sábado, 26 de junho de 2010

Thank you Michael Jakckson. You will always be the true and only Kinf of Pop...



Fez ontem um ano que desapareceu o Rei da Pop. Justamente, foi esse o motivo que, há um ano, me fez ter o impulso de voltar a dar vida a este espaço...Na época, fiquei triste, chocado e revoltado pela forma como alguém tão genial como o M.J. foi vetado ao esquecimento e à chacota e, o ter desaparecido meses antes de ter direito ao seu último acto, a despedida como sempre havia merecido...num palco. The last call...
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Em criança sentiste que com a tua voz podias tocar o céu, que o tempo voava, enquanto no pára brisas ficavam os contos, as fadas e as horas passadas na terra a brincar com aigos que não pudeste ter...Deixaste de lado tesouros e aventuras mil, para seguires o rumo que o teu dom te apontava...Como um cometa, foste escolhido para brihar e fazer o mundo parar para te admirar à tua passagem, mas sem que tu tenhas tido o direito de poderes estar do lado de cá...

Nunca te foi permitido lidares com a normalidade...Como tal seria possível..? A tua missão era encantar, deixar de lado momentos mágicos que poderias viver, para com a força da tua imaginação, do teu coração puro e da tua incrível habilidade de sonhar, como uma criança eterna que se deslumbra com as pequenas coisas do dia a dia, como se tudo visse pela 1ª vez., nos unir a causas, nos acompanhar nas angústias, no acreditar que existe um espaço em que o real e a fantasia podem-se encontrar e casar.
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Cores brilhantes e apaixonantes, passos de dança que nos remetiam para um universo paralelo em que era possível o homem voar.
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Não foste apenas um entertainer. Se quisesses ter sido apenas bailarino,serias o melhor, como cantor também...Mas tu eras muito mais que isso. Isso diferencia alguém brilhante de um ícone. Tu geravas idolatria, paixões fortes fossem elas de ódio ou amor.
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O Mundo nunca te agradeceu como devia, o facto de teres abdicado da tua infância, da tua condição de mero mortal, para tentares, por mais pedras que te atirassem, demonstrar-nos como não deve haver barreiras entre nós, como não devemos deixar de lutar sem armas, para que o amor seja a palavra que deva prevalecer no imginário de todos, independentemente da cor, da condição social, do sexo.
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As tuas músicas e a tua voz ajudaram uma série de pessoas...tantas ou mais que aquelas milhares que ajudaste com os enormes donativos que sempre foste dando às mais variadas instituições, nem que para isso tivesses que abdicar de grande parte da fortuna que ias amealhando...
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Por mais que o mundo dos adultos te desiludisse, e te fizesse cada vez mais querer viver preso na infância e nunca ter que crescer, resguardando-te na "tua terra do nunca", na verdade nunca deixaste, de mesmo assim te preocupares com esse Mundo que por um lado te havia colocado no topo e por  outro te descartava e hostilizava quando era isso o mais conveniente a fazer... Só tu podes saber o que era não poder ter direito a pequenos prazeres, como o ir às compras sozinhos, ir a um cinema, passear pela rua sozinho...Apesar de todas as acusações que te foram derrotando, a verdade é que nunca perdeste aquele olhar inocente e sonhador, nunca deixaste de ser o  Peter Pan que tanto sonhavas, no teu coração.
Talvez por não veres a maldade, te deixaste ficar mais exposto para que te tentassem destruir...Mesmo assim, sempre me espantou o facto de na verdade, com todos os motivos para teres ódio ou angústia, nunca deixares de querer espalhar uma mensagem de amor. De te preocupares por fazer deste Mundo que tanto te oprimia, um Mundo melhor para todos nós.
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Lançaste a mensagem de que deveriamos salvar este Mundo e fizeste do teu dom um meio para fazeres a tua parte e inspirares os outros a fazerem o mesmo... Para além disso, deste a todos que tiveram o privilégio de acompanhar a tua obra, a capacidade de nos transportares para uma outra realidade...aquele local ideal que criaste...O Mundo visto pelos olhos de uma criança, puro e sem maldade...Com a simplicidade desarmante de simplesmente  acreditar que podemos alcançar os nossos maiores sonhos se tivermos a força de acreditar...que podemos criar uma corrente de amor, e assim,  nunca estaremos verdadeiramente sós... se formos muitos a dar as mãos, podemos de facto, fazer deste mundo um local melhor para todos nós.


Obrigado por  teres feito como que nunca faltasse encanto na minha infância, por teres aguçado com a tua música a minha sensibilidade e a minha habilidade para sonhar...


quinta-feira, 24 de junho de 2010

Senta-te aí



Senta-te aí - Rio Grande

Está na hora de ouvires o teu pai
Puxa para ti essa cadeira
Cada qual é que escolhe aonde vai
Hora-a-hora e durante a vida inteira

Podes ter uma luta que é só tua
Ou então ir e vir com as marés
Se perderes a direcção da lua
Olha a sombra que tens colada aos pés

Estou cansado. aceita o testemunho
Não tenho o teu caminho pra escrever
Tens que ser tu, com o teu próprio punho
Era isso o que te queria dizer

Sou uma metade do que era
Com mais outro tanto de cidade
Vou-me embora que o coração não espera
À procura da mais velha metade





segunda-feira, 21 de junho de 2010

The Butterfly Effect




"o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo"

 
Este é o efeito borboleta que integra a teoria do Caos de Edward Lorenz

É também o título de um interessante filme.

Ashton Kutcher um actor mais conhecido pela sua aparência física e participações em comédias, e mais recentemente por ser marido da Demi Moore (esta sim uma grande actriz, já consolidada no meio ), tem aqui um trabalho bastante interessante.

Um guião interessante, um bom argumento que parte de uma ideia que me assalta várias vezes e que, se nos detivermos a pensar nela, nos deixará certamente intrigados.

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Evan é um jovem que não vive satisfeito com a vida que tem, ficou marcado por determinados eventos passados, que alteraram a sua vida e das pessoas que o rodeiam.

Evan desde miúdo sempre foi dotado de uma grande sensibilidade e de uma visão dele próprio e dos outros muito peculiar. Expunha os seus pensamentos e partilhava as experiências que ia vivendo com o seu pequeno diário. Diário que ao longo de anos foi acompanhando o seu crescimento, os acontecimentos que moldaram o desenvolvimento da sua personalidade e o trilho que tomou para a sua vida.

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Evan vive num meio pequeno onde se desenvolve toda a sua infância e desde tenra idade sofre de pequenos desmaios, em que ele apaga e acorda estando noutro sítio qualquer e sem saber o que se passou. Todos esses momentos ele regista no seu diário.

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Passado vários anos, esses desmaios e espaços brancos na sua memoria vão deixando de acontecer, até ao dia em que ele relê os seus diários e volta a ter o mesmo problema...Só que desta vez, ele consegue recuar no tempo e voltar aos momentos chave que ele descreve no seu diário e reviver tudo aquilo que aconteceu…Isso gera uma série de descobertas sobre o seu passado, das pessoas que lhe eram importantes e o reavivar sentimentos de culpa, revolta ou de medo que nunca tinha sabido encaixar, e encontrando respostas a uma série de acontecimentos que sempre haviam sido um mistério mal resolvido na sua vida e na dos seus amigos.

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Rapidamente se coloca a questão… E se pudéssemos voltar atrás no tempo? Não uma viagem no tempo, como meros observadores…Voltar de facto, a um momento exacto em que sentimos que a nossa vida poderia ter tido um rumo melhor ,se ao invés de virarmos esquerda virássemos à direita, se em vez de silêncio, tivéssemos uma palavra para poder alterar todo o nosso futuro…

Há momentos definidores. Momentos, que podem ficar guardados no nosso diário de memórias, que ficaram marcados de uma determinada forma, mas porque na altura não tínhamos o discernimento de o entender, e assim ficamos com a memória não da realidade que presenciamos, mas a realidade que recriamos na nossa mente, a forma como a perspectivamos e como a quisemos arrumar na nossa memória sensitiva…

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Ter essa capacidade de voltar ao passado e de o reviver e alterar? Será uma dádiva? Poderá tornar-se uma maldição? Ter a possibilidade de melhorar o nosso presente, alterando a forma como determinado evento no nosso passado ocorreu.

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Voltando, poderemos salvar alguém que ficou para trás? Poderemos encontrar a nossa verdade interior? A explicação para a forma como hoje nos limita e a raíz das nossas fraquezas e medos?

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Aqui entronca o efeito borboleta…Evan descobrirá, que uma pequenina alteração pode ter um efeito benéfico para ele, mas catastrófico para outras pessoas…Algo na nossa vida pode melhorar, mas ao mesmo tempo e sem nexo causal directo, uma série de coisas podem ficar piores para nós e para todos.Ao alterar um dado evento, alteramo-nos não só a nós como a todos os outros à nossa volta. Não é possível ter tudo, nem é possível fazer com que no fim todos saiam a ganhar…pelo caminho há sempre algo que tem que se perder, há algo que temos que aprender a deixar ficar para trás..Poderemos resgatarmo-nos ? Sabendo o que sabemos hoje, poderíamos voltar atrás e fazer as coisas de forma diferente, para melhor? Será que se alterássemos para melhor, isso se reflectiria num presente e futuros melhores? Afinal, não é possível mudarmos o passado sem mudar aquilo que hoje somos. As marcas, as cicatrizes, as pessoas, os momentos, todos ganham uma certa dimensão porque tiveram uma encadeamento de acontecimentos ordenados que nos encaminharam para determinadas janelas ou portas, para determinadas relações, para determinadas formas de sentir e pensar…E ao fazê-lo, uma série de vidas à nossa volta também se alteraram, interagiram connosco, existe toda uma alteração cósmica se interrompermos esse curso temporal.

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Daí que uma pequena alteração no passado, que hoje parece que nos resolveria todos os problemas, poderia desencadear uma série de alterações no nosso percurso, que no limite poderia até levar-nos a um estado ainda pior, calamitoso até, perigoso para nós e para os outros que fizeram e fazem parte da nossa vida.

Se mudamos um momento, podemos alterar tudo. Para o bem e para o mal. Não podemos eliminar as variantes que compôe a existência. Elas estarão sempre presentes a cada mudança. Não é possível mudar uma pequena coisa no nosso passado, sem acabarmos a alterar tudo.

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Evan debate-se com esse problema. Irá ainda tempo de salvar quem ficou para trás? Para isso terá que abdicar de si próprio ou terá que sacrificar a felicidade de outras pessoas para poder de forma egoísta ter uma vida melhor? Ao reviver o passado e ao alterá-lo, não alterará toda uma ordem cósmica que apesar de parecer aleatória e irracional, tem no fundo uma ordem, que fica totalmente abalada, podendo originar desfechos vários e muitos deles catastróficos?

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Um filme surpreendente, que nos faz pensar…em nós, naquelas vezes que desejamos, tal como Evan voltar atrás para alterar uma pequena coisa no nosso passado que sabemos que poderia influir o nosso futuro para melhor…A ideia de eterno retorno, de poder emendar o erro, de poder viajar no tempo, de poder dispor de uma 2ª oportunidade, sabendo-se que muitas vezes a vida nos coloca perante situações delicadas em fases da nossa vida que não temos a capacidade ou maturidade para fazer o melhor julgamento…A ideia de que não temos hipótese de remendar o que fizemos, de que não nos é dada a margem de aprendizagem. Que pelo caminho, pelos nossos actos e omissões, muita gente se perde, muita gente sofre e nós próprios podemo-nos alterar e perder pelo caminho.

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Será esse impulso e essa ilusão de poder dar uma 2ª oportunidade demasiado perigosa? O que temos que perder do que hoje somos para poder mudar o passado? Que danos colaterais resultarão disso? Ou será que simplesmente, andaríamos de mudança em mudança até concluirmos que não podemos mudar aquilo que já foi e passou sem nos perdermos nesse caminho de regresso…e, ao mesmo tempo, corrermos o risco de perder alguém no caminho. Concluir que afinal pode ser mais o que se perde, que a ilusão do que se pode ganhar…

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Um filme intrigante, com um argumento arrojado, e que certamente não deixará ninguém que o assista, indiferente à sua temática. Kutcher tem aqui, talvez, uma das suas interpretações mais sólidas e sérias de toda a sua carreira. Ele é o grande nome numa produção que não apostou em actores sonantes ( destaco a boa representação de Amy Smart) para o elenco, mas que acabou por se tornar um pequeno filme de culto.

Destaco o surpreendente e drástico final…Na versão em dvd é dada a opção para 3 finais alternativos. Um mais drástico que foi o que saiu nos cinemas, um mais moderado e uma versão mais do estilo “happy ending”…

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" Some people want to forget the past, some people want to change it..."



Ps- Destaque para a grande banda sonora. “Stop crying your heart out” dos Oasis, encaixa que nem uma luva no conceito desta história.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Nocturno...




E eu ponho-me a pensar... Quanta saudade
Das ilusões e risos que em ti pus!
Traças em mim os braços duma cruz,
Neles pregaste a minha mocidade!

Minh'alma que eu te dei, cheia de mágoas,
É nesta noite o nenúfar de um lago
Estendendo as asas brancas sobre as águas!

Poisa as mãos nos meus olhos, com carinho,
Fecha-os num beijo dolorido e vago...
E deixa-me chorar devagarinho...


 
Florbela Espanca