quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Yes Man!





Hoje escrevo sobre uma comédia que revi na passada semana. Já tinha visto no cinema, numa altura que estava algo em baixo, e com grandes dúvidas sobre muitas coisas,e foi um filme ligeiro ,mas nada inócuo. Fez-me sair com um sorriso de esperança da sala, e a pensar na mensagem subjacente a todo o filme.


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Jim Carey está muito bem,como é seu apanágio. Trata-se de um actor que sempre o julguei como um comediante apenas.., adepto do humor mais físico, mas sem capacidade de dar uma dimensão superior à sua representação ou, até mesmo, no acto de refinar o seu humor e o encaminhar por passos menos cómodos do seu registo…Ideia que cresceu com filmes como: a Mascara, o Mentiroso Compulsivo, para além do seu passado no famoso programa norte americano Saturday Night Live, que foi , e é ,uma grande rampa de lançamento de todos os comediantes da indústria.
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Essa ideia começou a ser afastada, com um muito aclamado The Truman Show e, acima de tudo, com o Eternal Sunshine of the spotless Mind. Um filme absolutamente brilhante que, já mereceu, análise aqui no blog.

Carrey acima de tudo, é um grande profissional, um trabalhador nato… Ele pegou nas ferramentas que tinha do humor físico, e transportou-as e aprimorou-as para outros campos, pushing the right buttons para lhe estimular outras emoções e demonstrar que ele é um bom actor, para além do comediante muito físico…Esse tipo de humor exige muito trabalho, estudo, concentração e ser meticuloso e vê-se que ele o é nos seus trabalhos, fica obcecado pela personagem até sacar de si o melhor que pode sacar… Não nasceu um grande actor, não tinha a densidade natural que muitos transportam, mas soube trabalhar o que tinha de bom, através de um método e dedicação irrepreensíveis.
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Neste filme, Carrey tem cenas hilariantes, um filme que nos faz sorrir do início ao fim, sem ser contudo, um filme vazio…Tem uma mensagem, ela em si, até bastante forte e intrigante.
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Resumidamente, Carrey é Carl , uma pessoa que passa por uma crise pessoal após a sua namorada o deixar, é uma pessoa tendencialmente depressiva, pessimista, que não arrisca e transporta uma grande carga negativa. Grande parte do seu dia a dia, se resume a ficar sozinho em casa, a comer comida encomendada e ver filmes, tem um emprego onde não consegue se sentir realizado, nem tirar partido de nada de bom.

Isto começa a afectar a sua vida. ..Carl tem no entanto bons amigos, que o tentam tirar daquele buraco em que se vai deixando cair…No entanto, a resposta a todos os estímulos e oportunidades que se lhe aparecem é só uma…não!...
Até ao dia em que revê um velho amigo que o convence a ir a uma sessão de auto ajuda, que tem como base a filosofia do dizer Sim.
Meio a contragosto, Carl vai, e toma a decisão de daí adiante começar a dizer sim a tudo.Mas mesmo tudo… Forma um pacto, em que não pode dizer que não a nada sob pena de consequências catastróficas…Não pode dizer não a nada…nenhum convite, oportunidade, pedido,…nada.

Carl começa a viver nesse dia. A obrigação de dizer Sim a tudo, gera uma onda de acontecimentos bizarros e hilariantes como :dar boleia a um mendigo,e dar-lhe todo o seu dinheiro e ficar no meio da estrada sem gasolina, ou como, aceitar um encontro num site para encontrar uma noiva persa….Mas ao mesmo tempo, essa série de acontecimentos em cadeia, mesmo os menos bom, geram uma série de desenvolvimentos que o leva a conhecer pessoas interessantes, a ser mais generoso, a ter um espírito mais aberto, e a sentir tudo o que devia sentir… Paixão pelo dia a dia, sem que tudo esteja pré determinado, a não ser, o saber que teria que dizer que sim, invariavelmente…

Carl melhora o seu estado emocional e melhora até o ambiente no seu trabalho, embora esta alteração cause alguns transtornos à partida, tendo em conta a sua profissão…(vejam o filme e perceberão…)


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Aulas de coreano, aprender a tocar guitarra, ir ver um concerto de uma banda totalmente estranha, a pilotar um helicópetero, uma série de coisas que o velho Carl nunca conheceria ou diria que Sim…
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Isso traz à tona uma pessoa destemida, com sede de viver que , até aí, estava escondida…Permite-o apaixonar-se de novo e recuperar os bons momentos que havia deixado passar, assim como, permitiu que ele não perdesse os amigos que se começavam a cansar de não poder contar com ele…


Um Sim a algo, mesmo que não tenha parecido ter lógica nenhuma na altura, mais tarde é um sim que lhe acaba por ser útil para uma série de coisas quer para si ou para alguém que necessite.

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Com o avançar do filme , outras peripécias acontecerão, que o farão entender, que o dizer sempre sim , não significa dizer algo que não sintamos…Significa apenas numa filosofia…De aceitar as coisas, arriscar sabendo que ao vivermos as coisas, ao nos permitirmos a ter momentos, a fazer algo que normalmente não faríamos, nos permite colocar em situações mais próximas da felicidade…Retira-nos o conforto da monotonia do dia a dia, o lugar cómodo da letargia… pode trazer dor de vez em quando, mas oferece-nos a oportunidade de nos sentirmos mais vivos, de não deixar que algumas facetas boas nossas se escondam.. Significa apenas dar um pequeno arranque…Para que depois mais tarde, já possamos tomar decisões racionais e pensar antes de dizer sim… Significa apenas, o não nos escondermos da vida e das oportunidades que ela nos dá, nem ir pelo caminho que parece mais certo, seguro, cómodo, nem de nos entregarmos perante qualquer adversidade ou tristeza, nem deixarmos de nos dar oportunidades de nos redescobrirmos todos os dias.
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Imaginem, quantas vezes dizemos que não no nosso dia a dia…Quantos convites, quantas vezes, podia ter feito algo e ponderei, pensei e, invariavelmente respondi …não. Uma experiência que deixei de ter…Convites para sair, um projecto para abraçar, alguém para conhecer… Quantas vezes não fomos e somos um pouco como o Carl e ficamos sentados no sofá a assistir a vida a acontecer todos os dias, sem termos um papel activo na história.
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A ideia de que, mesmo que não valorizemos, os pequenos nãos, ou por desconforto, ou por medo, receio, retiram-nos uma cadeia de acontecimentos…Porque se em vez de estar aqui, aceitar sair com outras pessoas, posso estar noutro local, acontecer algo menos bom, que ao mesmo tempo me leva a tomar determinada atitude, que acompanhada me pode levar a conhecer outra parte de mim, que consequentemente me pode levar a outras pessoas… E as peripécias de fazer coisas que nunca imaginei ser capaz, fazem-me sentir mais forte, e desfrutar de momentos que nunca teria se ficasse dentro da minha caixa…
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Uma palavra, uma viagem, um beijo, um passeio no parque, um livro, um filme, um momento guardado para um amigo, um abraço, um suspiro, uma paisagem que se partilha,…Sorrisos que se trocam e momentos que se criam de uma série de nadas…para eles, é preciso convictamente dizer…SIM!

Não deixaria de ser engraçado experimentar essa teoria por uns tempos e sentir se algo de bom muda nas nossas vidas…Devo confessar, que , num dado período segui essa ideia do filme…Isso trouxe-me coisas boas, e cheguei à mesma conclusão que a personagem do filme…Trata-se do 1º passo, depois, apreendida a ideia, é preciso aprendermos sozinhos a andar…Não deixa de ser engraçado…Porque muito da culpa, de nos retrairmos tanto, vem da cultura e da educação subjacente ao imaginário colectivo do que se deve ensinar…Ensinar a dizer não…Somos bombardeados desde miúdos com nãos…Não vais fumar, não vais consumir drogas, não vais falar com estranhos etc…Mesmo em termos religiosos, os mandamentos são “non facere” , uma série de coisas que, nunca devemos fazer…

Isso parece que não, mas prejudica muito as nossas vidas…Porque é engraçado como muitas pessoas abem dizer o que não devemos fazer, como não se deve viver…Mas ninguém nos ensina o que devemos fazer e como o devemos fazer…A vida é como no darem uma máquina enorme, cheia de fios, fichas etc, mas que vem sem livro de instruções…apenas traz alguns avisos do estilo,: Aviso,perigo se fizer isto, aquilo ou acoloutro…Mas nenhuma instrução de como a colocar a funcionar como deve ser.


Parecendo que não, isso entra na forma de pensar de toda uma sociedade, e o pensamento, tal como tudo, é algo que é treinado…Sempre fomos treinado para à cautela dizer não, para depois, pensar e se calhar até dizer um talvez…

Que diabo, até os jogadores de futebol o fazem…O típico, uma pergunta no final de um jogo. – Que tal o jogo, um bom resultado? Não…Sim, a equipa entrou bem, marcamos e acabou por ser um bom resultado…Uma série de pessoas, que de forma defensiva, quando fazem um a pergunta, começam uma frase com uma negação, para terminar a frase de forma afirmativa…
São anos e anos com o nosso pensamento formatado para trabalhar dessa forma…Daí, que temos que o treinar para o oposto, o dizer sim, sim às oportunidades, aos sentimentos, às sensações, à vida.

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Para concluir, um bom filme, uma reflexão interessante, com momentos de boa comédia, e um Jim Carey como actuação calorosa. Recomendo.:) Digam Sim a este filme.;)

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Ps- Fica aqui a minha cena favorita.O filme tem cenas muito divertidas, mas destaco Jim Carrey, nesta cena, em que decide ir salvar um desconhecido que se tenta suicidar…Aqui vemos que não só temos actor e comediante, como um bom cantor…Nome da música, nada mais irónico que…Jumper…lol. Tendo em conta, que ele estava prestes a atirar-se de um 5º ou 6º andar…lol. Uma boa malha, melhor inclusive que a versão original da música:






4 comentários:

Jil aka aSonhadora disse...

Confesso que nunca vi e deixaste-me com vontade! ;) Tens essa particularidade que acho curiosa: mesmo um filme simples, tu não te limitas a descrevê-lo e a dar uma opinião. Difundes essas história com a tua, com os teus pequenos devaneios. Vê-se que escreves à medida que te surgem as ideias, os sentimentos, os delírios. Acho muito interessante :)
Ah venho aqui dizer-te, caso ainda não tenhas reparado, que respondo sempre aos comentários do blog! Portanto, aqueles que comentaste têm sempre uma respostinha ;) Simplesmente, porque nem sempre um post diz tudo o que penso, ou acabo por pensar mais consoante as respostas e sinto sempre necessidade de completar. Afinal, que é um blog senão um espaço de troca de ideias e de sensações? :) Pelo menos assim quero que seja o meu e da Joaninha. Portanto, vai estando atento, tens lá sempre mais palavrinhas (ao vento também)! :)

Beijinhos *

E... bom estudo, paciência e força! Já falta pouco, não andes desanimado, já esteve mais longe do fim! ;)

ricardocosta disse...

Um must see...;). Muito engraçado o filme... Também costumo responder sempre aos vossos comentários.Sobre o Leo Di Cáprio, respondi num texto enorme, mas quando ia a publicar,deu erro porque tinha passado o limite.lol.
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Thanks 4 the comments.
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Gosto sempre de falar de filmes que de uma forma ou outra me marcam por alguma ideia ou pormenor, e depois deixar-me levar pelo tema...
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Já~são dois filmes que tens que ver.
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The Hottest State do Ethan Hawke é outro.;)

beijinhos

Jil aka aSonhadora disse...

Eu sei que me respondes, venho sempre cá checar, depois de deixar algum comentário ;)

Quanto ao Hottest State, a próxima vez que sairmos, devias mesmo emprestar-mo... deal? ;) *

ricardocosta disse...

wea have a deal;)