos sentimos integrados e conseguimos entender a forma de pensar e de estar… Aí reparamos que é uma forma de serem, mas que para quem se integra conhece um povo alegre, muito festeiro, que vive na rua, gosta de convívio e de se divertir.
Enquanto que em Portugal o trabalho acaba e cada um vai para casa…Em Madrid é diferente…O trabalho acaba e antes de ir a casa todos passam pelos bares de tapas a beber uma caña e comer umas tapas e falar com os colegas, amigos etc . Valoriza-se muito o convívio entre amigos, famílias etc.
Ao fim de semana é ver famílias inteiras nos inúmeros bares de tapas, a passear pelas ruas.
Madrid é uma cidade que nunca dorme, à noite vemos sempre gente na rua e todos saem à rua.
Há a tradição dos botellones, em vez dos jovens beberem numa discoteca ou bar e gastarem mais dinheiro…Juntam dinheiro compram garrafas a meias e bebem na rua convivendo com outras pessoas e já vão para as discotecas e bares já bebidos gastando assim menos.
A tradição é tão grande que levou a problemas em termos de poluição nas ruas com garrafas, copos etc… Em Madrid os botellones estão actualmente proibidos, mas isso só faz com que os jovens o façam ainda com mais gosto até pela emoção que é de uma vez por outra ter que fugir à polícia…lol.
Cada um leva um saquinho, com as garrafas, as copas, gelo etc e vai-se conhecendo gente e andando pela rua.
Em Espanha passas-se muito tempo na rua, socializa-se bastante e tem outras curiosidades como o horário da siesta, em que tudo está fechado, inclusive nas universidades…
Na época não via lógica…Mas depois entendi que era até bastante útil. Todos saem nem que seja umas horitas pa beber umas cañas com os amigos, mesmo havendo aulas no dia seguinte… O cansaço depois de uma manhã de estudo ou trabalho é totalmente atenuada com uma horita ou meia horita de siesta que nos deixa como novos para o resto da tarde.
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Para mim era apenas chato porque quando chegava ao Colégio era para almoçar e tinha aulas de tarde e tava tudo fechado quando precisava de fazer compras…Quem lucrava com isso eram os chineses que trabalham todos os dias e sem direito a siestas…lol.
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Posto isto
Depois numa segunda fase, participando, conseguindo ser eu próprio adaptado a outra realidade, tentando dar um pouco de mim também aquele colégio e aprender com os outros a olhar para uma série de aspectos da vida, sociais, e da forma como vemos as pessoas que não era capaz de fazer… Transformando-me sem nunca deixar de ser a pessoa que sou, apenas capaz de compreender mais os outros, adaptar.me a outra realidade.
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Fiz grandes amigos… Senti como poucas vezes na vida como podemos ser mais fortes do que pensamos… Como quando necessitamos podemos adaptarmo-nos e ser felizes. Conheci-me melhor a mim próprio e estando no meio de amigos com estilos de vida totalmente distintos, formas de pensar distintos, gostos diferentes acabei por eu próprio ver-me de forma distinta… Comoveu-me ver como tantas coisas podiam ser tão mais simples e como havia gente capaz de se segurar firme aos seus sonhos sem se deixarem abater por serem mais ou menos possíveis… A liberdade de sentir que nunca é tarde para sermos o que queremos ser seja para nós próprios ou para outras pessoas.
E que não somos produtos já acabados e incapazes de mudar o rumo…Que nada está pré estabelecido e que temos coisas maravilhosas dentro de nós e capacidades que nós próprios desconhecemos… Lá fizeram-me ver que ainda tinha coisas para descobrir sobre a minha forma de pensar ou sentir, sobre o que gosto ou não gosto, o que quero ou não… acima de tudo sentir que temos alguém que confia que somos capazes de sermos mais do que aquilo que sequer imaginamos…
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Fiz lá um grupo de amigos muito forte. Unidos na luta quando era para estudar para os exames, nas longas noites acordados a falar de tudo e de nada, fosse na palhaçada ou a filosofar sobre a vida, as mulheres e os homens, o amor, o futuro etc…
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Sentir que chegamos a um sítio em que não conhecíamos nada nem ninguém e vir embora e sentir que deixamos tanto para trás eque escrevemos uma página que quando chegamos estava em branco…
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Por isso sou capaz de escrever sem parar sobre o que vivi lá, pelos amigos que fiz, pelas futeboladas até de madrugada, pelas palhaçadas a imitar o Robert de Niro nos filmes dobrados, pelos relatos na rádio do colégio, pelas festas, pelas idas aos chupitos da Toni o tasco mais badalhoco que alguma vez vi mesmo percorrendo vários tascos pela cidade do Porto, os momentos em que saudade apertava, os momentos de riso de alguns, choro para outros, mas acima de tudo a capacidade de juntos erguermo-nos sempre. De ficarmos unidos.
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De eu saber que por mais que vá para longe o meu coração nunca se afastará de Madrid…Que lá terei sempre um colchão para mim sempre que os queira visitar… Que posso ligar a altas horas da madrugada para meu amigo José Luis da portaria e falarmos do Real Madrid, da gente do colégio, de rirmos um com o outro e de o apanhar sempre de surpresa com a palavra “abogadooooo” sempre que ele atendo o telefone imitando o el cabo del miedo com a minha fabulosa imitação da voz do Robert de Niro em espanhol… De saber que sempre que me despedi deles foram com abraços sentidos, que o meu grupo mais próximo são como irmãos para mim e o José Luis era como o nosso pai em Madrid… Longas noites que ele passava na porteria a aturar-nos, com as nossas palhaçadas, a falarmos de tudo e mais alguma coisa… Saber que ele nos via um bocado como filhos. Que nos quiere mucho como se diz em espanhol.
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Saber que quando me pergunta se tudo está bem não o pergunta por circunstância. Sentirmos que cada 9 ou 10 que tirávamos era celebrado com o seu sorriso como vendo mais um passo no sucesso dos seus niños.
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Quando alguém adocia era ele que se preocupava em telefonar para o quarto a perguntar se precisava de ir até ao comedor comer fora de horas, ou ia os comprimidos que fossem necessários.
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Que quando um de nós sofria avisava os demais para temos em atenção e lhe darmos apoio… O nosso grupo era assim… Muitas noites acordados, muitos pequenos almoços nocturnos que não eram permitidos a não ser a nós próprios, muitas vezes cada um a estudar o seu e todos a estudarmos a matéria de todos…. Ou a não estudar nada e a alucinar.nos talvez por excesso de sono ou red bull e ter um palhaço de serviço que começava a cantar o Hakuna Matata quando alguém tava a ir abaixo e daí começávamos todos a meio da madrugada a cantar numa sala de estudo… Essas e outras músicas…lol. Agora que penso o palhaço de serviço que iniciava as hostes era na maior parte das vezes eu…lol.
Los Nocturnos… Não me lembro quem nos deu esse nome, mas assim ficamos…Serei siempre un Nocturno por mais que passem os anos…
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Já escrevi demais…Mas sempre que penso em Madrid é impossível não sorrir e pensar em momentos inesquecíveis e de grandes amigos que lá deixei.
Tenho pena por aquilo que perdi cá, um dos meus medos a ir para lá era perder as pessoas cá…Mas aprendi que as pessoas que querem ficar e fazer parte das nossas vidas nunca perdemos, estejamos um ano fora ou mais.
Sei que se não tivesse vivido o ano que vivi em Madrid, teria-me arrependido para sempre e hoje não seria a pessoa que sou nem teria uma série de grandes memórias para guardar, nem estaria a sorrir a pensar sempre que vejo algo sobre Madrid, nem torceria pelo Madrid e por Espanha como torço actualmente sentindo-o quase como segundo país…
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Gracias por todo amigos, seré nocturno para siempre y el chami será siempre un local donde me siento en casa…Nunca vos olvidaré…Intentaré nunca apartar mucho mi corazon de Madrid…;).
Num filme que eu adoro( e sobre o qual escreverei num futuro post) o pai dava como conselho ao filho “Nunca afastes o teu coração do Texas”, pois eu tento sempre nunca afastar o meu de Madrid…
(continua…. Um dia falarei mais sobre a minha vida em Madrid, são tantos episódios, se calhar dei uma seca enorme a quem se deu ao trabalho de ler este texto e às poucas pessoas que visitam este blog…mas que diabos, é o meu blog, são pedaços de mim que aqui vou deixando…)
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Aqui fica uma música que tocava muito no Bar a que todos os colegias iam muito, que ficava perto do Colégio...O Iron.
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Los Pereza:Estrella Polar...Esta música sempre me remete para memórias desses tempos...
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2 comentários:
Ricardo,
Agradezco mucho tu escrito. Me ha hecho rememorar grandes momentos de ese primer año en Madrid y, ante todo, me alegra tremendamente que tengas esos maravillosos recuerdos de allí.
De alguna manera, he podido sentirme identificada con tu texto. Yo vivo cerca de Madrid y mi experiencia no ha sido tan grande como la tuya, pero sí es cierto que, al igual que tú, me embarqué en la aventura de una nueva ciudad, nueva gente y nuevo mundo. A mí me ha permitido sentirme genial y sonrío al pensar que a ti también.
Me siento muy muy muy contenta por tener a una amigo como tú.
¡Nos veremos pronto!
Elena, perdona mi castellano pero es que ya no lo pratico tanto como antes...ajjajajja
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Yo que tengo que agradecer tu visita y comentário que me han emocionado de verdad...
Es la mejor amiga que he conocido en Madrid, vosotros han sido mui importantes para mi, y no pasa un solo dia que no me acuerde de vosotros... Tu,Javi,Marina,Thaís, José Luis etc, eran como mi familia en Madrid...
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He aprendido mucho con vosotros y he pasado momentos inolvidables...
Nunca me olvidaré de ti, y tu amistad para mi es algo de mui mui precioso...
Te espero en Oporto uno de estos dias;)
besos
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