Nunca te ouvi dizer adeus...

Nunca te ouvi dizer adeus…Senti-o de todas as formas como se fosse uma interrupção, até que ele chegou…Mais um dia acaba como todos os outros que nunca chegaram a começar… Nunca disse adeus nem sei o quando nem o porquê de o deixei entrar no meu léxico nos dias que passam…
Muitas vezes parti, mas sempre me vejo regressar por entre marés e ventos que me levam para longe, mas sinto sempre que as mãos são como cordas que me amarram ao porto…Estranho, sentir-me preso no meu próprio Mundo, mas sentir-me livre quando o deixei para fazer parte de um que não era nem meu nem teu, o facto de ser nosso fazia-me sentir livre…Apesar de na prática nunca o ter sido…
Mesmo estando longe, há dias em que sinto que te vejo em cada pessoa, em cada gesto…Vejo-me através da tua memória… Mais do que aquilo que vejo no espelho… Prefiro rever-me nos teus olhos que nos meus…
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Sempre me senti estranho… Desadequado…Como um peixe fora do seu aquário, sempre que me tinha que deparar com sentimentos que não compreendia ou que eram demasiado grandes para caberem no meu peito… Sempre me vi como alguém simplesmente solitário sem nunca estar sozinho…. Incompleto, insatisfeito e à deriva do tempo… Vivi momentos que perdi, como aqueles que sonhei, fiz coisas que não sentia, sabia que nunca serei metade do que alguém que eu quereria ser para quem eu queria merecer ser.
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Mas no fim das contas as pessoas acabam sempre por ser vistas não pelo que sentem, são julgadas pelo que fazem, isso é que as tornam todas diferentes ou iguais aos olhos do mundo.
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Vi-te… No fundo da colina. Aonde a luz se deitava, vi o teu rosto, chamava por ti, tu sorrias com um ar de anjo que só tu tens… Vagueava pelas ruas, perdia-me de mim enquanto a lua me guiava até ti…. Sabia que o sabor que ainda tinha nos meus lábios foi aquele que contigo se fez madrugada…Doce noite que vivemos, como todas as noites que sentia o toque da tua pele na minha…, o sonho um dia acorda-nos, mesmo quando no fundo da aurora ainda consigo avistar-te e quando por entre o barulho da cidade te consigo escutar , o teu sussurro é como uma brisa leve nas cores cinzentas das casas que nos observam…vejo-te partir sem saber que daquela vez não voltarás, sem a coragem ou certeza de fazer nada mais do que simplesmente te admirar…Sinto-me pequenino perante ti, como se voltasse a ser criança e tenho simplesmente medo de subir demasiado alto e cair, medo de não ser capaz de ser melhor…Não sei se é real, o que é real, o que é meu, teu ou quimera… mas sinto-te partir de um sonho que eu não escolhi sonhar, mas que depois de o sonhar não quis dele ter que acordar… Sussurras-me ao ouvido e a minha alma manifesta-se como nunca o faz perante ninguém….”fica, para sempre….” Ouço essa frase e estremeço… Vejo-te partir, lentamente…como se esperasses um gesto meu para ficar… Apetece-me gritar, sinto que o faço, mas eu próprio não me consigo escutar…
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Às vezes nas minhas viagens, não sei se penso ou desejo que me oiças… Gostava de pensar que sinto que sim…Que me vês e ouves, que a conversa flui como outrora e que me vês, se calhar da forma como nunca viste… Da forma como nem eu próprio vejo… Que saibas que sem ti, os dias não pararam, mas foram diferentes, que sem ti a Lua não deixou de subir e se destacar por entre as estrelas, apenas deixou de sorrir para mim como antes fazia… Que sem ti os silêncios mudaram e passaram de poesia a um vazio peregrino…
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Será que tudo isto não passou de um delírio que me fez criar-te , desejar-te, absorver-me em ti e no final perder-te…?
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