domingo, 25 de julho de 2010

O jogo.


Numa altura em que as palavras rareiam, em que me sinto bloqueado para escrever...em que os sentimentos se congelam e não chegam a ganhar asas para voar para uma folha e ganharem vida própria como outrora...no tempo em que era a caneta ou o teclado que me conduziam...ouço esta música,esta brilhante letra e é como se me limpasse a alma...vejo-me e encontro-me a cada verso...a mim e à minha história, a que tenho para contar, a que fui partilhando e todas aquelas que nunca tive a capacidade para as (d)escrever...apenas vivem na minha memória...como um álbum de imagens avulsas que aparecem no dia a dia, e às quais não consigo responder, nem canalizar ou ordenar...Como fantasmas que me visitam em sonhos, esteja eu acordado ou não...Locais mágicos onde o tempo pára enquanto se esvazia a realidade do efémero... A realidade entre o que fica para apostar e o balanço do que já se ganhou,perdeu e do que nunca chegou a ser apostado seja por inércia ou medo....O que se tem preso ao coração por mais que se tenha deixado para trás, o que partiu, o que ficou...O que sobra para apostar, o que ainda estamos disposto a arriscar de nós próprios, de poder perder ainda mais, quem ainda tem força para cair e levantar,mais uma vez...quem aceita mesmo assim,ficar...jogo após jogo...
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É este o jogo...






Mais um dia em vão no jogo em que ninguém ganhou
Dá mais cartas, baixa a luz e vem esquecer o amor
És tu quem quer
Sou eu quem não quer ver que o tudo é tão maior
Aqui está frio demais para apostar em mim.

Vê que a noite pode ser tão pouco como nós
Neste quarto o tempo é medo e o medo faz-nos sós
És tu quem quer
Mas eu só sei ver que o tempo já passou e eu fugi
Que aqui está frio demais para me sentir... mas queres
ficar?

Queres levar
Tudo o que é meu
É tudo o que eu
Não sei largar

Vem rasgar o escuro desta chuva que sujou!
Vem que a água vai lavar o que me dói!
Vem que nem o último a cair vai perder.


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