sábado, 29 de maio de 2010

Hedonism



I hope you're feeling happy now
I see you feel no pain at all it seems
I wonder what you're doin' now
I wonder if you think of me at all
Do you still play the same moves now
Or are those special moods
For someone else
I hope you're feeling happy now.

Just because you feel good
Doesn't make you right (oh no)
Just because you feel good
Still want you here tonight

Does laughter still discover you
I see through all those smiles
That look so right
Do you still have the same friends now
To smoke away your
Problems and your life
Oh how do you remember
Me the one that made
You laugh until you cried
I hope you're feeling happy now

Just because you feel good
Doesn't make you right (oh no)
Just because you feel good
Still want you here tonight

Solo

Just because you feel good
Doesn't make you right (oh no)
Just because you feel good
Still want you here tonight

I wonder what you're doing now
I hope you're feeling happy now
I wonder what you're doing now
I hope you're feeling happy now

quarta-feira, 12 de maio de 2010

"Estou além"


A letra e a composição são súblimes...Uma letra que simplesmente não me deixa sequer a coragem de tecer grandes comentários...Genial. Um homem muito à frente do seu tempo,ainda hoje estaria muito à frente deste tempo, um verdadeiro gênio. Só os verdadeiros predistinados são capazes de escrever algo que passem os anos que passem é bastante actual e transversal. Consegue ter o albúm mais marcante ou dos mais marcantes da década de 80 e mais tarde, pegando e músicas que ele tinha escrito há década atrás, consegue ser ainda em na década de 2000 a 2010 o album da década e surpreender tudo e todos. Felizmente existiu um projecto chamado Humanos. Dos melhores projectos musicais da história da música portuguesa. Não se limitaram como outros a partir do príncipio que as pessoas não escutariam Variações em toda a sua originalidade e que necessitaria de outra roupagem...Mantiveram o seu som, as suas ideias e graças a eles os temas que ficaram por ser lançados como "gelado de verão" "rugas"  ou  "mudar de vida" conhecessem a luz do dia...Para que todas as gerações tivessem a oportunidade de admirar um verdadeiro gênio, dos maiores compositores que algum dia este país conheceu ou conhecerá. Intemporal e genial, assim considero António Variações.



Ir além

Autoria: António Variações ; versão do projecto Humanos ( dos melhores projectos musicais de sempre na história da música portuguesa)

Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde

Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão

Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi

Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder

Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar

Vou continuar a procurar
A minha forma
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou

domingo, 9 de maio de 2010

"Se houver um Anjo da Guarda"

Sou fã do Pedro Abrunhosa. Admiro a forma como escreve canções, a obsessão pela palavra certa, na entoação certa...Um bocado na tradição do que deve ser um canta-autor...Muitos questionam a sua capacidade como cantor...ele nunca ambicionou ser um cantor, nem as suas músicas são pensadas para uma grande voz...Uma grande voz é fácil de se encontrar em qualquer programa de talentos...é fácil atingir notas, imitar, ir atrás do que já alguém fez...Difícil é criar, é ter uma densidade emocional 1º e depois ter a capacidade de conseguir encontrar as palavras e os sons certos...Daí, que não goste muito de ver outras pessoas a interpretar temas do Abrunhosa...São muito ele...A palavra assume um papel primordial, e mais que nunca a interpretação., é quase tudo...Ele melhor que ninguém sabe entoar a palavra no momento certo, sendo mais sussurada de forma suave, ou irónica, ou quase gritada, ou simplesmente despida...
1994. Ano do 1º album do Pedro Abrunhosa, tinha uns 10 anos, e logo aí, comprei o cd e fiquei fã...Uma sonoridade inovadora, impragnada de soul, de jazz e com uma lírica e postura arrojadas para a época.
Cresci com os seus albuns...Sabendo sempre que depois de cada um me esperavam dois anos( mais ou menos o tempo que ele demora a lançar novo album) para me poder deliciar com novas letras, novos sons, e com a capacidade de sempre me surpreender de album para album...
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Da mesma forma que a sua composição evoluiu tendo em conta a sua experiência pessoal, da euforia do Viagens, até às nuvens cor de mel do seu "tempo", passando por momentos mais íntimos, profundos com o "momento"... Enquanto ele crescia musicalmente e evoluía e os albuns, cada qual, com um título de uma palavra só que espelhava bem toda a mensagem do album, eu também ia crescendo...absorvendo-me na sua música, nas suas palavras...Muitos momentos passados ao som das suas músicas, muitas noites sem dormir em que a sua música me acompanhava, muitos momentos ternos de pura felicidade paa recordar...muitos por de sol, muitas viagens dentro da viagem, muitos rostos e lugares para recordar...Muitas partes de mim identificáveis em cada album, em cada momento em que o escutei...Muitas músicas que pela sua qualidade, pela escrita de alguém que deixa o óbvio e o caminho fácil na porta, e trabalha de forma a que a inspiração seja um complemento do trabalho, me marcaram e marcam...Também eu consigo ao longo destes quase 16 anos de carreira, me identificar em várias músicas, e ver várias camadas da pessoa que fui e evoluíu e trilhou um caminho até ser o que hoje sou...
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Este "longe" surgiu, como sempre, gerou muita expectativa...Pela 1ª vez não o comprei logo no 1º dia que saiu ou nos primeiros, como sempre costumei fazer...Lembro-me muitas vezes do momento em que comprei cada álbum, da forma como me apaixonei por cada música em concreto, como as fui descobrindo, desvelando, e como projectava grande parte de sentimentos e contradições para muita das suas palavras...Quem consegue escrever algo, que inspira os demais, é de facto, alguém com um dom especial. A forma como depois de as escrever, sabe que o seu significado passa a ser de milhares de pessoas, como se a sua música  e as suas palavras ganhassem vida própria, sendo ele apenas o veículo para que elas possam chegar às pessoas, influência.las, seja na crítica social, seja para alertar, seja simplesmente para criar momentos, "instantes irrepetíveis", na vida de cada um...Uma banda sonora vasta com os seus sons, tem-me acompanhado...Já são vários sons que fazem parte de mim, daquilo que sou, do que escrevo, do que sinto, do que vejo por detrás das palavras,dos gestos, das pessoas...
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Tudo para apresentar a música que mais me tocou neste novo álbum...Extraordinária a forma como Pedro Abrunhosa se reinventa com uma nova banda, os fabulosos: Comité Caviar, como ele segue a máxima do album e vai para longe para se encontrar...Como não tem medo de deixar o passado de glórias ficar lá atrás e partir para novos sons, novos desafios, não ficar cristalizado na glória de figura institucionalizada da cultura portuguesa.
Neste album ele segue mesmo a máxima de "fazer o que ainda não foi feito", com a certeza de que ainda tem um longo caminho a percorrer e que por vezes é necessário reinventarmo-nos,...Não deixa de ser curioso, que quando há essa necessidade e o fazemos, muitas vezes voltamos sempre à base...ao início de tudo, àquilo que no início nos motivava e ao mais puro que tinhamos...agora com outra escola, outra maturidade, mas em caso de dúvidas, voltamos sempre à " casa" dos nossos valores, daquilo que nos forma, que temos de mais autêntico, por mais mudanças e evoluções que conheçamos.
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No caso do Pedro,ele diz que em caso de dúvida, deve voltar à raíz de tudo, que para ele são e sempre serão os Blues...Não deixa de ser engraçado, este novo album corta com album intimista e talvez o mais consagrado e conseguido de sempre,que foi o "momento", corta com aquele ar mais fatalista, parte das sombras e não tem medo de se reconciliar com a vida, com a luz, com o pó da estrada que ainda falta caminhar...Com isso cria uma nova banda, um estilo inovador, deixa um pouco de lado o piano e deixa-se levar pelas guitarras, por outro tipo de sonoridade, sem nunca deixar de parte aquelas letras riquíssimas.
Considero-o a pessoa que melhor escrever música em Portugal. Uma personalidade com opinião, coisa que rareia nos dias que correm...Não só escreve bem, musicalmente é muito completo, como ainda é uma pessoa viajada, com visão global, que não se esconde das suas convicções, nem tem medo de "cair", porque sabe que só cai quem tenta, quem não tem medo de enfrentar o sucesso de arriscar.
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Neste novo album, tal como se dizia há uns anos em relação à coca cola, "1º estranha-se,depois entranha-se", fiquei receoso quando soube que ele tinha assumido o controlo total, de escrever,compor e produzir,deixando de lado a pareceria de sucesso com o Mário Barreiros.
No entanto, após escutar mesmo o album, foi impossível não ficar rendido a uma série de sons, de palavras...E hoje em dia é raro não o ouvir todos os dias...Mas há uma música que me tocou mais que outras, que me deixou sem palavras, que mais assumi como "minha". Aquela que mais me arrepia, que mais me faz viajar sem sair do lugar. Esse é o pormenor nas sas músicas...eu consigo viajar  ao som da sua música,entre lugares,pessoas, momentos, e ele consegue através de várias metáforas deixar uma série de mensagens e de sentimentos que já sentimos várias vezes...Muito descritivo, eu enquanto escuto as palavras era como se as observasse, como se acompanhasse as palavras com a minha imaginação...E é incrível, como tantas músicas me conseguem fazer viajar para tão longe no espaço e no tempo e, ao mesmo tempo, por estranho que possa parecer, deixar-me tão próximo de mim mesmo...
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Sem mais palavras,deixo esta música e estas palavras que não me têm saído da cabeça....Absolutamente brilhante...E que grande voz para fazer um dueto fantástico:

"Se houver um Anjo da Guarda"



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Um homem contou-me
Que da montanha
Se toca o céu,
Que se encontrou ao subi-la
Mas ao descê-la
Se perdeu.
Viu rastos de cobra
E pegadas de leão:
"Esta vida não sobra
Quando se olha só para o chão!"

E tentou fugir do trilho,
Beijou o tempo como a um filho,
Acordou numa alvorada,
Já sem nada pr'a esconder
E então falou assim:

"Se houver
Um Anjo da Guarda
Que me abrace
E se guarde dentro de mim,
É tão só estar só no fim".

Outro homem contou-me
Que da cidade
Se vê o mundo,
Que é tão doce o desejo,
Que nenhum beijo
É profundo.
Viu escadas de ouro
E telhados de rubi,
Pensou que o maior tesouro
É cada qual saber de si.

E tentou fugir da sombra,
Dizer à luz que não se esconda,
Correu as ruas, uma a uma,
Já sem nada pr'a perder
E então gritou assim:

"Se houver
Um Anjo da Guarda,
Que me abrace
E se guarde dentro de mim,
É tão só estar só no fim".

"Se houver
Um Anjo da Guarda,
Que me abrace
E se guarde dentro de mim,
Porque é tão só estar só no fim.

"Se houver
Um Anjo da Guarda,
Que me abrace
E se guarde dentro de mim,
É tão só estar só no fim".
Porque é tão só estar só no fim

Os melhores anos... os anos de Lua...

Pele morena, doce beijo, quarto de hotel vencido, mãos despidas, sons de viagem, mensagem que fica, num tempo que se esmaga na parede, que se embrulha no lugar da sala de teatro vazia, do mundo que adormece, dos suspiros ao anoitecer, num verão sem fim…Pedras da calçada que se soltam ao caminhar, olhos inocentes que se escondem, pés que levantam do chão à velocidade vertiginosa da montanha russa de emoções de um coração jovem que palpita. Incompreensão, inquietude idealista e rebelde…emoções que não cabem no peito, desejos de chegar, de conhecer, de saber, querer ser, muito depressa, muito rápido…Olhos no futuro, um futuro em que a novidade não queima, em que há um mar aberto de janelas…Da multidão se avista o raio de luz, aquele que nos seduz e nos desperta a alma…Não há ventos nem tempestades, tudo se passa apenas num pequeno aquário… ainda conseguimos avistar o outro lado do espelho, ainda temos noites de Lua, em que simplesmente ainda podemos ficar inertes a admirá-la, em que ela é confidente e a garante de todos os nossos sonhos concretizados mais aquelas que juramos um dia concretizar, a companhia de noites de pensamentos dispersos, noites em que a sua luz nos acompanha nos tempos de dúvida…Lua que nos encanta e nos apaixona, Lua que partilhamos e que sorri para nós, que nos aconchega, que faz com que todas as distâncias se encurtem, como uma ponte entre dois corações que palpitam quase que lado a lado, da janela vive-se o silêncio da noite da cidade, dois pequenos seres que num enorme cosmos, se encontram nesse momento, em que segredam a eternidade … Risos de furor, sorrisos de magia, acordes de guitarra que se aninham na palma da mão, a dança que se faz e desaparece na praia encantada…
Cantemos as esperanças perdidas, os amores que se apagam, luzes de presença que se retiram, arco de fogo que se perde ao respirar…a todos os adeus que se fizeram manhã, e aos que nunca se beijaram…Bem-vindos aos melhores anos das nossas vidas, ao coração dos enganos, das almas perdidas”, hoje ao tempo eu vou brindar, celebrar todas as almas que ainda se vão tocar…

segunda-feira, 3 de maio de 2010

"fazer o que ainda não foi feito"

Erramos. Facto. Não podemos fugir do erro…Uns erram mais que outros, outros erram menos, mas os seus erros têm repercussões maiores…uns erram de forma reiterada, outros erram de forma episódica mas que dói tanto como se tivesse vindo a ser repetido…Uns arrependem-se dos seus erros, por vezes para sempre, outros nem se apercebem que os cometem…Uns lidam bem com o erro, aprendem e evoluem com ele, outros deixam-se paralisar por ele…seja por não conseguir perdoar-se, não superar as suas próprias falhas, ou por viver paralisado com o medo de errar…
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Cometi muitos erros, estou longe de ser sequer moderadamente aceitável, quanto mais perfeito…Erro, frequentemente…aprendo com os erros? Sempre e nunca. Sempre, porque sei que errei, o erro é capaz de me alterar por dentro, mas incapaz, de na maior parte das vezes alterar o que passo para fora, não muda por fora…Perante a mesma situação, pensarei que já cometi aquele erro, mas sei, que na maior parte das vezes o cometerei novamente…Mas não sou insensível ou indiferente para com os erros…Sofro e recrimino-me por eles.
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Hoje, nestes dias que passam, apreendi que se calhar o caminho não é de todo, evitar ou fugir do erro, tentar retirar lições do que foi feito e esperar que graças a elas, apenas fico um aprendizado bom , e que tudo o que de mau esse erro trouxe para os outros e para nós seja concertado…
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Não podemos alterar o que já foi, o que já não é, o que se esfumou no caminho que todos percorremos.
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Nada está no nosso poder para alterar eventos, acontecimentos, mudanças bruscas que a vida nos dá. No Forrest Gump diz-se que a vida é como uma caixa de chocolates,nunca sabemos aquele que nos vai tocar…Não escolhemos a maior parte das coisas que nos acontecem, por mais que digamos que atraímos algo de bom ou de mau, há sempre coisas que fogem do nosso controlo, são irracionais, inexplicáveis, e muitas vezes nem vêm acompanhadas com nexo de causalidade, para serem melhor compreendidas.
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O mais importante é não deixar que a vida se adiante a nós mesmos…Ela pode puxar, mas o importante é nunca nos deixarmos ser apanhados na curva, não podemos prever o que nos vai sair, nem nos é dado o poder de por vezes pedir para repetir. É algo assustador, mas com tantas implicações emocionais, palpáveis e não palpáveis, mesmo jogado num universo cósmico em que vivemos a chocar com outros seres, também eles, uns mais que outros, confusos com toda a complexidade de nadas que temos que lidar no dia a dia, é esperado que sejamos fortes, capazes, impecáveis e que todos saibamos o nosso papel…Somos lançado sem rede, à espera que sem qualquer tipo de explicação encontremos o nosso próprio caminho, saibamos qual é o trilho…Mas depois só temos esta oportunidade…É o hoje, nunca o amanhã…Uma imensidão de conhecimentos, experiências que nos levam aos actos e palavras, que demoramos anos e muitos vidas inteiras a tentar sequer chegar à sua superfície…Seja na hora de desfrutar, de ganhar, perder, lidar com tristeza, euforia e saudade, tudo num só tempo, num acumular de horas que vamos juntando e que têm que ser repartidas não pelo que podemos ter, mas por aquilo que temos, devemos, queremos.
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A mesma mão que dá, sem explicação…nos transporta para dias mágicos, que nos banha de luar e quase que nos dá o privilégio de escolher as estrelas, é a mesma que nos tira, de forma fria, crua, que nos esvazia a alma, nos tira o tapete…a mesma que nos esbofeteia por vezes, parecendo que o faz apenas para magoar, outras vezes para nos despertar, outras até só para nos fazer voltar a sentir….baralhar e voltar a dar de novo.
Mais importante que nos perdermos no medo ou na decepção que deixamos no ar, é fazer algo , hoje, não deixar para amanhã. Mais importante que pedir mais tempo, lamentar a sua falta, é criá-lo…Ele é sempre um espaço em branco…deixado ao acaso, para que como uma criança tenhamos a oportunidade de o pintar, de o preencher… Nada é mais transitório e nada ao mesmo tempo é mais criação nossa…Dentro do tempo cabe muito mais que minutos e segundos… Somos donos do nosso tempo. Por aí começa a viragem, fazer com que ele seja controlado por nós.Não o tempo para ir ao cinema, para trabalhar, viajar etc…o tempo que se dista entre nós e a liberdade da aurora.
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Mais importante que pedir para que não desistam de nós, que não nos deixem sós, é sermos nós os 1ºs a não o fazer…Porque a “mais difícil das distâncias é a de nós próprios…”
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Não sejamos dependente nem reféns do chocolate que nos saia da caixa…Não podemos antecipar, mas podemos não nos deixar ser ultrapassados…Por mais estranho que pareça, mesmo quando parece que nada está no nosso controlo, se pensarmos bem, a última resposta é sempre nossa…É a forma como lidamos e decidimos ficar e lutar, ou entregarmo-nos, sem luta , ao acaso, e esperar que ele nos sorria…

Sartre dizia “estamos sós e sem desculpas” mas também que “somos liberdade”. Liberdade que gerava a responsabilidade, a ideia de que tudo podemos fazer, desde que tenhamos consciência que teremos que arcar com as consequências das acções, mas eu acrescenta também, as omissões… Temos que actuar. Ter a consciência que o passado não se muda, há coisas que por mais que façamos hoje, o futuro não nos dará o troco, mas é a consciência de que trilhamos o nosso próprio caminho, que fizemos algo. Que um gesto nosso pode ainda fazer a diferença, se não para alguém, para nós próprios, nos aproxima daquilo que nos faz humanos, nos aproxima da liberdade por mais amarras que nos sejam colocadas todos os dias… Um gesto, por mais pequeno que seja, pode ainda fazer a diferença para melhor…Não nos levarmos demasiado a sério mas ao mesmo tempo, ter consciência que é muito sério tudo aquilo que deixamos passar, um beijo que não demos, uma palavra que ficou por dizer, uma decisão que por mais difícil que fosse, tínhamos que ter tomado…um pedido de desculpas, mesmo quando a culpa é tão errática…
Não esperemos que tudo mude por algo que decidamos fazer...Não esperemos compensar a falha com uma aprendizagem ou muitas acções seguintes para a compensar, como se buscassemos um perdão ou alguma espécie de recompensa...Muitas vezes se surpreenderão como um gesto tão pequeno como um olhar ou um sorriso, pode fazer valer a pena toda a estrada que caminhamos e todas as vezes que dela nos perdemos...


Ter consciência que muitas coisas más podem e vão acontecer ao longo de uma vida, muita coisa vai acontecer e vai-nos afectar, alterar, colocar a dúvida e muitas intempéries poderão cair sobre nós…Não é a forma como como a vida nos muda que deve ser o centro do nosso tempo, nem é os obstáculos que ela nos dá, seja ab initio , ou a meio do caminho, é a forma como nós lhe respondemos, que nos faz ser maiores ou menores, que nos deixa mais longe ou perto…. Não é a forma como caímos, ou chocamos uns nos outros, é a forma como, após isso acontecer, decidimos ou não parar de caminhar… Sabendo de antemão que o caminho faz-se sempre por entre a luz e a escuridão…
Façamos o que temos que fazer, com erros, sem erros, tentamos que o mar não nos detenha nem que fique demasiado longe a montanha.
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“Vamos fazer o que ainda não foi feito”

sábado, 1 de maio de 2010

Deixas em mim tanto de ti...



A noite não tem braços
Que te impeçam de partir,
Nas sombras do meu quarto
Há mil sonhos por cumprir.

Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós,
Porque tu,

Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.

A estrada ainda é longa,
Cem quilómetros de chão,
Quando a espera não tem fim,
Há distâncias sem perdão.

Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós,
Porque tu,

Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.

Navegas escondida,
Perdes nas mãos o meu corpo,
Beijas-me um sopro de vida,
Como um barco abraça o porto.

Porque tu,
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti...